9.7.23

MISERICORDIA AOS CRIMINOSOS

Em tempos de internet, os "juízes" da vida alheia se multiplicaram. É fácil atrás de um teclado de computador de mesa, de um celular destilar ódio, preconceito e julgamento contra os outros. 

Julgar nunca foi tão fácil e rápido. A mídia em geral estimula esse comportamento, dependendo da maneira como a notícia chega até nós. Julga-se:
  • A condição social;
  • A religião;
  • A sexualidade;
  • A preferencia política;
  • A vestimenta;
  • E todos os deslizes que alguém seja capaz de fazer.
Atira-se pedras a qualquer erro que alguém possa cometer, simples ou complexo. Mas quando um irmão comete um crime que deixa a sociedade estarrecida aí o julgamento vem com mais ódio e fervor. 

Mas essas atitudes detestáveis é citada pelo Espírito mais evoluído e sublime que já desceu nesse planeta: Jesus Cristo!

Seus ensinos são imorredouros, pois são sobre as Leis Divinas imutáveis que regem os Mundos. Jesus disse: Não julgueis e não sereis julgados. 

“Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, com a mesma medida com que medirdes” (Mt 7, 1-2). Não faças aos outros o que não queres que os outros te façam a ti.

Todos somos filhos do mesmo Pai. Jesus amou aqueles que o condenou a cruz até o fim, e ainda os perdoou.
É um nível de abnegação extremo. Devemos ter misericórdia para com os infelizes e os criminosos; pois são nossos irmãos. 

Pensai que sois mais repreensíveis, mais culpados que aqueles aos quais recusais o perdão e a comiseração, porque eles quase sempre não conhecem a Deus, como o conheceis, e lhes será pedido menos do que a vós. Não sabeis que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza, mas que o mundo não considera sequer como faltas leves? 

A verdadeira caridade n
ão consiste apenas na esmola que dais, nem mesmo nas palavras de consolação com que as acompanhais. Não, não é isso apenas que Deus exige de vós! 

A caridade sublime está em perdoar todas as ofensas para com o vosso próximo e ainda orar por eles com amorO Apostolo Paulo ensinou: Deus prova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda criminosos; Rm 5

Não devemos julgar, nem condenar os irmão que praticam crimes. Não se esqueça que talvez numa vida passada quem estava cometendo crimes era você. E foi usado de benevolência para contigo, então é hora de fazer o mesmo

Podeis também praticar estas sublimes virtudes para muitos irmãos que não necessitam de esmolas, e que palavras de amor, de consolação e de encorajamento conduzirão a Deus. Muitas vezes um irmão riquíssimo necessita muito de mais de perdão, misericórdia do que o irmão pobre.

Amai-vos (amar é não julgar, e sim perdoar), pois, como os filhos de um mesmo Pai; não façais diferenças entre vós e os infelizes, porque Deus deseja que todos sejam iguais; não desprezeis a ninguém. Deus permite que os grandes criminosos estejam entre vós, para vos servirem de ensinamento.

Orar pelos Criminosos
Deveis a esses de que vos falo o socorro de vossas preces: Eis a verdadeira caridade. Não deveis dizer de um criminoso: "É um miserável; deve ser extirpado da Terra; a morte que se lhe inflige é muito branda para uma criatura dessa espécie".
 

Não, não é assim que deveis falar! Pensai no vosso modelo, que é Jesus Cristo. Que diria ele, se visse esse infeliz ao seu lado? Havia de lastimá-lo, considerá-lo como um doente muito necessitado, e lhe estenderia a mão.

Não podeis, na verdade, fazer o mesmo, mas pelo menos podeis orar por eles, dar-lhe assistência espiritual durante os instantes que ainda deve permanecer na Terra. 

O arrependimento pode tocar-lhe o coração, se orardes com fé. É vosso próximo, como o melhor dentre os homens. Sua alma, (transviada e revoltada) foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajudai-o, pois, a sair do lamaçal, e orai por eles.

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A dissertação a seguir foi inserida no Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XI, item 15, com o subtítulo "Deve-se expor a vida por um malfeitor?"

Um homem está em perigo de morte. Para salvá-lo é preciso arriscar a vida. Sabe-se, porém, que aquele é um malfeitor e que, se for salvo, poderá cometer novos crimes. Apesar disso devemos arriscar-nos para salvá-lo?”

A resposta que se segue foi obtida na Sociedade Espírita de Paris, a 7 de fevereiro de 1862, pelo médium Sr. A. Didier: Eis uma questão muito grave que se pode apresentar naturalmente ao Espírito. Responderei de acordo com o meu adiantamento moral, pois que se trata de saber se deve-se expor a vida, mesmo por um malfeitor.

A dedicação é cega. A gente socorre um inimigo pessoal, logo, deve socorrer um inimigo da Sociedade, isto é, um malfeitor. Credes, então, que é só à morte que a gente subtrai aquele infeliz? Talvez seja à sua vida passada inteirinha.

Pensai nisto: Nesses rápidos instantes que lhe subtraem os últimos minutos da vida, o homem perdido revê sua vida passada, ou antes, ela se ergue à sua frente. 

Talvez a morte chegue muito cedo para ele, e a reencarnação talvez seja terrível. Atirai-vos, pois, homens esclarecidos pela Ciência Espírita! Atirai-vos, arrancai-o de sua danação e talvez então aquele homem, que talvez morresse blasfemando contra vós, se lance em vossos braços.

Contudo, não pergunteis se o fará ou não: lançai-vos, porque salvando-o obedecereis a essa voz do coração que vos diz: “Tu podes salvá-lo; salva-o!” LAMENNAIS

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Preces Diversas


Senhor de Infinita Bondade
  1. Clamo por teu amor em benefício dos que fazem as lágrimas;
  2. Suplico tuas bênçãos para aqueles que promovem o sofrimento;
  3. Rogo-te para os que se julgam poderosos e vencedores. 
Senhor Todo poderoso
  1. Relaciono diante de Ti os que golpeiam e ferem;
  2. Rogo-te pelos empreiteiros do crime;
  3. Peço teu amparo aos que estendem a aflição e a miséria;
  4. Te peço socorro para os que tecem os fios envenenados da ingratidão.
Pai Compassivo
  1. Estende as mãos sobre os que vagueiam nas trevas;
  2. Anula o pensamento insensato;
  3. Cerra os lábios que induzem a tentação;
  4. Paralisa os braços que apedrejam;
  5. Detém os passos daqueles que distribuem a morte...
Fonte: "Vozes do Grande Além" (Chico Xavier)

Resumo
Amai-vos e sejamos misericordiosos, pois viemos todos da mesma Fonte; não estabeleçais diferenças entre para com os infelizes, porquanto quer Deus que todos sejam iguais; a ninguém desprezeis.


Namastê Laroyê

ANIMAIS E ALIMENTAÇÃO Nº 2

Essa segunda parte "encerra" o assunto sobre alimentação de animais. Ramatís em seu Livro "Fisiologia da Alma" psicografado por Hercílio Maes destrincha de uma maneira completíssima esse tema de valor fundamental da alma que deseja se elevar na senda do progresso para Deus. Abaixo um trecho do primeiro capítulo da obra: "A alimentação Carnívora e o Vegetarianismo".

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PERGUNTA: — Em vista das opiniões variadas e por vezes contraditórias, tanto entre as correntes religiosas e profanas como até entre a classe médica, quanto ao uso da carne dos animais como alimento, gostaríamos que nos désseis amplos esclarecimentos a respeito, de modo a chegarmos a uma conclusão clara e lógica sobre se o regime alimentar carnívoro prejudica ou não o nosso organismo ou influi de qualquer modo para que seja prejudicada a evolução do nosso espírito. 

Preliminarmente, devemos dizer que no Oriente — como o afirmam muitas das pessoas antivegetarianas — a abstenção do uso da carne como alimento parece prender-se apenas a unia tradição religiosa, que os ocidentais consideram como uma absurdidade, dada a diferença de costumes entre os dois povos. Que nos dizeis a respeito?
RAMATÍS: — A preferência pela alimentação vegetariana, no Oriente, fundamenta-se na perfeita convicção de que, à medida que a alma progride, é necessário, também, que o vestuário de carne se lhe harmonize ao progresso espiritual já alcançado. 

Mesmo nos remos inferiores, a nutrição varia conforme a delicadeza e sensibilidade das espécies. Enquanto o verme disforme se alimenta no subsolo, a poética figura alada do beija-flor sustenta-se com o néctar das flores

Os iniciados hindus sabem que os despojos sangrentos da alimentação carnívora fazem recrudescer (aumentar) o atavismo psíquico das paixões animais, e que os princípios superiores da alma devem sobrepujar sempre as injunções da matéria. 

Raras criaturas conseguem libertar-se da opressão vigorosa das tendências hereditárias do animal, que se fazem sentir através da sua carne.

PERGUNTA: — Mas a alimentação carnívora, principalmente no Ocidente, já é um hábito profundamente estratificado no psiquismo humano. 

Cremos que estamos tão condicionados organicamente à ingestão de carne, que sentir-nos íamos debilitados ante a sua mais reduzida dieta!
RAMATÍS: — Já tendes provas irrecusáveis de que podeis viver e gozar de ótima saúde sem recorrerdes à alimentação carnívora. Para provar o vosso equívoco, bastaria considerar a existência, em vosso mundo, de animais corpulentos e robustos, de um vigor extraordinário e que, entretanto, são rigorosamente vegetarianos, tais como o elefante, o boi, o camelo, o cavalo e muitos outros. 

Quanto ao condicionamento biológico, pelo hábito de comerdes carne, deveis compreender que o orgulho, a vaidade, a hipocrisia ou a crueldade, também são estigmas que se forjaram através dos séculos, mas tereis que eliminá-los definitivamente do vosso psiquismo. 

O hábito de fumar e o uso imoderado do álcool também se estratificam na vossa memória etérica; no entanto, nem por isso os justificais como necessidades imprescindíveis das vossas almas invigilantes.

Reconhecemos que, através dos milênios já vividos, para a formação de vossas consciências individuais, fostes estigmatizados com o vitalismo etérico da nutrição carnívora; mas importa reconhecerdes que já ultrapassais os prazos espirituais demarcados para a continuidade suportável dessa alimentação mórbida e cruel. 

Na técnica evolutiva sideral, o estado psicofísico do homem atual exige urgente aprimoramento no gênero de alimentação; esta deve corresponder, também, às próprias transformações progressistas que já se sucederam na esfera da ciência, da filosofia, da arte, da moral e da religião.

O vosso sistema de nutrição é um desvio psíquico, uma perversão do gosto e do olfato; aproximai-vos consideravelmente do bruto, nessa atitude de sugar tutanos de ossos e de ingerirdes vísceras na feição de saborosas iguanas. 

Estamos certos de que o Comando Sideral está empregando todos os seus esforços a fim de que o terrícola se afaste, pouco a pouco, da repugnante preferência zoofágica.

PERGUNTA: — Devemos considerar-nos em débito perante Deus, devido à nossa alimentação carnívora, quando apenas atendemos aos sagrados imperativos naturais da própria vida?
RAMATÍS: — Embora os antropófagos também atendam aos “sagrados imperativos naturais da vida”, nem por isso endossais os seus cruentos festins de carne humana, assim como também não vos regozijais com as suas imundices à guisa de alimentação ou com as suas beberagens repugnantes e produtos da mastigação do milho cru! 

Do mesmo modo como essa nutrição canibalesca vos causa espanto e horror, também a vossa mórbida alimentação de vísceras e vitualhas sangrentas, ao molho picante, causa terrível impressão de asco às humanidades dos mundos superiores. 

Essas coletividades se arrepiam em face das descrições dos vossos matadouros, charqueadas, açougues e frigoríficos enodoados com o sangue dos animais e a visão patética de seus cadáveres esquartejados.

Entretanto, a antropofagia (canibalismo) dos selvagens ainda é bastante inocente, em face do seu apoucado entendimento espiritual; eles devoram o seu prisioneiro de guerra, na cândida ilusão de herdar-lhe as qualidades intrépidas e o seu vigor sanguinário. 

Mas os civilizados, para atenderem às mesas lautas e fervilhantes de órgãos animais, especializam-se nos caldos epicurísticos e nos requintes culinários, fazendo da necessidade do sustento uma arte enfermiça de prazer. 

O silvícola (selvagem) oferece o tacape ao seu prisioneiro, para que ele se defenda antes de ser moído por pancadas; depois, rompe-lhe as entranhas e o devora, famélico, exclusivamente sob o imperativo natural de saciar a fome; a vítima é ingerida às pressas, cruamente, mas isso se faz distante de qualquer cálculo de prazer mórbido.

O civilizado, no entanto, exige os retalhos cadavéricos do animal na forma de suculentos cozidos ou assados a fogo lento; alega a necessidade de proteína, mas atraiçoa-se pelo requinte do vinagre, da cebola e da pimenta, desculpa-se com o condicionamento biológico dos séculos em que se viciou na nutrição carnívora, 

mas sustenta a lúgubre indústria das vísceras e das glândulas animais enlatadas; paraninfa a arte dos cardápios da necrofagia pitoresca e promove condecorações para os “mestres-cucas” da culinária animal!

Os frigoríficos modernos que exaltam a vossa “civilização”, construídos sob os últimos requisitos científicos e eletrônicos concebidos pela inteligência humana, multiplicam os seus aparelhamentos mais eficientes e precisos, com o fito da matança habilmente organizada. 

Notáveis especialistas e afamados nutrólogos estudam o modo de produzir em massa o “melhor” presunto ou a mais “deliciosa” salsicharia à base de sangue coagulado!

Os capatazes (chefes), endurecidos na lide, dão o toque amistoso e fazem o convite traiçoeiro para o animal ingressar na fila da morte; magarefes (carrasco) exímios e curtidos no serviço fúnebre conservam a sua fama pela rapidez com que esfolam o animal ainda quente, nas convulsões da agonia; 

veterinários competentes examinam minuciosamente a constituição orgânica da vítima e coloca mo competente “sadio”, para que o “ilustre civilizado” não sofra as consequências patogênicas do assado ou do cozido das vísceras animais!

Turistas, aprendizes e estudantes, quando visitam os colossos modernos que são edificados para a indústria da morte, onde os novos “sansões” guilhotinam em massa o servidor amigo, pasmam-se com os extraordinários recursos da ciência moderna; aqui, os guindastes, sob genial operação mecânica, erguem-se manchados de rubro e despejam sinistras porções de vísceras e rebotalhos palpitantes; 

ali, aperfeiçoados cutelos, movidos por eficaz aparelhamento elétrico, matam com implacável exatidão matemática, acolá, fervedores, prensas, esfoladeiras, batedeiras e trituradeiras e xecutam a lúgubre sinfonia capaz de arrepiar os velhos caciques, 

que só devoravam para matar a fome! Em artísticos canais e regos, construídos com os azulejos da exigência fiscal, jorra continuamente o sangue rútilo e generoso do animal sacrificado para a glutonice humana!

Mas o êxito da produção frigorífica ainda melhor se comprova sob genial disposição: elevadores espaçosos erguem-se, implacáveis, sobrecarregados de suínos, e os depositam docemente sobre o limiar de bojudos canos de alumínio, inclinados, na feição de “montanha-russa.” 

Rapidamente, os suínos são empurrados, em fila, pelo interior dos canos polidos e deslizam velozmente, em grotescas e divertidas oscilações, para mergulharem, vivos, de súbito, nos tanques de água fervente, a fim de se ajustarem à técnica e à sabedoria científica modernas, que assim favorecem a produção do “melhor” presunto da moda! 

Quantos suínos precisarão ainda desliza pela tétrica montanha-russa, criação do mórbido gênio humano, para que possais saborear o vosso “delicioso” presunto no lanche do dia!

PERGUNTA: — Esses métodos eficientes e de rapidíssima execução na matança que se processa nos matadouros e frigoríficos modernos, evitam os prolongados sofrimentos que eram comuns no tipo de corte antigo. Não é verdade?
RAMATÍS: — Pensamos que o senso estético da Divindade há se sempre preferir a cabana pobre, que abriga o animal amigo, ao matadouro rico que mata sob avançado cientificismo da
indústria fúnebre. 

As regiões celestiais são paragens ornadas de luzes, flores e cores, onde se casam os pensamentos generosos e os sentimentos amoráveis de suas humanidades cristificadas

Essas regiões também serão alcançados, um dia, mesmo por aqueles que constroem os tétricos frigoríficos e os matadouros de equipo avançado, mas que não se livrarão de retornar à Terra, para cumprir em si mesmos o resgate das torpezas e das perturbações infligidos ao ciclo evolutivo dos animais

Os métodos eficientes da matança científica, mesmo que diminuam o sofrimento do animal, não eximem o homem da responsabilidade de haver destruído prematuramente os conjuntos vivos que também evoluem, como são os animais criados pelo Senhor da Vida! 

Só Deus tem o direito de extingui-los, salvo quando eles oferecem perigo para a vida humana, que é um mecanismo mais evoluído, na ordem da Criação.

PERGUNTA: — Surpreendem-nos as vossas asserções algo vivas; muita gente não compreende, ainda, que essa grave impropriedade da alimentação carnívora causa-nos tão terríveis consequências! Será mesmo assim?
RAMATÍS: — O anjo, já liberto dos ciclos reencarnatórios, é sempre um tipo de suprema delicadeza espiritual. A sua tessitura diáfana e formosa, e seu cântico inefável aos corações humanos não são produtos dos fluidos agressivos e enfermiços dos “patê de foie gras” (pasta de fígado hipertrofiado), da famigerada “dobradinha ao molho pardo” ou do repasto albumínico do toucinho defumado! 

A substância astral, inferior, que exsuda da carne do animal, penetra na aura dos seres humanos e lhes adensa a transparência natural, impedindo os altos voos do espírito. Nunca havereis de solucionar problema tão importante com a doce ilusão de ignorar a realidade do equívoco da nutrição carnívora e, quiçá, tarde demais para a desejada solução. 

Expomos-vos aquilo que deve ser meditado e avaliado com urgência, porque os tempos são chegados e não há subversão no mecanismo sideral.

E mister que compreendais, com toda brevidade, que o veículo perispiritual é poderoso ímã que atrai e agrega as emanações deletérias do mundo inferior, quando persistis nas faixas vibratórias das paixões animais

E preciso que busqueis sempre o que se afina aos estados mais elevados do espírito, não vos esquecendo de que a nutrição moral também se harmoniza à estesia do paladar físico. Em verdade, enquanto os lúgubres veículos manchados de sangue percorrerem as vossas ruas citadinas, para despejar o seu conteúdo sangrento nos gélidos açougues e atender às filas irritadas à procura de carne, 

muitas reencarnações serão ainda precisas para que a vossa humanidade se livre do deslize psíquico, que sempre há de exigir a terapia das úlceras, cirroses hepáticas, nefrites, artritismo, enfartes, diabetes, tênias, amebas ou uremias!

PERGUNTA: — Por que motivo considerais que o homem se inferioriza  ao  selvagem,  na  alimentação  carnívora, se  ele  usa  de processos  eficientes,  que  visam  evitar  o  sofrimento do  animal  no corte?  

Não  concordais  em  que  o  homem  também  atende à  sua necessidade de viver e se subordina a um imperativo nutritivo que lhe requer uma organização industrial?

RAMATÍS: — O selvagem, embora feroz e instintivo, serve-se da carne pela necessidade exclusiva de nutrição e sem transformá-la em motivos para banquetes e libações de natureza requintada

entre os civilizados, entretanto, revivem esses mesmos apetites do selvagem mas, paradoxalmente, de modo mais exigente, servindo de pretexto para noitadas de prazer, sob as luzes fulgurantes dos luxuosos hotéis e restaurantes modernos. 

Criaturas ruidosas, álacres, e que apregoam a posse de genial intelecto, devoram, em mesas festivas, os cadáveres dos animais, regados pelos temperos excitantes, enquanto a orquestra famosa executa melodias que se casam aos odores da carne carbonizada ou do cozido fumegante! 

Mas sabei que as poéticas e sugestivas denominações dos pratos, expostas nos cardápios afidalgados, não livram o homem das consequências e da responsabilidade de devorar as vísceras do irmão inferior!

Apesar dos floreios culinários e do cardápio de iguanas “suigeneris”, que tentam atenuar o aspecto repugnante das vitualhas sangrentas, os homens carnívoros não conseguem esconder a realidade do apetite desregrado humano! 

Aqui, a designação de “dobradinha à moda da casa” apenas disfarça o repulsivo ensopado de estômago de boi; ali, os sugestivos “miúdos à milanesa” são apenas retalhos de vesículas e fígado, traindo o sabor amargo da bílis animal; acolá, os “apetitosos rins no espeto” não conseguem sublimar a sua natureza de órgãos excretores da albumina e da uréia, que ainda se estagnam sob o cutelo mortífero. 

Embora se queira louvar o esforço do mestre culinário, o “mocotó à européia” não passa de viscoso mingau de óleo lubrificante de boi abatido; os “frios à americana” não vão além de vitualha sangrenta, e a “feijoada completa” é apenas um nauseante charco de detritos cozidos na imundície do chouriço denegrido, dos pés, películas e retalhos arrepiantes do porco, que ainda se misturam à uréia da banha gordurosa! 

E evidente que se deve desculpar o bugre ignorante, que ainda se subjuga à nutrição carnívora e perverte o seu paladar, porque a sua alma atrasada ignora a soma de raciocínios admiráveis que ao civilizado já é dado movimentar na esfera científica, artística, religiosa e moral.

Enquanto os banquetes pantagruélicos dos Césares romanos marcam a decadência de uma civilização, a figura de Gandhi, sustentado a leite de cabra, é sempre um estímulo para a composição de um mundo melhor.

PERGUNTA: — Deveríamos, porventura, violentar o nosso organismo físico, que é condicionado milenarmente à alimentação de carne? 

Certos de que a natureza não dá saltos e não pode adaptar-se subitamente ao vegetarianismo, consideramos que seria perigosa qualquer modificação radical nesse sentido. 

O nosso processo de nutrição carnívora já é um automatismo biológico milenário. que há de exigir alguns séculos para uma adaptação tão insólita. Quais as vossas considerações a esse respeito?
RAMATÍS: — Não sugerimos a violência orgânica para aqueles que ainda não suportariam essa modificação drástica; para esses, aconselhamos gradativamente adaptações do regime da carne de suíno para o de boi, do de boi para o de ave e do de ave para o de peixe e mariscos. 

Após disciplinado exercício em que a imaginação se higieniza e a vontade elimina o desejo ardente de ingerir os despojos sangrentos, temos certeza de que o organismo estará apto para se ajustar a um novo método nutritivo de louvor espiritual.

Mas é claro que tudo isso pede por começar e, se desde já não efetuardes o esforço inicial que alhures tereis de enfrentar, é óbvio que hão de persistir tanto esse tão alegado condicionamento biológico como a natural dificuldade para uma adaptação mais rápida. 

Mas é inútil procurardes subterfúgios para justificar a vossa alimentação primitiva e que já é inadequada à nova índole espiritual; é tempo de vos asseardes, a fim de que possais adotar novo padrão alimentício.

Inegavelmente, o êxito não será alcançado do modo por que fazeis a substituição do combustível de vossos veículos; antes de tudo, a vossa alma terá que participar vigorosamente de um exercício, para que primeiramente elimine da mente o desejo de comer carne

Muitas almas decididas, que já comandam o seu corpo físico e o submetem à vontade da consciência espiritual, têm violentado esse automatismo biológico da nutrição de carne, do mesmo modo por que alguns seres extinguem o vício de fumar, sob um só impulso de vontade. 

Também estais condicionados ao vício da intriga, da raiva, da cólera, do ciúme, da crueldade, da mentira e da luxúria; no entanto, muitos se libertam repentinamente dessas mazelas, sob hercúleos esforços evangélicos.

E reconhecendo a debilidade da alma humana para as libertações súbitas, e preparando-vos psiquicamente para repudiardes a carne, que temos procurado influenciar o mecanismo do vosso apetite, dando-vos conselhos cruamente e de modo ostensivo, de modo a que mais facilmente vos liberteis dos exóticos desejos de assados e cozidos, que, na realidade, não passam de rebotalhos e cadáveres que vos devem inspirar náuseas e aversão digestivas. 

Daí as nossas preocupações sistemáticas, em favor do vosso bem espiritual, para que ante a visão, por exemplo, de dobradinhas “saborosas” que recendem ao molho odorante, reconheçais, na verdade, as tétricas cartilagens que protegem a região broncopulmonar do boi, em cujo local se processam as mais repugnantes trocas de matéria corrompida!

PERGUNTA: — Porventura os cuidadosos exames a que são submetidos os animais, antes do corte, não afastam a possibilidade de contaminarem o homem com qualquer enfermidade provável?
RAMATÍS: — Essa profilaxia de última hora não identifica os resíduos da enfermidade que possa ter predominado no animal destinado ao corte e que, evidentemente, não deixou vestígios identificáveis à vossa instrumentação de laboratório. 

A pesar dos extremos cuidados de higiene e das medidas de prevenção nos matadouros, ainda desconheceis que a maioria dos quadros patogênicos do vosso mundo se origina na constituição mórbida do porco

O animal não raciocina, nem pode explicar-vos a contento as suas reais sensações dolorosas consequentes de suas condições patogênicas. O veterinário criterioso enfrenta exaustivas dificuldades para atestar a enfermidade do animal, enquanto que o ser humano pode relatar, com riqueza até de detalhes, as suas perturbações, o que então auxilia o diagnóstico médico. 

Assim mesmo, quantas vezes a medicina não descobre a natureza exata dos vossos males, surpreendendo-se com a eclosão de enfermidade diferente e que se distanciava das cogitações familiares!

As vezes, um simples exame de urina, requerido para fins de somenos importância, revela a diabete que o médico desconhecia no seu paciente; um hemograma solicitado sem graves preocupações pode atestar a leucemia fatal! 

As enfermidades próprias da região abdominal, embora explicadas com riqueza de detalhes pelos enfermos, muitas vezes deixam o clínico vacilante quanto a situa uma colite, uma úlcera gastroduodenal ou um surto de ameba histolítica!

Uma vez que no ser humano é tão difícil visualizar com absoluta precisão a origem dos seus males, requerendo-se múltiplos exames de laboratório para o diagnóstico final, muito mais difícil será conhecer se o morbo que, no animal, não se pode focaliza na sintomatologia comum

Quantas vezes o suíno é abatido no momento exato em que se iniciou um surto patogênico, cuja virulência ainda não pôde ser assinalada pelo veterinário mais competente, salvo o caso de rigorosa autópsia e meticuloso exame de laboratório! Para isso evitar, a matança de porcos exigiria, pelo menos, um veterinário para cada animal a ser sacrificado.

Os miasmas, bacilos, germes e coletividades microbianas famélicas, que se procriam no caldo de cultura dos chiqueiros, penetram na vossa delicada organização humana, através das vísceras do porco, e debilitam-vos as energias vitais. 

Torna-se difícil para o médico situar essa incursão patogênica, inclusive a sua incubação e o período de desenvolvimento; por isso, mais tarde, há de considerar a enfermidade como oriunda de outras fontes patológicas.

PERGUNTA: — Julgais, porventura, que a alimentação carnívora possa trazer prejuízos físicos, de vez que a criatura já está condicionada, há milênios, a essa forma nutritiva? 

Qual a culpa do homem em ser carnívoro, se desde a sua infância espiritual ele foi assim condicionado, de modo a poder sobreviver no mundo físico?
RAMATÍS: — Repetimo-vos: nem todas as coisas que serviram para sustentar o homem, nos primórdios da sua vida no plano físico, podem ser convenientes, no futuro, quando surgem então novas condições morais ou psicológicas e a criatura humana pode cultuar concepções mais avançadas

Antigamente, os ladrões tinham as suas mãos amputadas, e arrancava-se a língua aos perjuros. Desde que vos apegais tanto ao tradicionalismo do passado, por que aos maledicentes modernos não aplicais essas disposições punitivas, brutais e impiedosas? 

Os antigos trogloditas comiam sem escrúpulo os retalhos de carne impregnados dos detritos do chão; no entanto, atualmente, usais pratos, talheres, e lavais o alimento. 

Certamente, alegareis a existência, agora, de um senso estético mais progressista, e que também tendes mais entendimento das questões de higiene humana; mas não concordais, no entanto, em que esse senso estético avançado está a pedir, também, a eliminação da carne de vossas mesas doentias!

Quando o homem ainda se estribava na ingestão de vísceras de animais, a fim de sobreviver ao meio rude e agressivo da matéria, a sua alma também era compatível com a rudeza do ambiente inóspito mas, atualmente, o espírito humano já alcançou noções morais tão elevadas, que também lhe compete harmonizar-se a uma nutrição mais estética.

Não se justifica que, após a sua verticalização da forma hirsuta da idade da pedra, o homem prossiga nutrindo-se tão sanguinariamente como a hiena, o lobo, a raposa ou as aves de rapina

Além de brutal e detestável para aqueles que desejam se libertar dos planos inferiores, a carne é contínuo foco de infecção à tessitura magnética e delicada do corpo etéreo-astral do homem.

PERGUNTA: — E que dizeis, então, daqueles que são avessos à ingestão da carne de porco e que a consideram realmente doentio e repugnante, devido à forma nauseante de engorda dos porcos nos chiqueiros?
RAMATÍS: — Embora essa aversão partícula pela carne de porco seja um passo a favor da própria saúde astrofísica, nem por isso desaparecem outros nefastos processos nutritivos, que preferem, e que lhes anulam a primeira disposição. 

Os mórbidos cuidados técnicos e as exigências científicas continuam noutros setores onde se procura o bem exclusivo do homem e o máximo sacrifício do animal. 

Aqui, mórbidos industriais criam milhões de gansos sob regime específico, desenvolvendo lhes o fígado de tal modo, que as aves se arrastam pelo solo em macabros movimentos claudicantes, a fim de que a indústria do “patê de foie-gras” obtenha substância mais rica para o enlatamento moderno

ali, peritos humildes batem apressadamente o sangue do boi, para transformarem-no em tétricos chouriços de substância animal coagulada; acolá, não perdeis, se quer, os órgãos excretores do animal, embora os saibais depósitos de venenos e detritos repugnantes; raspados e submetidos à água fervente, os transformais em quitutes para a mesa festiva!

A panela terrícola absorve desde o miolo do animal até os sulcos carcomidos de suas patas cansadas! E, não satisfeitas da nutrição mórbida da semana, algumas criaturas escolhem o mais belo domingo de céu azul e sol puro para, então, praticar a caça destruidora às aves inofensivas, completando cruelmente a carnificina da semana! 

Os bandos de avezitas, de penas ensangüentadas, vêm para seus lares onde, então, se transformam em novos pitéus epicurísticos, a fim de que o caçador de aves obtenha alguns momentos lúbricos enquanto tritura a carne tenra dos pássaros inofensivos. 

Quantas vezes a própria Natureza se vinga da ignomínia humana contra os seus efeitos vivos! Súbito, o caçador tomba agonizante junto ao cano assassino de sua própria arma, no acidente imprevisto, ou do disparo imprudente do companheiro desavisado!

Alhures, a serpe, a bactéria infecciosa ou o inseto venenoso termina tomando vingança contra a caçada inglória! Que importa, pois, que muitos sejam avessos à ingestão da carne do boi ou do suíno, quando continuam requintando-se noutros repastos carnívoros e igualmente incoerentes para com o sentimento espiritual que já devia predominar no homem!

PERGUNTA: — Que dizeis dos novos recursos preventivos, nos matadouros modernos, em que se aplicam antibióticos para se evitar a deterioração prematura da carne? Essa providência não termina extinguindo indo qualquer perigo na sua ingestão?
RAMATÍS: — Trata-se apenas de mais um requinte doentio do vosso mundo, e que revela o deplorável estado de espírito em que se encontra a criatura humana. 

O homem não se conforma com os efeitos daninhos que provêm de sua alimentação pervertida e procura, a todo custo, fugir à sua tremenda responsabilidade espiritual. Mas não conseguirá ludibriar a lei expiatória; em breve, novas condições enfermiças se farão visíveis entre os insaciáveis carnívoros protegidos pela “profilaxia” dos antibióticos. 

Além do efeito deletério da carne, que se intoxica cada vez mais com a própria emanação astral e mental do homem desregrado, encontrar-vos-eis às voltas com o preciosismo técnico de novas enfermidades situadas no campo das alergias inespecíficas, como produtos naturais das reações antibióticas nos próprios animais preparados para o corte! 

Espanta-nos a contradição humana, que principalmente, produz a enfermidade no animal que pretende devorar e em seguida aplica-lhe a profilaxia do antibiótico!

PERGUNTA: — Podeis dar-nos um exemplo dessa contradição?
RAMATÍS: — Pois não? A vossa medicina considera que o homem gordo, obeso, hipertenso, é um candidato à angina e à comoção cerebral; classifica-o como um tipo hiperal buminóide e portador de perigosa disfunção cárdio-hépato-renal. 

A terapêutica mais aconselhada é um rigoroso regime de eliminação hidrossalina e dieta redutora de peso; ministra-se ao homem alimentação livre de gorduras e predominantemente vegetal, e o médico alude ao perigo da nefrite, ao grave distúrbio no metabolismo das gorduras e à indefectível esteatose hepática. 

Cremos que, se os velhos pajés antropófagos conhecessem algo de medicina moderna e pudessem compreender a natureza mórbida do obeso e sua provável disfunção orgânica, de modo algum permitiriam que suas tribos devorassem os prisioneiros excessivamente gordos! 

Compreenderiam que isso lhes poderia causar enfermidades inglórias, em vez de saúde, vigor e coragem que buscavam na devora do prisioneiro em regime de ceva!

Mas o homem do século XX, embora reconheça a enfermidade das gorduras, devora os suínos obesos, hipertrofiados na engorda albumínica, para conseguir a prodigalidade da banha e do toucinho: primeiro os enferma em imundo chiqueiro, onde as larvas, os bacilos e microrganismos, próprios dos charcos, fermentam as substâncias que alimentam os oxiúros, as lombrigas, as tênias, as amebas colis ou histolíticas. 

O infeliz animal, submetido à nutrição putrefata das lavagens e dos detritos, renova-se em suas próprias dejeções e exsuda a pior cota de odor nauseante, tomando-se o transformador vivo de imundícies, para acumular a detestável gordura que deve servir às mesas fúnebres

Exausto, obeso, letárgico e suarento, o porco tomba ao solo com as banhas fartas e fica submerso na lama nauseante; é massa viva de uréia gelatinosa, que só pode ser erguida pelos cordames, para a hora do sacrifício no matadouro.

Que adianta, pois, o convencional beneplácito de “sadio”, que cumpre ao veterinário, na autorização para o corte do animal, quando a própria ciência humana já permitiu o máximo de condições patogênicas! 

De modo algum essa tétrica “profilaxia” antibiótica livrar-vos-á da sequência costumeira a que sois submetidos implacavelmente; continuareis a ser devorados, do mesmo modo, pela cirrose, a colite, a úlcera, a tênia, o enfarte, a nefrite ou o artritismo

cobrir-vos-eis, também, de eczemas, urticárias, pênfigo, chagas ou crostas sebáceas; continuareis, indubitavelmente, sob o guante da icterícia, da gota, da enxaqueca e das infecções desconhecidas; cada vez mais enriquecereis os quadros da patogenia médica, que vos classificarão como “casos brilhantes” na esfera principal das síndromes alérgicas.

PERGUNTA: — Uma vez que os animais e as aves são inconscientes e de fácil proliferação, a sua morte, para nossa alimentação, deve ser considerada crime tão severo, quando se trata de costume que já nasceu com o homem? 

Cremos que Deus foi quem estabeleceu a vida assim como ela é, e o homem não deve ser culpado por apenas seguir as suas diretrizes tradicionais, cumpria a Deus, na sua Augusta Inteligência, conduziras suas criaturas para outra forma de nutrição independente da carne: não é verdade?
RAMATÍS: — A culpa começa exatamente onde também começa a consciência quando já pode distinguir o justo do injusto e o certo do errado

Deus não condena suas criaturas, nem as pune por seguirem diretrizes tradicionais e que lhes parecem mais certas; não existe, na realidade, nenhuma instituição divina destinada a punir o homem, pois é a sua própria consciência que o acusa, quando desperta e percebe os seus equívocos ante a Lei da Harmonia e da Beleza Cósmica. 

Já vos dissemos que, quando o selvagem devora o seu irmão, para matar a fome e herdar-lhe as qualidades guerreiras, trata se de um espírito sem culpa e sem malícia perante a Suprema Lei do Alto. A sua consciência não é capaz de extrair ilações morais ou verificar qual o caráter superior ou inferior da alimentação vegetal ou carnívora.

Mas o homem que sabe implorar piedade e clamar por Deus, em suas dores; que distingue a desgraça da ventura; que aprecia o conforto da família e se comove diante da ternura alheia; que derrama lágrimas compungidas diante da tragédia do próximo ou de novelas melodramáticas; 

que possui sensibilidade psíquica para anotar a beleza da cor, da luz e da alegria; que se horroriza com a guerra e censura o crime, teme a morte, a dor e a desgraça; que distingue o criminoso do santo, o ignorante do sábio, o velho, o moço, a saúde da enfermidade, o veneno do bálsamo, a igreja do prostíbulo, o bem do mal, esse homem também há de compreender o equívoco da matança dos pássaros e da multiplicação incessante dos matadouros, charqueadas, frigoríficos e açougues sangrentos.

E será um delinquente perante a Lei de Deus se, depois dessa consciência desperta, ainda persistir no erro que já é condenado no subjetivismo da alma e que desmente um Ideal Superior

Se o selvagem devora o naco de carne sangrenta do inimigo, o faz atendendo à fome e à ideia de que Tupã quer os seus guerreiros plenos de energias e de heroísmos; mas o civilizado que mata, retalha, coze e usa a sua esclarecida inteligência para melhorar o molho e acertar a pimenta e a cebola sobre as vísceras do irmão menor, vive em contradição com a prescrição da Lei Suprema.

De modo algum pode ele alegar a ignorância dessa lei, quando a galinha é torcida em seu pescoço e o boi traumatizado no choque da nuca; quando o porco e o carneiro tombam com a garganta dilacerada; quando a malvadez humana ferve os crustáceos vivos, embebeda o peru para “amaciar a carne” ou então satura o suíno de sal para melhorar o chouriço feito de sangue coagulado

Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos do seu senhor, a quem se afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque é véspera do Natal de Jesus! 

A vaca se lamenta e lambe o local onde matam o seu bezerro; o cordeiro chora na ocasião de morrer! Só não matais o rato, o cão, o cavalo ou o papagaio, para as vossas mesas festivas, porque a carne desses seres não se acomoda ao vosso paladar afidalgado; em consequência, não é a ventura do animal o que vos importa, mas apenas a ingestão prazenteir a que ele vos pode oferecer nas mesas lúgubres.

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Animais e Sofrimento
Se os animais estão isentos da lei de causa e efeito, em suas motivações profundas, já que não têm culpas a expiar, de que maneira se lhes justificar os sacrifícios e aflições?

Assunto aparentemente relacionado com injustiça, mas a lógica nos deve orientar os passos na solução do problema.


Imperioso interpretar a dor por mais altos padrões de entendimento. 


Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tão-somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos precisos para obtê-la. Assim é que o animal atravessa longas eras de prova a fim de domesticar-se, tanto quanto o homem atravessa outras tantas longas eras para instruir-se.


Que mal terá praticado o aprendiz a fim de submeter-se aos constrangimentos da escola? E acaso conseguirá ele diplomar-se em conhecimento superior se foge às penas edificantes da disciplina?


Espírito algum obtém elevação ou cultura por osmose, mas sim através de trabalho paciente e intransferível.


O animal igualmente para atingir a auréola da razão deve conhecer benemérita e comprida fieira de experiências que terminarão por integrá-lo na posse definitiva do raciocínio.

Compreendamos, desse modo, que o sofrimento é ingrediente inalienável no prato do progresso. (Obs.: Não seja você o causador desse sofrimento, pois sofrimento tal seria cruel e inútil).


Todo ser criado simples e ignorante é compelido a lutar pela conquista da razão, e atingindo a razão, entre os homens, é compelido igualmente a lutar a fim de burilar-se devidamente.


O animal se esforça para obter as próprias percepções e estabelecê-las.
O homem se esforça avançando da inteligência para a sublimação.


Dor física no animal é passaporte para mais amplos recursos nos domínios da evolução. Dor física, acrescida de dor moral no homem, é
fixação de responsabilidade em trânsito para a Vida
Maior.

Certifiquemo-nos, porém, de que toda criatura caminha para o reino da angelitude, e que, investindo-se na posição de espírito sublime, não mais conhece a dor, porquanto o amor ser-lhe-á sol no coração dissipando todas as sombras da vida ao toque de sua própria luz.

EMMANUEL

Fonte: Livro "Aulas da Vida" psicografado por Francisco Candido Xavier.

Namastê Laroyê

ABNEGAÇÃO E DEVOTAMENTO

Os elementos da verdadeira caridade são: A benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. Essas são virtudes da CARIDADE. Caso você não as tenha desenvolvida, praticada, exercitada simplesmente corra, deseje ardentemente essa condição para que sua alma possa se elevar no Espaço.

Por que devemos dar atenção especial a essas virtudes? E porque são tão importantes para a iluminação espiritual?
Abnegação e o devotamento são duas virtudes análogas (parecidas), mas tem uma diferenciação peculiar. 

Devotamento é grande empenho, com generosidade e sacrifícios em muitas ocasiões, entrega com desinteresse, entre outras. Já Abnegação indica ação com desprendimento e altruísmo (ação que beneficia os outros), dedicação extrema em favor do próximo.

O devotamento já é uma grande virtude, mas seu exercício faz surgir a abnegação, atributo conquistado pelos Espíritos Ascencionados, das grandes Almas que vibram na energia do amor incondicional, pois que o bem alheio é colocado acima de qualquer condição.

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", temos: “A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras.”

Devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação. 

O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente golpeado é o Espírito. – O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)

Qual o meio mais eficiente de combater-se o predomínio da natureza corpórea? Resposta: “Praticar a abnegação.” (Livro dos Espíritos; Pergunta 912)

“A abnegação, que é sacrifício pela felicidade alheia, sublima o espírito. (…) Pela fidelidade ao desempenho das suas obrigações, o homem melhora a si mesmo, e, pela abnegação, o anjo aproxima-se do homem melhorado, aprimorando a vida e o mundo.” - "Pensamento e Vida", Chico Xavier (Emmanuel).

Jesus Cristo é o maior exemplo de ABNEGAÇÃO E DEVOTAMENTO, quando disse: "O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos.” (Marcos 10:45)

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👉17. A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade, que vos conduz a Deus. Ah! deixai que o vosso coração se enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes

Vossas lágrimas são um bálsamo que lhes derramais nas feridas e, quando, por bondosa simpatia, chegais a lhes proporcionar a esperança e a resignação...

A piedade, a piedade bem sentida é amor; amor é devotamento; devotamento é o olvido de si mesmo e esse olvido, essa abnegação em favor dos desgraçados, é a virtude por excelência, a que em toda a sua vida praticou o Divino Messias e ensinou na sua doutrina tão santa e tão sublime.

Quando Jesus disse ao moço rico que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: “Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me”, não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. 

Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à ideia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até o extremo de adquiri-la com sacrifício.

O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr
a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, 

não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe, mas não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até a abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio: "Fora da caridade não há salvação."

 "A Terra, orbe de provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá praticados na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor." O Evangelho Segundo o Espiritismo" (Cap. XI, item 9).

Resumo
Dentro de verdadeira caridade existe a Abnegação isto é, se sacrificar pela felicidade dos outros. Colocar isso em prática exige analise, planejamento sobre aquilo que será feito, se não o sacrifício será em vão. Mas é crucial o sentir!

Prazer e Felicidade são duas coisas complemente diferentes. Não há problema nos prazeres da matéria, desde que sejam feitos com equilíbrio e responsabilidade com o próximo; e consigo mesmo. 

Por outro lado; a verdadeira felicidade é a felicidade no Espírito, aquela que aproxima o homem do Criador, e esse sacrifício em benefício do próximo é o sacrifício de louvor que agrada o coração de Deus. A verdadeira caridade é oculta, discreta ninguém vê, se não Deus. Servir é um privilégio!

Namastê Laroyê

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Quanto tem sido seus investimentos para a Vida Eterna?  O dia de prestação de contas é certo que chegarás, tão certo como a morte do carro f...