28.9.25

O ESPIRITISMO E O CATOLICISMO

Em "A Missão do Espiritismo" ditado pelo Espírito Ramatis através do médium 'Hercílio Maes'; temos as seguintes ponderações:


PERGUNTA:
Qual a diferença mais pronunciada entre Catolicismo e Espiritismo?

RAMATÍS: O Espiritismo é doutrina que se divulga preservando a pureza iniciática do Cristianismo, pois não está grampeado a quaisquer ritos, símbolos, insígnias, idolatrias ou dogmas. 


Sua atividade é singela e destituída de qualquer cerimônia que desperdice o tempo dos seus adeptos. Procura seguir a mesma diretriz iniciática das reuniões simples do Mestre Jesus e seus apóstolos.

O Catolicismo, no entanto, embora com seus postulados inspirados também no Cristianismo, tornou-se uma organização religiosa regida por extensa hierarquia sacerdotal, sob o comando do Papa, sediado em Roma. E para atrair e impressionar as massas, adotou nos seus templos um cerimonial de pomposa e complicada liturgia.


PERGUNTA: O Catolicismo teria falhado na sua missão religiosa?

RAMATÍS: Graças à Igreja Católica, a figura do inolvidável Mestre Jesus permaneceu viva, sempre em destaque, na mente humana, até o século atual. 

Embora tenha abandonado a singeleza e a naturalidade dos tempos apostólicos, devemos ao Catolicismo a mensagem fundamental do Cristianismo.

Não pretendemos julgar os erros da Igreja Católica, pois tais equívocos são frutos da imperfeição humana. E não devemos esquecer as figuras consagradas de Francisco de Assis, Vicente de Paula, Teresinha de Jesus, Dom Bosco, Padre Damião, Antônio de Pádua e outros missionários, que tanto valorizaram o Cristianismo através dos preceitos católicos.

O Catolicismo falhou na sua missão espiritual, desde que fez conchavos com a política do mundo, visando enfeixar o poder material. 

Foram propósitos obscuros em que a Igreja Católica Romana aliou-se aos reis e aos poderosos, liderando movimentos tristes como a Inquisição, num flagrante desmentido à ideologia espiritual do Cristo.

Não se pode censurar toda a comunidade católica, pois ela também iluminou o mundo inspirando atos sublimes através de seus sacerdotes e frades crísticos. 

Muitas vezes, bispos e sacerdotes, dignificados por uma conduta superior, rebelaram-se, preferindo a excomunhão em vez de abdicarem a favor de bulas e decisões, que dariam poderes à Igreja, mas desmentiriam o “reino do Cristo”! 

A Igreja teria se esfacelado, caso não abrandasse a sua reação entre os dominadores do mundo e conquistadores da época, numa luta épica pela sobrevivência, principalmente durante as invasões em seus domínios


PERGUNTA: Poderíamos admitir que o Espiritismo diverge do Catolicismo, principalmente porque não admite ritualismos, pompas, hierarquia sacerdotal, adorações idólatras e outros movimentos religiosos?

RAMATÍS: A doutrina espírita não foi codificada para contrariar e criticar as atividades da Igreja Católica, como um novo censor religioso na face do orbe. 

O Espiritismo é atividade espiritualista, que surgiu no momento psicológico de o homem entender a existência das forças ocultas do mundo e compreendê-las através do próprio avanço científico. 

Inúmeras descobertas da Ciência atual existem desde a formação do mundo; porém, estavam habilmente veladas pela simbologia tradicional dos templos, confrarias iniciáticas ou pela complicada terminologia da magia dos alquimistas.

O Espiritismo veio revelar o mundo oculto sem essas complexas alegorias e explicar tudo de maneira fácil, clara e sem superstições. 

Daí o motivo por que rejeita dogmas, simbologias exóticas ou cerimoniais complexos, sem preocupação de censurar a Igreja Católica, que ainda precisa de tais recursos para incentivar os fiéis muito presos às coisas do espírito, e menos ao espírito das coisas!

Ademais, as seitas religiosas e os movimentos reformistas, que divergem e contrariam a própria fonte católica em sua origem, nascem, crescem e desaparecem, depois de atenderem a determinados grupos de crentes eletivos à sua composição doutrinária. 

É o caso do Protestantismo, que rebelou-se contra a Igreja Católica através de Martinho Lutero, mas também subdividiu-se em dezenas de outras ramificações, dispersas pelo mundo, em agressiva competição religiosa.

PERGUNTA: Ainda se justifica a existência da Igreja Católica, apesar do avanço científico que revela incessantemente a existência de fenômenos poderosos, que desmentem as histórias infantis da Bíblia?

RAMATÍS: A Igreja Católica ainda cumpre determinada missão junto às criaturas incapazes de se identificarem com a Divindade sem o recurso infantil de imagens, ritos e adorações idólatras. 

Por isso, não deve ser subestimada em sua fé e ingenuidade religiosa, que são condições próprias do seu grau espiritual

A medida que os católicos forem despertando do seu letargismo mental e acicatados pelo cientificismo do mundo, eles buscarão outras doutrinas que lhes atendam, com mais eficiência, a novas disposições espirituais acerca dos destinos humanos e das consequências da vida do espírito no Além Túmulo!

Muitos católicos ainda não conseguem empreender o "grande salto" e libertarem-se das formas escravizantes do rito luxuoso e dogmas da Igreja, preferindo a simplicidade das reuniões espíritas, sem os atrativos de imagens, liturgias e decorações pomposas. 

Por isso, estacionam na Umbanda, atraídos por ritos, paramentos, simbologias, incenso e cânticos, que lhes evocam o ambiente peculiar da Igreja, ainda fixado em sua memória. 

Em contato com os pretos-velhos, silvícolas e caboclos, eles amenizam a ausência dos sacerdotes e da confissão auricular, expondo suas aflições e rogando o socorro divino! 

No entanto, malgrado ainda transformarem a Umbanda em "agência de empregos e soluções materiais", ali aprendem os processos lógicos da Lei do Carma e da Reencarnação, que não lhes era ensinado pela Igreja.

Portanto, a "mística" da Igreja Católica ainda é o alimento das almas impossibilitadas de substituir, bruscamente, as histórias e lendas bíblicas, que afagam desde muitos séculos. 

E se cabe ao Espiritismo libertar o homem do fetichismo, culto idólatra, superstições e fanatismos religiosos, isso deve ser feito sem violentar-lhe a imaturidade espiritual.


PERGUNTA: Em que ponto o Espiritismo é de maior amplitude que a Igreja Católica?

RAMATÍS: A doutrina espírita é mensagem universalista endereçada a todos os homens religiosos, mas sem pretender misturar seitas que depreciam a sua substância doutrinária e que trariam confusão. 

É apelo de esperanças e alegrias futuras, honrando o amor universal do Cristo através do seu sublime Evangelho; e extinguindo o medo da morte e o terror das punições infernais. 

Mensagem otimista e ilimitada, respeitando credos e doutrinas alheias, conforta e estimula a prática do bem em todas as instituições do mundo.

Ensina a evolução do ser pelo seu esforço e sacrifício, sem privilégios ou graças extemporâneas. O Amor é a arma inseparável do espírita e o Bem a sua máxima realização.

O sofrimento e a dor reajustam e não castigam; purgam o espírito dos miasmas de suas próprias ações pecaminosas, no ensejo de abençoada recuperação espiritual pela reencarnação. 

A violência, intolerância, maldade, desforra, o esbulho ou o crime, malgrado atribuídos na Bíblia à ordem divina, jamais serão endossados pela doutrina espírita.

Enfim, a velha divisa de que "fora da Igreja não há salvação", foi superada pela insígnia da doutrina espírita, que diz "fora da Caridade não há salvação"!


PERGUNTA: Alguns católicos alegam que os homens pecadores ficam dispensados de quaisquer responsabilidades ou punições depois da morte, segundo a doutrina espírita, que nega o Céu e o Inferno! Que dizeis?

RAMATÍS: Conforme a mensagem mediúnica do nosso companheiro Atanagildo (Vide a obra "A Sobrevivência do Espírito"), que vamos lembrar alguns trechos na sua composição original, o inferno teológico é um produto lendário e tradicional criado pela fantasia dos povos hebreus. 

Eles escolheram o "melhor" do mundo para compor um cenário agradável que denominaram o céu, e reservaram o que há de mais cruel, na Terra, para então imaginarem o inferno com seu temível Satã!

Enquanto as religiões católicas e protestantes consideram o inferno um lugar pródigo de enxofre e fogo adrede preparado para o tormento eterno das almas pecadoras, o Espiritismo explica isso pelos estados de sofrimento, pavor, medo e remorso, que os próprios espíritos falidos sofrem em si mesmos como punições infernais. 

Mas não é sofrimento eterno, ao molde católico e sob deliberado castigo de Deus; mas, sim, expurgo moral de venenos psíquicos aderidos ao perispírito dos falecidos. Trata-se de saiu tal higienização da alma impura e do processo sideral para condicioná-la ao céu.

Os católicos e protestantes também crêem no purgatório, espécie de antecâmara entre o céu e o inferno, da qual as almas só se livram depois de purgar seus pecados menores. 

O Espiritismo também admite a ideia do purgatório, porém, num ensejo de as almas expelirem suas impurezas perispirituais durante a vida física ou nos pântanos e charcos do astral inferior. 

Os espíritos pecadores expurgam a escória do seu perispírito para a carne, através de existências sucessivas; mas o saldo deletério restante só pode ser drenado, em definitivo, nas regiões do lamaçal das regiões umbralinas.

Enquanto o Catolicismo admite o inferno e o purgatório, como "castigo" e sofrimento para o pecador, o Espiritismo admite o sofrimento e a purgação como processos de "limpeza" e reajuste perispiritual

Na concepção espírita, o homem cria o seu próprio estado infernal e o necessário purgatório para eliminar suas impurezas; na tradição católica, Deus é o autor do inferno, como lugar específico para punir os filhos pecadores.

Em consequência, apesar de a doutrina espírita negar o céu e o inferno, como lugares expiativos, nem por isso os espíritos faltosos deixam de sofrer as condições disciplinadoras dos seus atos condenáveis. 

A superioridade da tese espírita sobre a católica, é que não há "punição divina", mas apenas "retificação espiritual"!


PERGUNTA: Mas os católicos insistem que o inferno também foi criado por Deus, para onde foram desterrados os anjos rebeldes?

RAMATÍS: Deus não criou nenhum inferno destinado especialmente para castigar seus filhos pecadores, pois isso seria incompatível com a magnanimidade e sabedoria divinas. 

Mas a ideia foi gerada no cérebro humano por força do sofrimento do próprio espírito, nas suas romagens de retificação espiritual pelo Espaço. 

O inferno teológico das velhas oleogravuras hebraicas é um produto lendário e tradicional criado pela fantasia dos homens. Obedecendo ao próprio condicionamento da vida humana, os sacerdotes criaram o céu para estimular as virtudes; e o inferno para reduzir os pecados!

Toda beleza, bondade e pureza humanas serviram para compor a figura atraente do anjo; e toda maldade, perfídia, sadismo e feiúra humanas formaram os atributos da figura atemorizante de Satanás. 

O anjo é o produto do melhor imaginado pelo homem, e o diabo o pior! Mas os teólogos esqueceram-se de melhorar tanto o céu como o inferno, à medida que a humanidade evoluiu através de novos descobrimentos científicos e realizações artísticas cada vez mais avançadas. 

Em consequência, o paraíso teológico ainda hoje apresenta as mesmas emoções e prazeres medíocres já conhecidos há milênios; e o inferno continua com os mesmos castigos anacrônicos e o cenário medieval de quanto foi imaginado pela mente humana! 

O mundo terreno progrediu cientificamente em todos os setores de suas atividades, mas o céu ainda continua, no século XX, o palco das monótonas procissões de "eleitos", cantando ladainhas ao som de rabecas e harpas chorosas; e o inferno, um lugar de bagunça, onde os gritos dos pecadores torrando no fogo, misturam-se aos berros e à ira dos diabos neuróticos!

Mas a verdade é que o Diabo não passa de um produto mórbido da imaginação humana. Aliás, é muito difícil o homem pintar um Diabo pior do que si mesmo, pois história terrena é pródiga de atrocidades, crimes, torpezas, impiedades ou vinganças, que ultrapassam a imaginação estreita de qualquer Lúcifer! 

Evidentemente, ele não teria capacidade para realizar cometimentos tão devastadores e horríveis como os das cruzadas da Idade Média, onde se retalhavam vivos os "infiéis"; milhares de católicos apunhalavam os protestantes por ordem de Catarina de Médicis; os sacerdotes torravam hereges e judeus, nas fogueiras da Santa Inquisição; ali, matavam-se os cristãos nos circos romanos ou os transformavam em tochas vivas, para iluminar as orgias imperiais.

Gengis-Kahn fazia pirâmides de cabeças decepadas do inimigo; Atila, o "flagelo de Deus", arrasava cidades indefesas, misturando o sangue humano com o fogo; acolá, na China, praticavam chacinas monstruosas; na Turquia, enterravam-se vivos os condenados; na índia, empalavam-se infelizes.

Finalmente, na última guerra, os nazistas assassinavam milhões de judeus nas câmaras de gases, ou os fuzilavam em massa! E o pobre Diabo mitológico teria ficado estarrecido ante a volúpia e o sadismo do homem do século XX, que, premindo um botão, lançou a bomba atômica e transformou em gelatina fervente 120.000 criaturas que respiravam oxigênio e faziam planos de ventura.

Por conseguinte, o Diabo, na atualidade, é figura de pouca importância e bastante superada pelo maquiavelismo do homem, que o venceu em maldade, hipocrisia, luxúria, avareza e desonestidade.


PERGUNTA: Há fundamento de o Espiritismo dispensar a consagração do casamento religioso católico entre os seus adeptos? Ou de não adotá-lo em suas instituições?

RAMATÍS: O espírita ciente de que o Espiritismo não adota cerimoniais ou culto religioso em sua feição dogmática, também não admite a consagração religiosa do casamento, seja de formação católica ou mesmo espírita. 

Basta-lhe, somente, a consagração das leis dos homens para o seu compromisso conjugal e garantia da vivência contratual sob
o respeito do mundo. 

Não cabe aos espíritas condenar as preferências ou convicções dos
outros religiosos, pois a crença é livre, mas sob o ensino espiritista não ignora que as fórmulas, cultos, preceitos e dogmas religiosos são absolutamente transitórios no convencionalismo da vida humana; ermbora representem mensagens de excelente sugestão para o homem interno, é preciosa perda de tempo para aqueles que já descobriram caminhos desimpedidos de óbices alegóricos na busca da Realidade Espiritual!


PERGUNTA: 
Mesmo a título de aperfeiçoamento, o espírita não poderia esclarecer o próximo da inutilidade do batismo, casamento, crisma e de cerimônias religiosas, que não modificam a estrutura intima da alma?

RAMATÍS: Principalmente o espírita precisa distinguir com muito senso entre "esclarecer" e "criticar". Muitas vezes, como diz o adágio, "Enquanto crescem ervas daninhas no seu jardim, o jardineiro critica o jardim do vizinho". 

Aliás, o respeito, a tolerância e a bondade para com os equívocos do próximo são preceitos fundamentais da moral espiritista!

Embora o Espiritismo não admita liturgias, cerimônias e cultos complexos, não é lícito aos espíritas censurarem aqueles que os adotam como fundamento dos seus postulados doutrinários. 

As instituições religiosas ou espiritualistas são degraus que correspondem a determinado grau evolutivo de seus adeptos. 

A medida que eles progridem para o entendimento superior, é óbvio que também buscam novas fontes de devoção e aprendizado espiritual. 

Quando o católico fatiga-se no culto exaustivo e dos dogmas
misteriosos, ele também se faz eletivo para outro credo mais racional, como sejam o protestantismo, o espiritismo, a umbanda ou o esoterismo. 

No entanto, a Igreja Católica continua a cumprir a missão de aliciar sob suas asas protetoras, os crentes que ainda se afinizam ao seu tipo doutrinário. 

Considerando-se que a alfândega do "Além-túmulo" não costuma indagar da religião do "falecido", mas fundamentalmente de sua obra, parece-nos secundário e infantil qualquer preocupação religiosa ou método de adoração ao Senhor! 

Não é o rótulo de católico, protestante, espírita ou iniciado, que abre as portas do céu para os espíritos partidos da Terra; isso depende peremptoriamente de sua própria redenção espiritual. 

Aliás, diz velho adágio popular do vosso mundo que a "raposa pode mudar de pele e não mudar de manha", o que implica em se considerar que não basta mudar de "rótulo" religioso, porém, renovar o conteúdo espiritual interior.


PERGUNTA: Mas não é louvável libertar o próximo de dogmas
incongruentes e cerimônias inúteis? Não é essa a função primacial do Espiritismo?

RAMATÍS: Não é louvável convencermos o irmão menor da inutilidade de sua fé e devoção à imagem de Santo Antônio, São Sebastião, Senhor do Bonfim ou Nossa Senhora das Graças, que ele cultua no seio da nave iluminada e florida, pois em face do grande número de médiuns indisciplinados e profundamente anímicos, que, por vezes, dão incorporações excessivamente lúgubres, descontroladas e atemorizantes, é sempre angustioso para o católico recém-saído da Igreja suportar, com êxito, a nova paisagem de "libertação espiritual", oferecida pelos espíritas!

Tudo tem o seu tempo e sua hora, pois a fruta colhida prematuramente é ácida ou inconveniente para digerir. Os religiosos dogmáticos e viciados ao culto externo são como as crianças presas fanaticamente a certos objetos; não se deve tirar-lhes o que é familiar e agradável sem lhes dar cousas semelhantes! 

A libertação espiritual não é fruto de exigências, mas de eleição! No entanto, disse o próprio Jesus: "Dai água a quem tem sede!" Por isso, o espírita consciente de sua responsabilidade e dos valores da doutrina que cultua, é a fonte de água límpida para atender a sede do seu irmão cansado da jornada exaustiva entre símbolos, ídolos, cerimônias e temores

Então, é o momento psicológico de indagar das decepções ou fadiga do companheiro desanimado, oferecendo-lhe o novo ensinamento sem atravancamentos alegóricos ou litúrgicos, como ensina o Espiritismo, para a libertação espiritual.


PERGUNTA: 
Que dizeis da missa católica? Não é um ato puramente exterior, que não consegue modificar os crentes nem proporcionar a "salvação" aos mortos?

RAMATÍS: 
Mormente por tratar-se de um ato exterior é digno de todo o respeito humano, porque trata-se de uma cerimônia capaz de harmonizar a mente dos seus fiéis e afastar-lhes os pensamentos daninhos ou maledicentes, fazendo-os convergir para um só objetivo de elevação espiritual.

Enquanto os homens assistem à missa, numa atitude tranqüila, respeitosa e eletiva à ideia de Deus, treinam as forças do espírito no sentido divino. 

Embora se trate de cerimônias convencionais, que não ensejam novos conhecimentos espirituais ao homem, é sempre um estágio salutar de "consciência mental", em favor de uma elevação superior.

Muitíssimo melhor que os católicos desperdicem seu precioso tempo no culto externo e dogmático da Igreja Católica, do que vê-los no culto censurável do jogo, do álcool, da orgia ou da maledicência nos ambientes viciosos e censuráveis.


PERGUNTA: 
Mas há fundamento em os católicos adorarem imagens, quando o próprio Gênesis e os Dez Mandamentos proíbem tal coisa?

RAMATÍS: 
Quando se é católico não há motivo de censura no culto de imagens, porque isso é próprio dos postulados da Igreja Católica. É muito louvável para os espíritas dispensarem tal cometimento religioso, mas não é justo exigirem a mesma postura ou compreensão do próximo.

É absurdo exigirmos que todos os homens se transportem de avião, só porque nós descobrimos que a via terrestre é muito morosa! A imagem ainda serve de fixação mental para os religiosos que não podem manusear o pensamento sem o ponto de apoio da forma.

Ademais, é inútil a critica à adoração de imagens do culto infantil do próximo, se o crítico ainda é vítima de paixões / desregradas ou vícios pecaminosos que também o algemam à escravidão das formas

É mais pernicioso à saúde física e espiritual do homem o culto desbragado aos "ídolos" como o cigarro, o álcool, o carteado, cujas imagens não são adoradas, mas se fazem adorar!

Outros espíritas condenam a idolatria católica às imagens de pedra, mas, sub-repticiamente, devotam-se a perigosos ídolos de carne e osso, que, infelizmente, não se abrigam nos nichos das igrejas. 

Sempre é preferível a devoção fanática à figura de gesso de Santo Antônio, Santa Teresinha, Nosso Senhor do Bonfim ou Nossa Senhora da Conceição, do que o culto às imagens imponderáveis de maledicência, cólera, mentira, insinceridade, malicia, libidinosidade, ódio ou crime!


PERGUNTA: Poderíeis dar-nos alguns exemplos dessa técnica ou processo científico, que pode existir no âmago das cerimônias ou alegorias da Igreja Católica?

RAMATÍS: Sabe-se que a Magia é a arte de empregar conscientemente os poderes invisíveis para se obter efeitos visíveis. A vontade, o amor e a imaginação são poderes mágicos que todos possuem, e quem sabe empregá-los ou desenvolvê-los a contento é então considerado um mago. 

Tais recursos empregados para fins benéficos significam magia branca; mas quem os empregar para o mal então pratica a magia negra. 

Em consequência, desde a antiguidade das civilizações existiram homens poderosos que desenvolveram suas forças ocultas e as empregaram na magia branca a serviço do próximo, enquanto os malfeitores praticavam a magia negra visando aos seus exclusivos interesses e domínio nefando.

Não podemos deixar de render nossos louvores aos "magos brancos", de todas as épocas e raças, que, inspirados pela Sabedoria e Magnanimidade do Senhor, tudo fizeram para amenizar o caminho espinhoso e árduo da ascensão espiritual da humanidade. 

Eles dosaram o conhecimento oculto e perigoso ao homem comum,
revestindo-o de símbolos e alegorias inofensivas, assim como se guardam armas perigosas em cofres inacessíveis às crianças. 

Os homens de hoje muito devem aos magos brancos, sacerdotes e instrutores, que souberam ocultar na liturgia e alegoria religiosas a realidade da vida eterna do Espírito.


PERGUNTA: Que dizeis das campanhas sistemáticas de sacerdotes católicos, que procuram desmoralizar as práticas mediúnicas do Espiritismo através dos recursos da hipnose e letargia?

RAMATÍS: 
Achamos que são campanhas de excelente proveito para os espíritas comprovarem a segurança e eficiência do Espiritismo, mesmo tratando-se de hipnoses e letargias em público, com a finalidade de desmoralizar a codificação de Kardec.

Assim como a têmpera faz o aço, o Espiritismo também se mostra mais sólido e íntegro em seus princípios após as agressões adversas, lembrando a "Fênix" que ressurge das próprias cinzas!

É preciso que venha a lume todo o seu conteúdo superior e inalterável. Certas vezes os adversários ajudam de modo extraordinário, porque em suas críticas colocam-se num ângulo impessoal e apontam equívocos ou distorções dos próprios espíritas, dando ensejo ao saneamento benfeitor.

Nenhuma doutrina espiritualista foi tão combatida e perseguida como o Cristianismo; no entanto, sua continuidade e sobrevivência vital se deve muito aos adversários, que eternizaram, pelo martírio, figuras eternas como Jesus, Pedro, Paulo, Maria de Magdala e outros, glorificados pelo amor incondicional aos princípios esposados em sua vida. 

O sacrifício dos seguidores de Jesus, desde as perseguições na Judéia até o holocausto nos circos romanos, divulgou o Cristianismo com mais êxito do que se o fizessem através de oradores exímios. Assim também aconteceu com o Espiritismo! 

Sua força principal e sobrevivência tornou-se mais inexpugnável a partir das campanhas, dos ataques e sarcasmos que sofreu do Clero! A queima de obras espíritas na fogueira do Santo Ofício, em Barcelona, foi o selo definitivo de sua glorificação entre os homens!

A nosso ver, os sacerdotes que se movimentam por todo o território, na campanha febril de ridicularizar o Espiritismo, deviam ser homenageados pelos espíritas, em face do seu trabalho profícuo de "testar" os valores da doutrina e pôr à prova as qualidades morais apregoadas por Allan Kardec. 

Jamais os espíritas poderão pagar-lhes trabalho tão útil e
necessário
; em verdade, separam o "joio" do "trigo", ou o falso do verdadeiro, pois divulgam e apontam justamente aquilo que não é Espiritismo!


PERGUNTA: E qual é a maior divergência no comportamento da alma segundo o Catolicismo e segundo o Espiritismo?

RAMATÍS: O Espiritismo diverge do Catolicismo, ao ensinar que a alma do homem vem da origem dos tempos e forja sua consciência através de todas as espécies animais inferiores até adaptar-se ao corpo humano, numa evolução paralela com a própria modificação da matéria para estados superiores. 

Após a morte do corpo físico a alma retoma ao seu mundo espiritual, onde continua a trabalhar e a estudar para o seu mais breve aperfeiçoamento. 

Em seguida, ela encama-se novamente, a fim de recapitular as lições vividas e corrigir os erros das existências pregressas, sob a disciplina retificadora da Lei do Carma

Mas não vai diretamente para o paraíso dos "ociosos" ou inferno dos "pecadores falidos", após uma só existência na carne. Isso seria absurdo e injusto, da parte de Deus, ao criar almas que, em tão pouco tempo, seriam virtuosas e outras fatalmente pecadoras!

Evidentemente, a tese espírita é bem mais lógica, quando admite a reencarnação como ensejo do espírito faltoso reerguer-se através da lei cármica de Causa e Efeito.

Ademais, se a alma vem de Deus e penetra no corpo humano, conforme diz o Catolicismo, então é perfeitamente viável que ela também possa encarnar-se mais vezes na Terra. 

Se consegue encarnar-se da primeira vez, também poderá retomar dez, vinte ou cem vezes, porque há de ficar mais treinada! E se as almas realizam o mais difícil subir ao céu, também poderão efetuar o mais fácil baixar à Terra! 

Provavelmente, Deus não criou a alma movido por algum capricho tolo ou acicatado pelo sadismo de exilá-la na Terra, para depois negar-lhe o prazer justo de visitar a parentela humana. 

Ainda seria razoável que os pecadores não pudessem sair do inferno e se comunicarem com os "vivos"; mas isso não se justifica com os "virtuosos" que merecem outro tratamento divino!

Em suma, a alma do católico "desce" de Deus, habita o corpo de carne numa só existência e depois retorna ao céu ou ao inferno, terminantemente proibida de visitar o mesmo planeta, onde às vezes chega a viver um cento de anos! 

No entanto, a alma do espírita também "desce" de Deus ainda imersa na "massa espiritual", ou "espírito-grupo" e habita, gradualmente, os reinos mineral, vegetal, animal e finalmente fixa-se em centelha consciente no comando da forma humana. 

Durante o seu progresso espiritual ela também aprimora a própria matéria que lhe serve de sustentáculo no mundo planetário, pois nasce e renasce tantas vezes quantas forem precisas, para o seu "autoconhecimento" e purificação da "túnica perispiritual" exigida no Paraíso. 

Conforme a explicação espírita, a alma progride e angeliza-se independente de qualquer privilégio ou proibição divina. Mas é uma "autodidata" que erra e acerta, sofre e goza, ignora e sabe, até completar o ciclo terrestre e merecer o ingresso noutros mundos mais venturosos.

Por isso, os sacerdotes católicos contribuem satisfatoriamente a favor do Espiritismo, quando em suas práticas hipnóticas e letárgicas, comprovam em público a existência da alma! E o tiro ainda lhes sai pela culatra, porque depois querem negar a própria alma que eles provam!


PERGUNTA: O espírita pode batizar os filhos no religioso?

RAMATÍS: Desde que esteja plenamente esclarecido através do Espiritismo, o espírita sabe que é desnecessário batizar os filhos em qualquer credo religioso, embora trata-se de um ato de simbolismo espiritual. O batismo como "salvação" é um mito, porque o homem gradua-se pelas obras e não pelas cerimônias ou crenças humanas!


PERGUNTA: 
Há incoerência de alguns espíritas batizarem seus filhos no seio do Espiritismo, embora o façam com toda singeleza possível e sem ritual ostensivo?

RAMATÍS: Sob qualquer aspecto complexo ou singelo, o batismo é prioridade da Igreja Católica, cuja fórmula lhe pertence por antiguidade e tradição. 

O resto não passa de imitação ou interpretação pessoal, malgrado o tentem num ato despido de cerimônias nos centros espíritas. 

O batismo espírita não deixa de ser uma espécie de sublimação ou
saudosismo de "ex-católicos" transferidos para o Espiritismo. 

Embora o pratiquem com toda singeleza, ainda é fruto de uma intenção oculta, espécie de amarra instintiva condicionada nos cerimoniais católicos. 

É mais preferível que o espírita então batize seu filho diretamente na Igreja, pois assim evita de praticar atos incongruentes na seara espiritista!

PERGUNTA:
 
Porventura, também é censurável essa preocupação quase extremista, dos espíritas evitarem qualquer motivo, ato ou fórmula que possa lembrar o Catolicismo? Se há fanatismo no "excesso" dogmático da Igreja Católica, não é possível que também haja fanatismo no obstinado "vazio" do Espiritismo?

RAMATÍS: Há profunda diferença entre a mensagem católica e a espírita, pois ambas expressam-se em extremos opostos! 

A igreja desperta no homem a emoção da alma pela fantasia do cerimonial que simboliza o mundo divino; o Espiritismo desveste o cerimonial e expõe a realidade exata cabível na mente humana! 

Deste modo, a doutrina espírita jamais poderá transigir com qualquer ideia ou sugestão sub-reptícia, que agrilhoe novamente o seu adepto a cerimônias do mundo. 

Na função de libertador de consciências, o Espiritismo deve rejeitar o menor indício que possa fascinar a alma a quaisquer fórmulas pertencentes à vida corporal transitória!


Namastê / Laroyê

21.9.25

HELENA BLAVATSKY - TEOSOFIA

Helena Blavatsky fundou a Teosofia. Nasceu na Rússia em 1831 e desencarnou no ano de 1891.

A origem da palavra Theosophia é grega e significa literalmente, Sabedoria Divina.

Helena era dotada de mediunidade desde a infância. Antes dos 20 anos de idade, Helena recebeu um chamado do Espírito Mahatma Morya – homem que via em seus sonhos – para que ela se dedicasse ao legado da teosofia. 

A escritora viajou para diversas partes do mundo e conversou com diferentes pensadores para desenvolver o seu trabalho.

A verdade, o divino e a sabedoria podem ter significados diferentes para cada um, a depender do grau evolutivo que o indivíduo se encontre, e de sua evolução.

A teosofia não possui uma obra básica que funcione como autoridade do assunto. Não há um livro "principal" sobre o estudo da teosofia ou dos temas que a cercam, justamente para não impor uma compreensão sobre algo, mas sim cultivar a busca por conhecimento.

Os princípios da teosofia incluem: a fraternidade universal, o estudo comparativo de religião, filosofia e ciência, e a investigação das leis ocultas da natureza.

A teosofia ensina a doutrina do Carma e da Reencarnação, onde os seres humanos são centelhas divinas que evoluem através de múltiplas vidas para retornar à unidade com o Espírito.

A busca pela sabedoria divina interior é realizada através de práticas como estudo, reflexão e meditação (reforma íntima), visando o autoconhecimento e a melhoria contínua.


Os Objetivos da Sociedade Teosófica fundada por Helena Blavatsky, são:

- Fraternidade Universal
Criar um núcleo de união entre todos os seres humanos, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor.

- Estudo Comparativo
Estimular o estudo comparativo de ciência, filosofia e religião, para descobrir a verdade subjacente a todas as tradições.

- Investigação Oculta
Investigar as leis ocultas da natureza e os poderes latentes no homem, que são considerados uma parte da evolução espiritual.

A Teosofia ensina👇

Carma e Reencarnação:

A teosofia ensina que as ações em vidas passadas determinam as condições da existência atual, num processo de evolução através de várias encarnações.

Progresso Espiritual:
A lei de involução e evolução visa o retorno da Centelha Divina à sua origem, o Absoluto, através de um processo de purificação gradual das escórias terrenas.

Natureza do Homem:
Os seres humanos são vistos como centelhas divinas aprisionadas no plano material, com o objetivo de retornar à sua unidade espiritual.


7 Princípios da Teosofia

  1. Sthula-Sharira ou Corpo Físico: O veículo material, o corpo que recebe os efeitos das funções dos outros princípios e é o instrumento das operações universais.
  2. Prana (Princípio Vital): A força vital indispensável que sustenta os quatro princípios inferiores e confere vida ao corpo físico.
  3. Linga-Sharira (Modelo ou Forma Astral): O duplo astral, um modelo que serve de forma e padrão para o corpo físico, também conhecido como o corpo energético.
  4. Cama (Centro de Desejos): A sede das emoções, desejos e paixões, o centro do lado mais animal do homem, a dimensão emocional e dos sonhos.
  5. Manas (Mente): A inteligência e a mente, com funções duais, que pela sua luz liga a mônada imortal ao homem mortal, constituindo a dimensão dos pensamentos e crenças.
  6. Buddhi (Alma Espiritual): A alma espiritual, veículo ou instrumento de Atma, o espírito universal.
  7. Atma (Espírito): O princípio espiritual, o verdadeiro eu, a centelha divina dentro do ser humano.


👉Em "A Missão do Espiritismo" ditado pelo Espírito Ramatis pela mediunidade de Hercílio Maes temos as seguintes informações:


PERGUNTA: Que dizeis da Teosofia, doutrina que também admite a Reencarnação e a Lei do Carma?

RAMATÍS: Teosofia, em essência, deveria expressar a ideia de “Ciência de Deus”; no entanto, constituiu-se, também, numa doutrina com certo aspecto religioso, graças à fundação da “Sociedade Teosófica”, de Nova York, em 1875, por Helena Blavatsky. 

A sociedade, posteriormente, progrediu com a adesão de adeptos de boa envergadura intelectual, como Annie Besant, o Bispo C. W. Leadbeater, Sinnet, Olcoot e outros, que seguiram as pegadas de Madame Blavatsky.


PERGUNTA: Qual o conteúdo fundamental da doutrina teosófica fundada por Madame Blavatsky?

RAMATÍS: Assemelha-se a quase todas as doutrinas religiosas que colocam a criatura na dependência de sua origem divina e do retorno à fonte criadora de Deus. 

A Teosofia, como a Rosa-Cruz e o Espiritismo, prega a necessidade de o homem livrar-se, o mais cedo possível, dos grilhões da matéria ou das ilusões da vida humana. 

E, consequentemente, apela para o conhecimento, educação e domínio do espírito sobre a carne, esclarecendo sobre a nocividade dos vícios, paixões e hábitos, que mais algemam o ser à vida física. 

É o conhecimento da Verdade, a iluminação pela meditação ou pelo
raciocínio desenvolvido sob a vontade sadia e disciplinada. A Teosofia não se ajusta à ideia de um Deus pessoal; e prega a fraternidade entre todos os homens como um recurso de amparo e proteção ao próprio indivíduo. 


PERGUNTA: Quais os contatos mais eletivos da Teosofia com o Espiritismo?

RAMATÍS: A Teosofia, como é peculiar à doutrina espírita, também se considera filosofia, religião e ciência. Ajusta-se ao conceito filosófico porque também cuida e explica o plano da evolução das almas e dos corpos nos diversos ciclos evolutivos dos planetas do nosso sistema solar; é admitida como religião, porque indica o caminho moral no esforço consciente do homem aproximar-se, cada vez mais intimamente, do seu Criador; como ciência, trata da investigação e estudo dos fenômenos do mundo imponderável, mas livre de tabus, superstições e lendas. 

Ensina que o homem não deve confiar cegamente na fé teológica sem base positiva, mas examinar por si mesmo os poderes latentes que existem na intimidade de todos os seres e são outorga do Espírito do
Criador!


PERGUNTA: E quanto à concepção da morte, onde ela mais se aproxima do Espiritismo?

RAMATÍS: Os teosofistas encaram a morte como um fato comuníssimo. É a extinção lógica de uma vida que proporciona ao homem os meios dele acumular, concentrar e dinamizar as energias que depois lhe são preciosas nos mundos etéreos.

Consideram a morte à guisa do indivíduo que despe o sobretudo protetor num ambiente frigido e depois enverga o traje tropical para manifestar-se num clima suave. 

Assim como os espíritas, os teosofistas também consideram o berço e o túmulo um rápido período, em que a alma do homem comparece a uma audiência na crosta física para reajustar suas complicações e imprudências pretéritas! 

A Teosofia ensina, também, quanto à existência do Anjo ou do Homem Perfeito, que depois ingressa na Hierarquia Sideral Superior e se torna um Mestre dos "adeptos menores", que ainda marcham à retaguarda avançando para a redenção espiritual.

O Homem deve superar, consecutivamente, os diversos veículos de que ele se utiliza na sua encadernação na carne; evolui desde o tipo selvático até ao organismo eletivo do santo, desenvolvendo a inteligência, a vontade e o discernimento espiritual através das suas diversas reencarnações.


PERGUNTA: Há proibição do teosofista devotar-se a outras religiões ou doutrinas, após filiar-se à Teosofia?

RAMATÍS: Considerando-se que o termo "teosofia" é mais propriamente definição de "ciência divina", a Teosofia, embora seja doutrina particularizada, não deve limitar, restringir ou contrariar a crença alheia, porém, esclarecer, ensinar e elevar o crente de qualquer religião sem exigir-lhe abdicação ou adoção dos preceitos teosóficos. Em sua finalidade religiosa deve até restituir a crença ou a fé debilitada aos crentes alheios. 

A sua função ou missão, aliás, ainda incompreendida por muitos dos seus adeptos, seria despertar e desenvolver no homem, participante de qualquer credo ou doutrina, a confiança, o ânimo, a pesquisa e o estudo de si mesmo, fazendo-o perceber que ele é o único capaz de organizar sua própria ventura espiritual! Cada homem é o autor de sua ventura, glória ou sabedoria!

Ninguém poderá impor a felicidade ao próximo, nem mesmo descobrir-lhe a realidade da alma atuando do mundo exterior para o seu interior!

Em nossa última encarnação na Indochina, aprendíamos, desde cedo, o seguinte aforismo: "Ninguém pode achar o Espírito por fora, se não o encontra por dentro! Não se pode provar a alguém a realidade do Espírito, se ele duvida de que existe"!


PERGUNTA: Como o teosofista encara a Lei do Carma?

RAMATÍS: As vicissitudes, tragédias, os dramas e malefícios são para o teosofista esclarecido, apenas acontecimentos temporários, superficiais, provisórios, mas de profunda significação para a sua escalonada espiritual.

Considerando-se que o objetivo mais importante da vida do ser é a sua própria angelitude, o bom teosofista não protesta contra o destino desagradável, que lhe dá oportunidade de desenvolver suas faculdades criadoras e comprovar sua sabedoria à luz da crosta planetária.

A desgraça, que às vezes, tanto estigmatiza ou conturba o ser, nada mais é que a arguição para os Mestres conhecerem a capacidade do aluno em curso no ciclo escolar primário do mundo terrícola.

O homem não deve arrasar-se pela tristeza ou pelo desespero, pois tudo é transitório e se constitui num processo de angelização. Naturalmente, o teosofista não pretende ser insensível aos males e problemas que o rodeiam, no mundo, mas deve superá-los como coisas provisórias, ensejos educativos e de breve duração.

Evidentemente, referimo-nos aos teosofistas conscientes e estudiosos, tal qual os espíritas devotados aos princípios salutares de sua doutrina. 

A Teosofia ensina que os espíritos ingressam na vida atribulada do mundo físico para triunfar no campo das 'atividades humanas, seja na pobreza ou riqueza. 

Mas o homem não deve aferrar-se ao que acumula, realiza e adquire, mas viver realizações superiores e sem escravizar-se à obra.

Pode viver como vivem os homens ricos ou potentados, mas tão prudente, que não se deixe prender pelos grilhões dos bens e objetos do mundo ilusório! 

O teosofista deve ser consciente de sua absoluta unidade espiritual à humanidade, como um todo nutrido pela mesma substância lucífera da Fonte Divina!

Por isso, jamais pode tirar proveito de ações que prejudiquem os demais homens! Sob qualquer condição religiosa, de crença ou doutrina humana, o espírito do homem só progride para a angelitude tanto quanto ele mais beneficia os seus irmãos da mesma jornada carnal!


PERGUNTA: Os teosofistas não aceitam a mediunidade nem a comunicação dos espíritos, tal qual acontece com os espíritas. Não é assim?

RAMATÍS: Evidentemente, se aceitassem a prática mediúnica e a
comunicação com os espíritos na forma preceituada por Kardec, os teosofistas então seriam espíritas, sem dúvida! 

O seu modo de trabalhar é diferente porque reúnem-se em grupos de estudos, arguições e pesquisas de filosofia espiritual, e o fazem mais pela intuição, em vez de comunicações mediúnicas diretas.

Mas é óbvio que também se relacionam com os espíritos desencarnados, embora o neguem de fazê-lo diretamente pelos recursos mais ostensivos da mediunidade. 

Todos os homens estão cercados de espíritos que os assistem, tentam, protegem, ajudam ou exploram, quer sejam teosofistas, rosa-cruzes, yogas, espíritas ou católicos! Os encarnados atraem espíritos de conformidade com suas ideias, paixões ou intenções, pouco importando a sua crença ou religião.


PERGUNTA: Porventura, o trabalho de passes, receituário, doutrinações e incorporações de espíritos necessitados, não é um processo mais eficiente e caritativo do que as reuniões intelectivas e pesquisadoras dos teosofistas?

RAMATÍS: Haveis de convir que são modos diferentes de cultuar a Divindade ou de se relacionar com o mundo oculto. As reuniões espíritas obedecem a um sistema doutrinário, próprio do gênero da doutrina codificada por Kardec; e as reuniões dos teosofistas representam o modo peculiar deles exercerem sua doutrina.

Não merecem censuras os espíritas pelo modo de cumprir os seus postulados doutrinários, nem os teosofistas pela sua habitual maneira doutrinária. Quanto à questão de caridade é assunto muito vasto para se julgar através de simples reuniões de homens praticando os postulados de suas doutrinas.

Há caridade física, moral, espiritual e até educativa! É possível que na mesa teosofista, sem a preocupação diretamente caritativa, o ensinamento, às vezes, liberte do álcool um pai de família; destrua a ideia de suicídio de algum homem desesperado ou reconforte e console quem já perdeu toda a confiança na vida, e existem transformações individuais, discernimentos e decisões novas que, independente de doutrinas e religiões, podem modificar uma família, um bairro e até uma cidade!


PERGUNTA: Então, não seria melhor o homem abandonar as práticas mediúnicas preceituadas pelo Espiritismo, em face da sua precariedade espiritual no intercâmbio com o Invisível?

RAMATÍS: Embora louvando as considerações prudentes dos teosofistas e outras escolas espiritualistas sobre os perigos da mediunidade, convém distinguirmos a época em que viveis, comparada ao tempo das confrarias ocultas e da rigorosa exigência nas práticas espirituais.

O próprio Jesus preconizou a vinda do "Consolador" a derramar-se pela carne de todos os homens e facultando a profecia e o dom de curar às crianças, aos moços e velhos, focalizando assim o advento da mediunidade generalizada.

O Mestre previu que no dealbar do século XX a humanidade estaria cada vez mais neurótica, aflita e desesperada, ante a emersão do instinto animal inferior tentando romper o temor religioso e as convenções sociais do mundo.

Por isso, João Evangelista profetizara que no "fim dos tempos" a Besta do Apocalipse tentaria o seu domínio sobre os homens pela prática das sensações inferiores, sedução do luxo e da fortuna!

Em verdade, cresce a perturbação no seio da humanidade terrícola, pois foram abertas as comportas do astral inferior e descem para a carne a multiplicidade de espíritos trevosos, que viviam estagnados no caldo de cultura dos pântanos infernais!

Assim, aumenta a fauna dos desregrados, rebeldes, viciados, tiranos, perversos e inescrupulosos, revelando taras estranhas e cometendo crimes aviltantes! 

E "Satanás seria solto depois de mil anos e teria pouco tempo para agir", pois Satanás, na verdade, é o símbolo da escória espiritual atuando sobre a face do orbe!

"E ele tomou o dragão, a serpente antiga, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos; e meteu-o no abismo, e fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não engane mais gentes, até que sejam cumpridos mil anos; e depois disso convém que Satanás seja desatado por um pouco de tempo". Apocalipse de João, Capítulo XX, V 2 e 3.

O homem não consegue fugir do contato com o mundo invisível, nem livrar-se facilmente da horda de almas sedentas de prazer, de vingança e de paixão, que se debruçam avidamente sobre a humanidade! 

Ademais, não é o homem que busca a sensibilização mediúnica; porém, esta é que surge em sua vida, malgrado qualquer descrença ou rebeldia aos postulados espiritistas ou umbandistas.

Nem a Teosofia, mormente a sua aversão à mediunidade ostensiva, poderá resguardar seus adeptos da probabilidade de serem "bengalas vivas" dos desencarnados! 

Os espíritos obsessores e malfeitores vivem aderidos ao pó do mundo e perambulam pela Crosta terráquea alimentando-se com os eflúvios pecaminosos, frutos das paixões e dos vícios detestáveis da humanidade.

Eles só entendem a natureza do mundo terráqueo, onde já viveram conturbados e simpatizam-se à linguagem dos homens fesceninos e inescrupulosos! São almas prenhes de ressentimentos e revoltadas contra qualquer empreendimento conciliador que lhes exija modificações íntimas.

Mas, rasteando com os homens, elas terminam envolvidas pelos pensamentos e sentimentos dos bons trabalhadores do Cristo, até submeterem-se aos serviços mediúnicos, cujos médiuns serão os intérpretes de suas próprias aflições e problemas atrozes.

Jamais o Criador perderá uma só ovelha; e, por isso, os próprios "satanases" também serão salvos no momento oportuno!


PERGUNTA: Porventura, os teosofistas não têm razão, quando alegam que o homem pode lograr a sua redenção espiritual, dispensando a prática mediúnica?

RAMATÍS: Desde que os homens cumprissem integralmente os ensinamentos ministrados em todas as latitudes geográficas, por instrutores espirituais como Hermes, Orfeu, Moisés, Krishna, Zoroastro, Fo-Hi, Confúcio, Buda ou Jesus, é óbvio que eles poderiam dispensar o complexo processo da mediunidade desenvolvida com espíritos sofredores e rebeldes, que às vezes os conturbam!

Então, a humanidade desenvolveria a sua mediunidade somente no plano da Intuição Pura, tal qual acontecia a Jesus, que podia conversar com os anjos, embora o seu espírito estivesse enclausurado na carne!


PERGUNTA: Os teosofistas ainda discordam de que seja preciso doutrinar os espíritos sofredores e perturbados através de médiuns, pois isso é tarefa comum no Além e dispensa a interferência dos encarnados. Que dizeis?

RAMATÍS: Sem dúvida, antes da codificação espírita já existiam espíritos sofredores que eram doutrinados no Espaço e dispensavam os trabalhos mediúnicos da Terra.

Mas em face da época profética de "fim dos tempos" e seleção espiritual, além da carga magnética inferior que satura todo o orbe, os Mestres Siderais autorizaram a eclosão da mediunidade entre os homens, a fim de cooperarem espiritualmente na redenção dos seus irmãos infelizes e desencarnados.

Em consequência, o Espiritismo é o movimento espiritualista mais eficiente e sensato para disciplinar os médiuns e orientar-lhes as relações perigosas entre "vivos" e "mortos", dando-lhes a garantia e segurança contra as investidas malfeitoras do mundo oculto.

Por isso, é doutrina sem mistérios, tabus ou compromissos religiosos. O espírita não precisa abandonar suas obrigações cotidianas, nem submeter-se aos retiros purificadores ou isolar-se em conventos, monastérios e confrarias exóticas para merecer o apoio dos Mestres!


PERGUNTA: Dizem os teosofistas que a libertação espiritual só é possível através da "autotransformação", ou "autodiscernimento", e não pela prática mediúnica! Isso não justifica a existência das confrarias iniciáticas do passado, resguardando os valores do Espírito somente aos eleitos?

RAMATÍS: Inegavelmente, é o aprimoramento íntimo espiritual, a abdicação consciente das ilusões da vida carnal, ou o treino mental de libertação dos instintos inferiores, o que realmente gradua o espírito para a sua ascese angélica.

O Espiritismo, embora seja doutrina vulgarizando os segredos iniciáticos à luz do dia, é a clareira que se abre na escuridão do ceticismo humano para mostrar a todos os homens a estrada larga da vida imortal!

Admitiam exclusivamente os discípulos de capacidade psíquica e adestramento mental que já pudessem corresponder aos "testes" severos e às arguições complexas exigidas pelos Mestres dessas confrarias.

Os candidatos eram selecionados através de provas que lhes identificavam as qualidades superiores, mas os céticos, os curiosos e os menos aquinhoados em espiritualidade, isto é, os que mais precisavam de esclarecimentos espirituais, esses ficavam à margem, reprovados pela sua insuficiência e enfim, eram admitidos os mais esclarecidos e desaprovados os mais necessitados!

Por isso, o Alto então optou pela prática mediúnica, embora reconhecesse tratar-se de um evento ainda imaturo para os homens escravos das paixões inferiores, agrilhoados aos postulados separativistas de pátria, raça e religiões, que servem de combustível às guerras fratricidas!

A mediunidade, portanto, é recurso de emergência, espécie de "óleo canforado" para erguer a vitalidade espiritual do terrícola e mantê-lo desperto para a severa arguição do Juízo Final!

Não importa se os ensinamentos e segredos das confrarias
iniciáticas foram vulgarizados pelo Espiritismo e traído o sigilo dos templos, mas a verdade é que o Alto assim proporciona os recursos de salvação a todos os homens! Então. salve-se quem quiser, mas o Senhor tudo fez para "não se perder uma só ovelha"!


Namastê / Laroyê

APOCALIPSE: ESCOLHAS E OS PROCESSOS OBSESSIVOS COMPLEXOS

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