28.9.25

O ESPIRITISMO E O CATOLICISMO

Em "A Missão do Espiritismo" ditado pelo Espírito Ramatis através do médium 'Hercílio Maes'; temos as seguintes ponderações:


PERGUNTA:
Qual a diferença mais pronunciada entre Catolicismo e Espiritismo?

RAMATÍS: O Espiritismo é doutrina que se divulga preservando a pureza iniciática do Cristianismo, pois não está grampeado a quaisquer ritos, símbolos, insígnias, idolatrias ou dogmas. 


Sua atividade é singela e destituída de qualquer cerimônia que desperdice o tempo dos seus adeptos. Procura seguir a mesma diretriz iniciática das reuniões simples do Mestre Jesus e seus apóstolos.

O Catolicismo, no entanto, embora com seus postulados inspirados também no Cristianismo, tornou-se uma organização religiosa regida por extensa hierarquia sacerdotal, sob o comando do Papa, sediado em Roma. E para atrair e impressionar as massas, adotou nos seus templos um cerimonial de pomposa e complicada liturgia.


PERGUNTA: O Catolicismo teria falhado na sua missão religiosa?

RAMATÍS: Graças à Igreja Católica, a figura do inolvidável Mestre Jesus permaneceu viva, sempre em destaque, na mente humana, até o século atual. 

Embora tenha abandonado a singeleza e a naturalidade dos tempos apostólicos, devemos ao Catolicismo a mensagem fundamental do Cristianismo.

Não pretendemos julgar os erros da Igreja Católica, pois tais equívocos são frutos da imperfeição humana. E não devemos esquecer as figuras consagradas de Francisco de Assis, Vicente de Paula, Teresinha de Jesus, Dom Bosco, Padre Damião, Antônio de Pádua e outros missionários, que tanto valorizaram o Cristianismo através dos preceitos católicos.

O Catolicismo falhou na sua missão espiritual, desde que fez conchavos com a política do mundo, visando enfeixar o poder material. 

Foram propósitos obscuros em que a Igreja Católica Romana aliou-se aos reis e aos poderosos, liderando movimentos tristes como a Inquisição, num flagrante desmentido à ideologia espiritual do Cristo.

Não se pode censurar toda a comunidade católica, pois ela também iluminou o mundo inspirando atos sublimes através de seus sacerdotes e frades crísticos. 

Muitas vezes, bispos e sacerdotes, dignificados por uma conduta superior, rebelaram-se, preferindo a excomunhão em vez de abdicarem a favor de bulas e decisões, que dariam poderes à Igreja, mas desmentiriam o “reino do Cristo”! 

A Igreja teria se esfacelado, caso não abrandasse a sua reação entre os dominadores do mundo e conquistadores da época, numa luta épica pela sobrevivência, principalmente durante as invasões em seus domínios


PERGUNTA: Poderíamos admitir que o Espiritismo diverge do Catolicismo, principalmente porque não admite ritualismos, pompas, hierarquia sacerdotal, adorações idólatras e outros movimentos religiosos?

RAMATÍS: A doutrina espírita não foi codificada para contrariar e criticar as atividades da Igreja Católica, como um novo censor religioso na face do orbe. 

O Espiritismo é atividade espiritualista, que surgiu no momento psicológico de o homem entender a existência das forças ocultas do mundo e compreendê-las através do próprio avanço científico. 

Inúmeras descobertas da Ciência atual existem desde a formação do mundo; porém, estavam habilmente veladas pela simbologia tradicional dos templos, confrarias iniciáticas ou pela complicada terminologia da magia dos alquimistas.

O Espiritismo veio revelar o mundo oculto sem essas complexas alegorias e explicar tudo de maneira fácil, clara e sem superstições. 

Daí o motivo por que rejeita dogmas, simbologias exóticas ou cerimoniais complexos, sem preocupação de censurar a Igreja Católica, que ainda precisa de tais recursos para incentivar os fiéis muito presos às coisas do espírito, e menos ao espírito das coisas!

Ademais, as seitas religiosas e os movimentos reformistas, que divergem e contrariam a própria fonte católica em sua origem, nascem, crescem e desaparecem, depois de atenderem a determinados grupos de crentes eletivos à sua composição doutrinária. 

É o caso do Protestantismo, que rebelou-se contra a Igreja Católica através de Martinho Lutero, mas também subdividiu-se em dezenas de outras ramificações, dispersas pelo mundo, em agressiva competição religiosa.

PERGUNTA: Ainda se justifica a existência da Igreja Católica, apesar do avanço científico que revela incessantemente a existência de fenômenos poderosos, que desmentem as histórias infantis da Bíblia?

RAMATÍS: A Igreja Católica ainda cumpre determinada missão junto às criaturas incapazes de se identificarem com a Divindade sem o recurso infantil de imagens, ritos e adorações idólatras. 

Por isso, não deve ser subestimada em sua fé e ingenuidade religiosa, que são condições próprias do seu grau espiritual

A medida que os católicos forem despertando do seu letargismo mental e acicatados pelo cientificismo do mundo, eles buscarão outras doutrinas que lhes atendam, com mais eficiência, a novas disposições espirituais acerca dos destinos humanos e das consequências da vida do espírito no Além Túmulo!

Muitos católicos ainda não conseguem empreender o "grande salto" e libertarem-se das formas escravizantes do rito luxuoso e dogmas da Igreja, preferindo a simplicidade das reuniões espíritas, sem os atrativos de imagens, liturgias e decorações pomposas. 

Por isso, estacionam na Umbanda, atraídos por ritos, paramentos, simbologias, incenso e cânticos, que lhes evocam o ambiente peculiar da Igreja, ainda fixado em sua memória. 

Em contato com os pretos-velhos, silvícolas e caboclos, eles amenizam a ausência dos sacerdotes e da confissão auricular, expondo suas aflições e rogando o socorro divino! 

No entanto, malgrado ainda transformarem a Umbanda em "agência de empregos e soluções materiais", ali aprendem os processos lógicos da Lei do Carma e da Reencarnação, que não lhes era ensinado pela Igreja.

Portanto, a "mística" da Igreja Católica ainda é o alimento das almas impossibilitadas de substituir, bruscamente, as histórias e lendas bíblicas, que afagam desde muitos séculos. 

E se cabe ao Espiritismo libertar o homem do fetichismo, culto idólatra, superstições e fanatismos religiosos, isso deve ser feito sem violentar-lhe a imaturidade espiritual.


PERGUNTA: Em que ponto o Espiritismo é de maior amplitude que a Igreja Católica?

RAMATÍS: A doutrina espírita é mensagem universalista endereçada a todos os homens religiosos, mas sem pretender misturar seitas que depreciam a sua substância doutrinária e que trariam confusão. 

É apelo de esperanças e alegrias futuras, honrando o amor universal do Cristo através do seu sublime Evangelho; e extinguindo o medo da morte e o terror das punições infernais. 

Mensagem otimista e ilimitada, respeitando credos e doutrinas alheias, conforta e estimula a prática do bem em todas as instituições do mundo.

Ensina a evolução do ser pelo seu esforço e sacrifício, sem privilégios ou graças extemporâneas. O Amor é a arma inseparável do espírita e o Bem a sua máxima realização.

O sofrimento e a dor reajustam e não castigam; purgam o espírito dos miasmas de suas próprias ações pecaminosas, no ensejo de abençoada recuperação espiritual pela reencarnação. 

A violência, intolerância, maldade, desforra, o esbulho ou o crime, malgrado atribuídos na Bíblia à ordem divina, jamais serão endossados pela doutrina espírita.

Enfim, a velha divisa de que "fora da Igreja não há salvação", foi superada pela insígnia da doutrina espírita, que diz "fora da Caridade não há salvação"!


PERGUNTA: Alguns católicos alegam que os homens pecadores ficam dispensados de quaisquer responsabilidades ou punições depois da morte, segundo a doutrina espírita, que nega o Céu e o Inferno! Que dizeis?

RAMATÍS: Conforme a mensagem mediúnica do nosso companheiro Atanagildo (Vide a obra "A Sobrevivência do Espírito"), que vamos lembrar alguns trechos na sua composição original, o inferno teológico é um produto lendário e tradicional criado pela fantasia dos povos hebreus. 

Eles escolheram o "melhor" do mundo para compor um cenário agradável que denominaram o céu, e reservaram o que há de mais cruel, na Terra, para então imaginarem o inferno com seu temível Satã!

Enquanto as religiões católicas e protestantes consideram o inferno um lugar pródigo de enxofre e fogo adrede preparado para o tormento eterno das almas pecadoras, o Espiritismo explica isso pelos estados de sofrimento, pavor, medo e remorso, que os próprios espíritos falidos sofrem em si mesmos como punições infernais. 

Mas não é sofrimento eterno, ao molde católico e sob deliberado castigo de Deus; mas, sim, expurgo moral de venenos psíquicos aderidos ao perispírito dos falecidos. Trata-se de saiu tal higienização da alma impura e do processo sideral para condicioná-la ao céu.

Os católicos e protestantes também crêem no purgatório, espécie de antecâmara entre o céu e o inferno, da qual as almas só se livram depois de purgar seus pecados menores. 

O Espiritismo também admite a ideia do purgatório, porém, num ensejo de as almas expelirem suas impurezas perispirituais durante a vida física ou nos pântanos e charcos do astral inferior. 

Os espíritos pecadores expurgam a escória do seu perispírito para a carne, através de existências sucessivas; mas o saldo deletério restante só pode ser drenado, em definitivo, nas regiões do lamaçal das regiões umbralinas.

Enquanto o Catolicismo admite o inferno e o purgatório, como "castigo" e sofrimento para o pecador, o Espiritismo admite o sofrimento e a purgação como processos de "limpeza" e reajuste perispiritual

Na concepção espírita, o homem cria o seu próprio estado infernal e o necessário purgatório para eliminar suas impurezas; na tradição católica, Deus é o autor do inferno, como lugar específico para punir os filhos pecadores.

Em consequência, apesar de a doutrina espírita negar o céu e o inferno, como lugares expiativos, nem por isso os espíritos faltosos deixam de sofrer as condições disciplinadoras dos seus atos condenáveis. 

A superioridade da tese espírita sobre a católica, é que não há "punição divina", mas apenas "retificação espiritual"!


PERGUNTA: Mas os católicos insistem que o inferno também foi criado por Deus, para onde foram desterrados os anjos rebeldes?

RAMATÍS: Deus não criou nenhum inferno destinado especialmente para castigar seus filhos pecadores, pois isso seria incompatível com a magnanimidade e sabedoria divinas. 

Mas a ideia foi gerada no cérebro humano por força do sofrimento do próprio espírito, nas suas romagens de retificação espiritual pelo Espaço. 

O inferno teológico das velhas oleogravuras hebraicas é um produto lendário e tradicional criado pela fantasia dos homens. Obedecendo ao próprio condicionamento da vida humana, os sacerdotes criaram o céu para estimular as virtudes; e o inferno para reduzir os pecados!

Toda beleza, bondade e pureza humanas serviram para compor a figura atraente do anjo; e toda maldade, perfídia, sadismo e feiúra humanas formaram os atributos da figura atemorizante de Satanás. 

O anjo é o produto do melhor imaginado pelo homem, e o diabo o pior! Mas os teólogos esqueceram-se de melhorar tanto o céu como o inferno, à medida que a humanidade evoluiu através de novos descobrimentos científicos e realizações artísticas cada vez mais avançadas. 

Em consequência, o paraíso teológico ainda hoje apresenta as mesmas emoções e prazeres medíocres já conhecidos há milênios; e o inferno continua com os mesmos castigos anacrônicos e o cenário medieval de quanto foi imaginado pela mente humana! 

O mundo terreno progrediu cientificamente em todos os setores de suas atividades, mas o céu ainda continua, no século XX, o palco das monótonas procissões de "eleitos", cantando ladainhas ao som de rabecas e harpas chorosas; e o inferno, um lugar de bagunça, onde os gritos dos pecadores torrando no fogo, misturam-se aos berros e à ira dos diabos neuróticos!

Mas a verdade é que o Diabo não passa de um produto mórbido da imaginação humana. Aliás, é muito difícil o homem pintar um Diabo pior do que si mesmo, pois história terrena é pródiga de atrocidades, crimes, torpezas, impiedades ou vinganças, que ultrapassam a imaginação estreita de qualquer Lúcifer! 

Evidentemente, ele não teria capacidade para realizar cometimentos tão devastadores e horríveis como os das cruzadas da Idade Média, onde se retalhavam vivos os "infiéis"; milhares de católicos apunhalavam os protestantes por ordem de Catarina de Médicis; os sacerdotes torravam hereges e judeus, nas fogueiras da Santa Inquisição; ali, matavam-se os cristãos nos circos romanos ou os transformavam em tochas vivas, para iluminar as orgias imperiais.

Gengis-Kahn fazia pirâmides de cabeças decepadas do inimigo; Atila, o "flagelo de Deus", arrasava cidades indefesas, misturando o sangue humano com o fogo; acolá, na China, praticavam chacinas monstruosas; na Turquia, enterravam-se vivos os condenados; na índia, empalavam-se infelizes.

Finalmente, na última guerra, os nazistas assassinavam milhões de judeus nas câmaras de gases, ou os fuzilavam em massa! E o pobre Diabo mitológico teria ficado estarrecido ante a volúpia e o sadismo do homem do século XX, que, premindo um botão, lançou a bomba atômica e transformou em gelatina fervente 120.000 criaturas que respiravam oxigênio e faziam planos de ventura.

Por conseguinte, o Diabo, na atualidade, é figura de pouca importância e bastante superada pelo maquiavelismo do homem, que o venceu em maldade, hipocrisia, luxúria, avareza e desonestidade.


PERGUNTA: Há fundamento de o Espiritismo dispensar a consagração do casamento religioso católico entre os seus adeptos? Ou de não adotá-lo em suas instituições?

RAMATÍS: O espírita ciente de que o Espiritismo não adota cerimoniais ou culto religioso em sua feição dogmática, também não admite a consagração religiosa do casamento, seja de formação católica ou mesmo espírita. 

Basta-lhe, somente, a consagração das leis dos homens para o seu compromisso conjugal e garantia da vivência contratual sob
o respeito do mundo. 

Não cabe aos espíritas condenar as preferências ou convicções dos
outros religiosos, pois a crença é livre, mas sob o ensino espiritista não ignora que as fórmulas, cultos, preceitos e dogmas religiosos são absolutamente transitórios no convencionalismo da vida humana; ermbora representem mensagens de excelente sugestão para o homem interno, é preciosa perda de tempo para aqueles que já descobriram caminhos desimpedidos de óbices alegóricos na busca da Realidade Espiritual!


PERGUNTA: 
Mesmo a título de aperfeiçoamento, o espírita não poderia esclarecer o próximo da inutilidade do batismo, casamento, crisma e de cerimônias religiosas, que não modificam a estrutura intima da alma?

RAMATÍS: Principalmente o espírita precisa distinguir com muito senso entre "esclarecer" e "criticar". Muitas vezes, como diz o adágio, "Enquanto crescem ervas daninhas no seu jardim, o jardineiro critica o jardim do vizinho". 

Aliás, o respeito, a tolerância e a bondade para com os equívocos do próximo são preceitos fundamentais da moral espiritista!

Embora o Espiritismo não admita liturgias, cerimônias e cultos complexos, não é lícito aos espíritas censurarem aqueles que os adotam como fundamento dos seus postulados doutrinários. 

As instituições religiosas ou espiritualistas são degraus que correspondem a determinado grau evolutivo de seus adeptos. 

A medida que eles progridem para o entendimento superior, é óbvio que também buscam novas fontes de devoção e aprendizado espiritual. 

Quando o católico fatiga-se no culto exaustivo e dos dogmas
misteriosos, ele também se faz eletivo para outro credo mais racional, como sejam o protestantismo, o espiritismo, a umbanda ou o esoterismo. 

No entanto, a Igreja Católica continua a cumprir a missão de aliciar sob suas asas protetoras, os crentes que ainda se afinizam ao seu tipo doutrinário. 

Considerando-se que a alfândega do "Além-túmulo" não costuma indagar da religião do "falecido", mas fundamentalmente de sua obra, parece-nos secundário e infantil qualquer preocupação religiosa ou método de adoração ao Senhor! 

Não é o rótulo de católico, protestante, espírita ou iniciado, que abre as portas do céu para os espíritos partidos da Terra; isso depende peremptoriamente de sua própria redenção espiritual. 

Aliás, diz velho adágio popular do vosso mundo que a "raposa pode mudar de pele e não mudar de manha", o que implica em se considerar que não basta mudar de "rótulo" religioso, porém, renovar o conteúdo espiritual interior.


PERGUNTA: Mas não é louvável libertar o próximo de dogmas
incongruentes e cerimônias inúteis? Não é essa a função primacial do Espiritismo?

RAMATÍS: Não é louvável convencermos o irmão menor da inutilidade de sua fé e devoção à imagem de Santo Antônio, São Sebastião, Senhor do Bonfim ou Nossa Senhora das Graças, que ele cultua no seio da nave iluminada e florida, pois em face do grande número de médiuns indisciplinados e profundamente anímicos, que, por vezes, dão incorporações excessivamente lúgubres, descontroladas e atemorizantes, é sempre angustioso para o católico recém-saído da Igreja suportar, com êxito, a nova paisagem de "libertação espiritual", oferecida pelos espíritas!

Tudo tem o seu tempo e sua hora, pois a fruta colhida prematuramente é ácida ou inconveniente para digerir. Os religiosos dogmáticos e viciados ao culto externo são como as crianças presas fanaticamente a certos objetos; não se deve tirar-lhes o que é familiar e agradável sem lhes dar cousas semelhantes! 

A libertação espiritual não é fruto de exigências, mas de eleição! No entanto, disse o próprio Jesus: "Dai água a quem tem sede!" Por isso, o espírita consciente de sua responsabilidade e dos valores da doutrina que cultua, é a fonte de água límpida para atender a sede do seu irmão cansado da jornada exaustiva entre símbolos, ídolos, cerimônias e temores

Então, é o momento psicológico de indagar das decepções ou fadiga do companheiro desanimado, oferecendo-lhe o novo ensinamento sem atravancamentos alegóricos ou litúrgicos, como ensina o Espiritismo, para a libertação espiritual.


PERGUNTA: 
Que dizeis da missa católica? Não é um ato puramente exterior, que não consegue modificar os crentes nem proporcionar a "salvação" aos mortos?

RAMATÍS: 
Mormente por tratar-se de um ato exterior é digno de todo o respeito humano, porque trata-se de uma cerimônia capaz de harmonizar a mente dos seus fiéis e afastar-lhes os pensamentos daninhos ou maledicentes, fazendo-os convergir para um só objetivo de elevação espiritual.

Enquanto os homens assistem à missa, numa atitude tranqüila, respeitosa e eletiva à ideia de Deus, treinam as forças do espírito no sentido divino. 

Embora se trate de cerimônias convencionais, que não ensejam novos conhecimentos espirituais ao homem, é sempre um estágio salutar de "consciência mental", em favor de uma elevação superior.

Muitíssimo melhor que os católicos desperdicem seu precioso tempo no culto externo e dogmático da Igreja Católica, do que vê-los no culto censurável do jogo, do álcool, da orgia ou da maledicência nos ambientes viciosos e censuráveis.


PERGUNTA: 
Mas há fundamento em os católicos adorarem imagens, quando o próprio Gênesis e os Dez Mandamentos proíbem tal coisa?

RAMATÍS: 
Quando se é católico não há motivo de censura no culto de imagens, porque isso é próprio dos postulados da Igreja Católica. É muito louvável para os espíritas dispensarem tal cometimento religioso, mas não é justo exigirem a mesma postura ou compreensão do próximo.

É absurdo exigirmos que todos os homens se transportem de avião, só porque nós descobrimos que a via terrestre é muito morosa! A imagem ainda serve de fixação mental para os religiosos que não podem manusear o pensamento sem o ponto de apoio da forma.

Ademais, é inútil a critica à adoração de imagens do culto infantil do próximo, se o crítico ainda é vítima de paixões / desregradas ou vícios pecaminosos que também o algemam à escravidão das formas

É mais pernicioso à saúde física e espiritual do homem o culto desbragado aos "ídolos" como o cigarro, o álcool, o carteado, cujas imagens não são adoradas, mas se fazem adorar!

Outros espíritas condenam a idolatria católica às imagens de pedra, mas, sub-repticiamente, devotam-se a perigosos ídolos de carne e osso, que, infelizmente, não se abrigam nos nichos das igrejas. 

Sempre é preferível a devoção fanática à figura de gesso de Santo Antônio, Santa Teresinha, Nosso Senhor do Bonfim ou Nossa Senhora da Conceição, do que o culto às imagens imponderáveis de maledicência, cólera, mentira, insinceridade, malicia, libidinosidade, ódio ou crime!


PERGUNTA: Poderíeis dar-nos alguns exemplos dessa técnica ou processo científico, que pode existir no âmago das cerimônias ou alegorias da Igreja Católica?

RAMATÍS: Sabe-se que a Magia é a arte de empregar conscientemente os poderes invisíveis para se obter efeitos visíveis. A vontade, o amor e a imaginação são poderes mágicos que todos possuem, e quem sabe empregá-los ou desenvolvê-los a contento é então considerado um mago. 

Tais recursos empregados para fins benéficos significam magia branca; mas quem os empregar para o mal então pratica a magia negra. 

Em consequência, desde a antiguidade das civilizações existiram homens poderosos que desenvolveram suas forças ocultas e as empregaram na magia branca a serviço do próximo, enquanto os malfeitores praticavam a magia negra visando aos seus exclusivos interesses e domínio nefando.

Não podemos deixar de render nossos louvores aos "magos brancos", de todas as épocas e raças, que, inspirados pela Sabedoria e Magnanimidade do Senhor, tudo fizeram para amenizar o caminho espinhoso e árduo da ascensão espiritual da humanidade. 

Eles dosaram o conhecimento oculto e perigoso ao homem comum,
revestindo-o de símbolos e alegorias inofensivas, assim como se guardam armas perigosas em cofres inacessíveis às crianças. 

Os homens de hoje muito devem aos magos brancos, sacerdotes e instrutores, que souberam ocultar na liturgia e alegoria religiosas a realidade da vida eterna do Espírito.


PERGUNTA: Que dizeis das campanhas sistemáticas de sacerdotes católicos, que procuram desmoralizar as práticas mediúnicas do Espiritismo através dos recursos da hipnose e letargia?

RAMATÍS: 
Achamos que são campanhas de excelente proveito para os espíritas comprovarem a segurança e eficiência do Espiritismo, mesmo tratando-se de hipnoses e letargias em público, com a finalidade de desmoralizar a codificação de Kardec.

Assim como a têmpera faz o aço, o Espiritismo também se mostra mais sólido e íntegro em seus princípios após as agressões adversas, lembrando a "Fênix" que ressurge das próprias cinzas!

É preciso que venha a lume todo o seu conteúdo superior e inalterável. Certas vezes os adversários ajudam de modo extraordinário, porque em suas críticas colocam-se num ângulo impessoal e apontam equívocos ou distorções dos próprios espíritas, dando ensejo ao saneamento benfeitor.

Nenhuma doutrina espiritualista foi tão combatida e perseguida como o Cristianismo; no entanto, sua continuidade e sobrevivência vital se deve muito aos adversários, que eternizaram, pelo martírio, figuras eternas como Jesus, Pedro, Paulo, Maria de Magdala e outros, glorificados pelo amor incondicional aos princípios esposados em sua vida. 

O sacrifício dos seguidores de Jesus, desde as perseguições na Judéia até o holocausto nos circos romanos, divulgou o Cristianismo com mais êxito do que se o fizessem através de oradores exímios. Assim também aconteceu com o Espiritismo! 

Sua força principal e sobrevivência tornou-se mais inexpugnável a partir das campanhas, dos ataques e sarcasmos que sofreu do Clero! A queima de obras espíritas na fogueira do Santo Ofício, em Barcelona, foi o selo definitivo de sua glorificação entre os homens!

A nosso ver, os sacerdotes que se movimentam por todo o território, na campanha febril de ridicularizar o Espiritismo, deviam ser homenageados pelos espíritas, em face do seu trabalho profícuo de "testar" os valores da doutrina e pôr à prova as qualidades morais apregoadas por Allan Kardec. 

Jamais os espíritas poderão pagar-lhes trabalho tão útil e
necessário
; em verdade, separam o "joio" do "trigo", ou o falso do verdadeiro, pois divulgam e apontam justamente aquilo que não é Espiritismo!


PERGUNTA: E qual é a maior divergência no comportamento da alma segundo o Catolicismo e segundo o Espiritismo?

RAMATÍS: O Espiritismo diverge do Catolicismo, ao ensinar que a alma do homem vem da origem dos tempos e forja sua consciência através de todas as espécies animais inferiores até adaptar-se ao corpo humano, numa evolução paralela com a própria modificação da matéria para estados superiores. 

Após a morte do corpo físico a alma retoma ao seu mundo espiritual, onde continua a trabalhar e a estudar para o seu mais breve aperfeiçoamento. 

Em seguida, ela encama-se novamente, a fim de recapitular as lições vividas e corrigir os erros das existências pregressas, sob a disciplina retificadora da Lei do Carma

Mas não vai diretamente para o paraíso dos "ociosos" ou inferno dos "pecadores falidos", após uma só existência na carne. Isso seria absurdo e injusto, da parte de Deus, ao criar almas que, em tão pouco tempo, seriam virtuosas e outras fatalmente pecadoras!

Evidentemente, a tese espírita é bem mais lógica, quando admite a reencarnação como ensejo do espírito faltoso reerguer-se através da lei cármica de Causa e Efeito.

Ademais, se a alma vem de Deus e penetra no corpo humano, conforme diz o Catolicismo, então é perfeitamente viável que ela também possa encarnar-se mais vezes na Terra. 

Se consegue encarnar-se da primeira vez, também poderá retomar dez, vinte ou cem vezes, porque há de ficar mais treinada! E se as almas realizam o mais difícil subir ao céu, também poderão efetuar o mais fácil baixar à Terra! 

Provavelmente, Deus não criou a alma movido por algum capricho tolo ou acicatado pelo sadismo de exilá-la na Terra, para depois negar-lhe o prazer justo de visitar a parentela humana. 

Ainda seria razoável que os pecadores não pudessem sair do inferno e se comunicarem com os "vivos"; mas isso não se justifica com os "virtuosos" que merecem outro tratamento divino!

Em suma, a alma do católico "desce" de Deus, habita o corpo de carne numa só existência e depois retorna ao céu ou ao inferno, terminantemente proibida de visitar o mesmo planeta, onde às vezes chega a viver um cento de anos! 

No entanto, a alma do espírita também "desce" de Deus ainda imersa na "massa espiritual", ou "espírito-grupo" e habita, gradualmente, os reinos mineral, vegetal, animal e finalmente fixa-se em centelha consciente no comando da forma humana. 

Durante o seu progresso espiritual ela também aprimora a própria matéria que lhe serve de sustentáculo no mundo planetário, pois nasce e renasce tantas vezes quantas forem precisas, para o seu "autoconhecimento" e purificação da "túnica perispiritual" exigida no Paraíso. 

Conforme a explicação espírita, a alma progride e angeliza-se independente de qualquer privilégio ou proibição divina. Mas é uma "autodidata" que erra e acerta, sofre e goza, ignora e sabe, até completar o ciclo terrestre e merecer o ingresso noutros mundos mais venturosos.

Por isso, os sacerdotes católicos contribuem satisfatoriamente a favor do Espiritismo, quando em suas práticas hipnóticas e letárgicas, comprovam em público a existência da alma! E o tiro ainda lhes sai pela culatra, porque depois querem negar a própria alma que eles provam!


PERGUNTA: O espírita pode batizar os filhos no religioso?

RAMATÍS: Desde que esteja plenamente esclarecido através do Espiritismo, o espírita sabe que é desnecessário batizar os filhos em qualquer credo religioso, embora trata-se de um ato de simbolismo espiritual. O batismo como "salvação" é um mito, porque o homem gradua-se pelas obras e não pelas cerimônias ou crenças humanas!


PERGUNTA: 
Há incoerência de alguns espíritas batizarem seus filhos no seio do Espiritismo, embora o façam com toda singeleza possível e sem ritual ostensivo?

RAMATÍS: Sob qualquer aspecto complexo ou singelo, o batismo é prioridade da Igreja Católica, cuja fórmula lhe pertence por antiguidade e tradição. 

O resto não passa de imitação ou interpretação pessoal, malgrado o tentem num ato despido de cerimônias nos centros espíritas. 

O batismo espírita não deixa de ser uma espécie de sublimação ou
saudosismo de "ex-católicos" transferidos para o Espiritismo. 

Embora o pratiquem com toda singeleza, ainda é fruto de uma intenção oculta, espécie de amarra instintiva condicionada nos cerimoniais católicos. 

É mais preferível que o espírita então batize seu filho diretamente na Igreja, pois assim evita de praticar atos incongruentes na seara espiritista!

PERGUNTA:
 
Porventura, também é censurável essa preocupação quase extremista, dos espíritas evitarem qualquer motivo, ato ou fórmula que possa lembrar o Catolicismo? Se há fanatismo no "excesso" dogmático da Igreja Católica, não é possível que também haja fanatismo no obstinado "vazio" do Espiritismo?

RAMATÍS: Há profunda diferença entre a mensagem católica e a espírita, pois ambas expressam-se em extremos opostos! 

A igreja desperta no homem a emoção da alma pela fantasia do cerimonial que simboliza o mundo divino; o Espiritismo desveste o cerimonial e expõe a realidade exata cabível na mente humana! 

Deste modo, a doutrina espírita jamais poderá transigir com qualquer ideia ou sugestão sub-reptícia, que agrilhoe novamente o seu adepto a cerimônias do mundo. 

Na função de libertador de consciências, o Espiritismo deve rejeitar o menor indício que possa fascinar a alma a quaisquer fórmulas pertencentes à vida corporal transitória!


Namastê / Laroyê

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