27.10.25

COMUNICAÇÃO MEDIÚNICA COM UM ESPÍRITO DO PLANETA JÚPITER

Essa comunicação ocorreu através da mediunidade de Allan Kardec com uma entidade do Planeta Júpiter, e esse contato completo esta narrado na Revista Espírita publicada em 09/03/1958.


NOTA: Por evocações anteriores, sabíamos que Bernard Palissy, o célebre oleiro do século XVI, habita Júpiter. 

As respostas que se seguem confirmam, em todos os pontos, quanto nos foi dito sobre esse planeta, em várias ocasiões, por outros Espíritos e através de diferentes médiuns. 

Pensamos que serão lidas com interesse, como complemento do quadro que traçamos em nosso último número. 

A identidade que apresentam com as descrições anteriores é um fato notável que vale pelo menos como uma presunção de exatidão.

👇

Para onde foste ao deixar a Terra?

─ Ainda me demorei nela.


Em que condições estavas aqui?

─ Sob o aspecto de uma mulher amorosa e dedicada. Era uma simples missão.


Essa missão durou muito?

─ Trinta anos.


Lembras-te do nome dessa mulher?

─ Era obscuro.


Agrada-te a estima em que são tidas as tuas obras? Isto te compensa os sofrimentos que suportaste?

─ Que me importam as obras materiais de minhas mãos? O que me importa é o sofrimento que me elevou.



Com que fim traçaste, pela mão do Sr. Victorien Sardou [1] os admiráveis desenhos que nos deste sobre o planeta Júpiter, onde habitas?

─ Com o fim de vos inspirar o desejo de vos tornardes melhores.



Tendo em vista que vens com frequência a esta Terra que habitaste várias vezes, deves conhecer bastante o seu estado físico e moral para estabelecer uma comparação entre ela e Júpiter. Pediríamos que nos elucidasses sobre diversos pontos.

─ Ao vosso globo venho apenas como Espírito. O Espírito não tem mais sensações materiais.



Pode-se comparar a temperatura de Júpiter à de uma de nossas latitudes?

─ Não. Ela é suave e temperada; é sempre igual, enquanto a vossa varia. Lembrai-vos dos Campos Elíseos, cuja descrição já vos fizeram.



O quadro que os Antigos nos deram dos Campos Elíseos seria resultado do conhecimento intuitivo que eles tinham de um mundo superior, tal como Júpiter, por exemplo?

─ Do conhecimento positivo. A evocação permanecia nas mãos dos sacerdotes.



A temperatura, como aqui, varia conforme a latitude?

─ Não.



Segundo os nossos cálculos, o Sol deve aparecer aos habitantes de Júpiter em tamanho muito pequeno e, consequentemente, dar muito pouca luz. Podes dizer-nos se a intensidade da luz é ali igual à da Terra ou se é menos forte?

─ Júpiter é cercado de uma espécie de luz espiritual, em relação com a essência de seus habitantes. A luz grosseira de vosso Sol não foi feita para eles.



Há uma atmosfera?

─ Sim.



A atmosfera de Júpiter é formada dos mesmos elementos que a atmosfera terrestre?

─ Não. Os homens não são os mesmos. Suas necessidades mudaram.



Lá existe água e mares?

─ Sim.



A água é formada dos mesmos elementos que a nossa?

─ Mais etérea.


Há vulcões?

─ Não. Nosso globo não é atormentado como o vosso. Lá a Natureza não teve suas grandes crises. É a morada dos bem-aventurados. Nele, a matéria quase não existe.



As plantas têm analogia com as nossas?

─ Sim, mas são mais belas.



A conformação do corpo dos seus habitantes tem relação com a nossa?

─ Sim, ela é a mesma.



Podes dar-nos uma ideia de sua estatura, comparada com a dos habitantes da Terra?

─ Grandes e bem proporcionados. Maiores que os vossos maiores homens. O corpo do homem é como o molde de seu espírito: belo, onde ele é bom. O envoltório é digno dele: não é mais uma prisão.



Lá os corpos são opacos, diáfanos ou translúcidos?



─ Há uns e outros. Uns têm tal propriedade, outros têm outra, conforme a sua finalidade.



Compreendemos isto em relação aos corpos inertes. Mas nossa pergunta refere-se aos corpos humanos.

─ O corpo envolve o Espírito sem ocultá-lo, como um tênue véu lançado sobre uma estátua. Nos mundos inferiores o envoltório grosseiro oculta o Espírito aos seus semelhantes. Mas os bons nada mais têm a ocultar: cada um pode ler no coração dos outros. Que aconteceria se assim fosse aqui?



Lá existe diferença de sexo?

─ Sim, há por toda parte onde existe a matéria; é uma lei da matéria.



Qual é a base da alimentação dos habitantes? É animal e vegetal como aqui?

─ Puramente vegetal. O homem é o protetor dos animais.



Disseram-nos que parte de sua alimentação é extraída do meio ambiente, cujas emanações eles aspiram. É verdade?

─ Sim.



Comparada com a nossa, a duração da vida é mais longa ou mais curta?

─ Mais longa.



Qual é a duração média da vida? 

─ Como medir o tempo?



Não podes tomar um dos nossos séculos como termo de comparação?

─ Creio que mais ou menos cinco séculos.



O desenvolvimento da infância é proporcionalmente mais rápido que o nosso?

─ O homem conserva sua superioridade: a infância não comprime a inteligência nem a velhice a extingue.



Os homens são sujeitos a doenças?

─ Não estão sujeitos aos vossos males.



A vida está dividida entre o sono e a vigília?

─ Entre a ação e o repouso.



Poderias dar-nos uma ideia das várias ocupações dos homens?

─ Teria que falar muito. Sua principal ocupação é o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. 

Não havendo entre eles infortúnios a serem aliviados, vão procurá-los onde esses existem: são os bons Espíritos que vos amparam e vos atraem para o bom caminho.



Lá são cultivadas algumas artes?

─ Lá elas são inúteis. As vossas artes são brinquedos que distraem as vossas dores.



A densidade específica do corpo humano permite ao homem transportar-se de um a outro ponto, sem ficar, como aqui, preso ao solo?

─ Sim.



Existem lá o tédio e o desgosto da vida?

─ Não. O desgosto da vida origina-se no desprezo de si mesmo.



Sendo o corpo dos habitantes de Júpiter menos denso que os nossos, é formado de matéria compacta e condensada ou vaporosa?

─ Compacta para nós, mas não para vós. Ela é menos condensada.



O corpo, considerado como feito de matéria, é impenetrável?

─ Sim.



Os habitantes têm, como nós, uma linguagem articulada?

─ Não. Há entre eles a comunicação pelo pensamento.



A segunda vista é, como nos informaram, uma faculdade normal e permanece entre vós?

─ Sim. O Espírito não conhece entraves. Nada lhe é oculto.



Se nada é oculto ao Espírito, conhece ele o futuro? (Referimo-nos aos Espíritos encarnados em Júpiter).

─ O conhecimento do futuro depende do grau de perfeição do Espírito: isto tem menos inconvenientes para nós do que para vós; é-nos mesmo necessário, até certo ponto, para a realização das missões de que nos incumbem. Mas dizer que conhecemos o futuro sem restrições seria nivelar-nos a Deus.



Podeis revelar-nos tudo quanto sabeis sobre o futuro?

─ Não. Esperai até que tenhais merecido sabê-lo.



Comunicai-vos mais facilmente que nós com os outros Espíritos?


─ Sim; sempre. Não existe mais a matéria entre eles e nós.



A morte inspira o mesmo horror e pavor que entre nós?

─ Por que seria ela apavorante? Entre nós já não existe o mal. Só o mau se apavora ante o seu último instante. Ele teme o seu juiz.



Em que se transformam os habitantes de Júpiter depois da morte?

─ Crescem sempre em perfeição, sem passar por mais provas.



Não haverá em Júpiter Espíritos que se submetam a provas a fim de cumprir uma missão?

─ Sim, mas não é uma prova. Só o amor do bem os leva ao sofrimento.



Podem eles falhar em sua missão?

─ Não, porque são bons. Só existe fraqueza onde há defeitos.



Poderias nomear alguns dos Espíritos habitantes de Júpiter que tenham desempenhado uma grande missão na Terra?

─ São Luís.



Não poderias nomear outros?

─ Que vos importa? Há missões desconhecidas, cujo objetivo é a felicidade de um só. Por vezes são as maiores e as mais dolorosas.



O corpo dos animais é mais material que o dos homens?

─ Sim. O homem é o rei, o deus planetário.



Há animais carnívoros?

─ Os animais não se estraçalham mutuamente. Vivem todos submetidos ao homem e se amam entre si.



Há porém animais que escapam à ação do homem, assim como os insetos, os peixes e os pássaros?

─ Não. Todos lhe são úteis.



Disseram-nos que os animais são os operários e os capatazes que executam os trabalhos materiais, constroem as habitações, etc. É exato?

─ Sim. O homem não mais se rebaixa para servir ao semelhante.



Os animais servidores estão ligados a uma pessoa ou família, ou são tomados e trocados à vontade, como aqui?

─ Todos estão ligados a uma família particular. Vós mudais à procura do melhor.



Os animais servidores vivem em escravidão ou no estado de liberdade? São uma propriedade, ou podem, à vontade, mudar de patrão?

─ Estão no estado de submissão.



Os animais trabalhadores recebem alguma remuneração por seus trabalhos?

─ Não.



As faculdades dos animais são desenvolvidas por uma espécie de educação?

─ Eles as desenvolvem por si mesmos.



Têm os animais uma linguagem mais precisa e caracterizada que a dos animais terrenos?

─ Certamente.



As habitações de que nos deste uma mostra nos teus desenhos estão reunidas em cidades como aqui?

─ Sim. Aqueles que se amam se reúnem. Só as paixões estabelecem a solidão em torno do homem. 

Se o homem ainda mau procura o seu semelhante, que é para ele um instrumento de dor, por que o homem puro e virtuoso deveria fugir de seu irmão?



Os Espíritos são iguais ou de várias graduações?

─ De diversos graus, mas da mesma ordem.



Pedimos que te reportes especialmente à escala espírita que demos no segundo número da Revista e que nos digas a que ordem pertencem os Espíritos encarnados em Júpiter.

─ Todos bons, todos superiores. Por vezes o bem desce até o mal; entretanto, o mal jamais se mistura com o bem.



Os habitantes formam diferentes povos como aqui na Terra?

─ Sim, mas todos unidos entre si pelos laços do amor.



Sendo assim, as guerras são desconhecidas?

─ Pergunta inútil.



O homem poderá chegar, na Terra, a um tal grau de perfeição que a guerra fosse desnecessária?

─ Ele chegará a isto, sem a menor dúvida. A guerra desaparecerá com o egoísmo dos povos e à medida que melhor seja compreendida a fraternidade.



Os povos são governados por chefes?

─ Sim.



Em que consiste a autoridade dos chefes?

─ No seu grau superior de perfeição.



Em que consiste a superioridade e a inferioridade dos Espíritos em Júpiter, de vez que todos são bons?

─ Eles têm maior ou menor soma de conhecimentos e de experiência; depuram-se à medida que se esclarecem.



Como aqui na Terra, lá existem povos mais ou menos avançados que outros?

─ Não, mas entre os povos há diversos graus.



Se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter, que posição ocuparia?

─ A que entre vós é ocupada pelos macacos.



Lá os povos se regem por leis?

─ Sim.



Há leis penais?

─ Não há mais crimes.



Quem faz as leis?

─ Deus as fez.



Há ricos e pobres? Por outras palavras: há homens que vivem na abundância e no supérfluo e outros a quem falta o necessário?

─ Não. Todos são irmãos. Se um possuísse mais do que o outro, com esse repartiria; não seria feliz quando seu irmão fosse necessitado.



De acordo com isso as fortunas de todos seriam iguais?

─ Eu não disse que todos são igualmente ricos. Perguntaste se haveria gente com o supérfluo enquanto a outros faltasse o necessário.



As duas respostas se nos afiguram contraditórias. Pedimos que estabeleças a concordância.

─ A ninguém falta o necessário; ninguém tem o supérfluo. Por outras palavras, a fortuna de cada um está em relação com a sua condição. Estais satisfeito?



Agora compreendemos. Mas te perguntamos, entretanto, se aquele que tem menos não é infeliz em relação àquele que tem mais?

─ Ele não pode sentir-se infeliz, se nem é invejoso nem ciumento. A inveja e o ciúme produzem mais infelizes que a miséria.



Em que consiste a riqueza em Júpiter?

─ Em que isto vos importa?



Há desigualdades sociais?

─ Sim.



Em que estas se fundam?

─ Nas leis da sociedade. Uns são mais adiantados que outros na perfeição. Os superiores têm sobre os outros uma espécie de autoridade, como um pai sobre os filhos.



As faculdades do homem são desenvolvidas pela educação?

─ Sim.



Pode o homem adquirir bastante perfeição na Terra para merecer passar imediatamente a Júpiter?

─ Sim. Mas na Terra o homem é submetido a imperfeições a fim de estar em relação com os seus semelhantes.



Quando um Espírito deixa a Terra e deve reencarnar-se em Júpiter, fica errante durante algum tempo, até encontrar o corpo a que se deve unir?

─ Fica errante durante algum tempo, até que se tenha livrado das imperfeições terrenas.



Há várias religiões?

─ Não. Todos professam o bem e todos adoram um só Deus.



Há templos e um culto?

─ Por templo há o coração do homem; por culto, o bem que ele faz.



Victorien Sardou, médium psicógrafo que trabalhou com Allan Kardec. Embora não soubesse desenho, foi o instrumento para os esplêndidos quadros de cenas de outros planetas. 

Foi membro da Academia Francesa e um dos mais fecundos comediógrafos franceses. Fonte: IPEAK


Namastê / Laroyê

26.10.25

O ESPIRITISMO E O BUDISMO

Em "A Missão do Espiritismo" através do médium 'Hercílio Maes'; analisemos os falas de Ramatis sobre o Budismo.


PERGUNTA: Há quem considere Buda superior a Jesus! Que dizeis?

RAMATÍS: Jesus é o sintetizador de todos os credos, doutrinas e religiões do mundo porque é o Governador Espiritual da Terra. 

Jamais deveis preocupar-vos quanto à sua superioridade sobre determinado instrutor religioso que o tenha precedido. 

Os antecessores de Jesus aplainaram-lhe o caminho para o melhor entendimento iniciático de sua paixão e crucificação. 

No entanto, cada um desses instrutores trouxe mensagem adequada a certo tipo de raça ou povo, ensinando-lhes a imortalidade da alma e os deveres do espírito encarnado em afinidade com os postulados evangélicos de Jesus.

Confúcio aplainou o caminho na China, Krishna na Índia, Zoroastro na Pérsia, Hermes no Egito, Orfeu na Grécia e Buda na Ásia. Todos eles pregaram conceitos semelhantes aos que Jesus depois iria proclamar na Judéia, embora sob as características peculiares do seu povo. 

Eles foram a preliminar do Cristo Jesus, os niveladores do terreno agreste e erosado para a compreensão futura do Cristianismo. Buda também transmitiu aos asiáticos mensagem renovadora em perfeita eletividade com a mensagem de Jesus, embora rescendendo ao perfume peculiar da filosofia oriental.


PERGUNTA: Como se iniciou a missão de Buda?

RAMATÍS: O príncipe Siddharta Sakya-muni Gautama, mais tarde conhecido por Buda, o “Senhor da Mente”, o “Esclarecido”, nasceu na Índia, nas fímbrias do Himalaia e cresceu entre os prazeres da corte real de Kapilavastu. 

Era um jovem belo, disputado pelas jovens, mas se mostrava inquieto mesmo entre a incalculável riqueza, glória e o conforto principesco.

Certa vez, saindo do palácio às ocultas, encontrou em seu caminho mendigos, aleijados e enfermos, o que nunca lhe acontecia quando em viagem oficial, pois os infelizes estropiados e párias, sob pena de morte, eram proibidos de se mostrar na rua, para não constrangerem a visão do glorioso príncipe Sakya-muni. 

Profundamente impressionado pela desdita humana que ele não conhecia, sentiu-se infeliz vendo os seus compatriotas desditosos. 

Certa noite em que se realizava esplêndida festa em seu palácio, ele desapareceu disposto a compartilhar da dor dos seus semelhantes e aliviar-lhes o fardo do sofrimento.

Era uma alma elevada e realmente missionária; e por isso feriram-lhe o coração as aflições dos infelizes do mundo. O seu amor à natureza era inconcebível, pois devotava carinho à mais singela flor. 

Muito sensível às inspirações do mundo espiritual, gostava de pensar em silencioso recolhimento, junto à natureza, meditando longas horas sobre o motivo da existência e do sofrimento humano. 

Em breve tempo percebeu quanto o homem ainda se escraviza às superstições, aos sacrifícios inúteis e repugnantes, aos fanatismos separativistas e odientos.

Pressentindo na própria alma a natureza ardente e gloriosa do seu Criador, tentou transferir para os seus discípulos a ideia e o sentimento que lhe dominavam o ser com respeito à Divindade. 

Mas, em breve, verificou a impossibilidade de os homens compreenderem a existência de Deus, ou mesmo alguma idei aproximada do Absoluto.

Buda confirmou a reencarnação admitida na Índia desde os Vedas; e esclareceu os seus seguidores quanto à Lei do Carma, explicando que o espírito do homem deve libertar-se conscientemente do cárcere corporal para então alcançar o Nirvana ou a região da eterna bem-aventurança!

Ensinou que toda miséria e sofrimento humano é fruto das ambições desmedidas e egoístas, fruto do desejo incansável de posse e prazer sensual. 

O budista não devia roubar, mesmo para matar a fome; não mentir, nem se embriagar; evitar os pecados do ódio, da ambição, da preguiça, da arrogância, da avareza e da impudicícia. 

Ensinava a paciência, a humildade, e a ternura para vencer os duros de coração. Enfim, o Budismo, hoje, ainda se consagra pelas máximas ou oito conceitos seguintes: 

Ação reta, existência reta, linguagem reta, visão reta, vontade reta, aplicação reta, pensamento reto e meditação reta, equivalentes à boa regra de vida, bons sentimentos, boas ideias, boas palavras, boa conduta, bons esforços e boa meditação.


PERGUNTA: Qual é a diferença mais generalizada entre o Espiritismo e o Budismo?

RAMATÍS: Sem dúvida, é a grande diferença de compreensão e temperamento que existe entre o Oriente e o Ocidente. 

Enquanto os orientais, principalmente os hindus, são meditativos e buscam aprender a realidade imortal no silêncio da alma, os ocidentais são dinâmicos e procuram o conhecimento através das formas ou da manifestação fenomênica do mundo. 

"O ocidental considera o Universo pelo lado de fora, por suas manifestações externas, concretas, palpáveis, visíveis; o oriental nasce com a intuição interiormente, considerando o aspecto externo efeitos de uma Causa invisível, mas não a Realidade. 

Por isto, não há no Oriente ateus nem materialistas; a sua consciência habitual vive noutra dimensão, pois a realidade invisível é para ele o objeto de intuição espiritual e lhe dá plena certeza. 

Para o oriental o visível é derivado do invisível; para o ocidental, o invisível é efeito do visível. Para o oriental, os ocidentais são caçadores de sombras - o Maya, a ilusão. 

O oriental vive muito alheio às coisas da vida terrestre; o ocidental vive engolfado nas coisas terrenas; realiza mais coisas em redor de si do que o seu próprio eu interno." (Trecho extraído da obra: "Espírito da Filosofia Oriental", de Huberto Rohden).

A vida inquieta e tumultuosa do Ocidente só proporciona ao ser o entendimento das coisas espirituais através da própria vivência cotidiana, desatinada, enquanto os orientais podem devotar-se mais intensamente à meditação na tranquilidade da natureza e no fervor das coisas íntimas do espírito. 

A figura tradicional do Mestre sereno a palmilhar os caminhos poéticos e as veredas calmas da índia, não se ajusta ao turbilhão fatigante do Ocidente. 

A vida ocidental é ruidosa, prenhe de buzinas, gritos, pregões, apitos e barulhos ensurdecedores; as criaturas atravessam as ruas, apressadas, aos saltos diante dos veículos, aos empurrões nos ônibus e nervosas pela perda de tempo nas extensas filas. 

As exigências incessantes do mundo exterior, arrasando os sentidos humanos, impossibilitam o homem de sua concentração interior e a mobilização de suas forças espirituais. 

A sua frente reclama ou interfere o esmoler, o fiscal de trânsito, o bilheteiro, o cobrador, o vendedor de bugigangas, o propagandista, a reação do transeunte impaciente, o som estridente dos alto falantes e o barulho atordoante dos caminhões!

O Mestre Oriental é consagrado pelas suas vestes níveas e longas, o turbante imaculado e olhar sereno, impassível diante dos acontecimentos mais tormentosos e avançados do mundo material. 

Seus gestos são comedidos e suas palavras de alta sabedoria. No entanto o mestre ocidental atravessa as ruas apressado, perdido entre as multidões azafamada e cumprindo as tarefas mais prosaicas.

Ninguém o conhece como chefe de seita sigilosa ou instrutor de confraria iniciática; porém, ele surge no momento apropriado, como o cidadão comum, mas capacitado para aconselhar soluções no plano da espiritualidade, reajustar temperamentos atormentados e orientar com sabedoria o seu próximo. 

É também sujeito aos horários rígidos, obrigado ao transporte comum, responsável pela família ou parentela, sujeito às obrigações do fisco do mundo. 

Então, retorna ao lar, exausto, inquieto e mesmo nervoso, conclamado a resolver e atender os problemas domésticos em comum e amenizar os conflitos da família humana.

Quando se desobriga de todas os providências e responsabilidades de fora ou de dentro do lar, domina-o o cansaço e sobra-lhe pouco tempo para a meditação peculiar aos orientais. 

Consome alguns minutos ou mesmo algumas horas na pesquisa sobre os princípios do mundo espiritual e da melhor conduta humana de seus irmãos. 

Há em si, espontaneamente, o desejo ardente de servir o próximo, auxiliá-lo em suas dores e solucionar seus problemas porque vibra em sua alma a mesma ansiedade do instrutor, variando, apenas, quanto ao ambiente onde Deus o colocou para o serviço benfeitor.


PERGUNTA: Quereis dizer que o homem do Ocidente está mais desamparado de ensinamentos tão proveitosos, quanto aos benefícios que recebem os orientais?

RAMATÍS: Apenas expomos que a turbulência da vida ocidental exige doutrina ou religião perfeitamente em sintonia com essa atividade desordenada. 

O povo ocidental precisa de ensinamentos sintéticos e popularizados, que lhe sirvam a toda hora e lhe concedam a oportunidade de graduar-se progressivamente entre a poeira do mundo, mas sem abandonar suas obrigações onerosas no seio da sociedade, do trabalho, do estudo, do esporte e até da diversão.

Em consequência, é o Espiritismo, realmente, a doutrina no século XX mais indicada para atender as necessidades do homem, ensinando-lhe a imortalidade do espírito, os preceitos da Reencarnação e Lei do Carma, isso de modo direto e fácil, sem exigir qualquer abstenção. 

Ademais, tanto o Budismo como o Espiritismo, tentam libertar o homem de suas algemas carnais, porém, cada uma dessas doutrinas opera de conformidade com as atividades, temperamentos e psicologia do cidadão oriental e do ocidental.

Buda servia-se de comparações para ensinar sua doutrina, lembrando bastante a natureza poética de Jesus e suas parábolas. O Espiritismo, no entanto, profundamente eletivo à mente ocidental, manifesta os seus ensinamentos diretamente e sem a poesia ou o simbolismo que requerem demoradas meditações. 

É doutrina de esclarecimento imperativo e próprio para a época atual, em que não sobeja tempo para as longas contemplatividades próprias da escolástica oriental. 

O espírita se ajusta corretamente ao homem apressado, ativo e onerado no turbilhão incessante da vida moderna, mas pronto a servir ao próximo e a meditar também sobre a vida espiritual.


PERGUNTA: Gostaríamos de mais alguns exemplos comparativos entre os ensinamentos do Budismo e o método direto do Espiritismo, em nossa época.

RAMATÍS: Buda e a doutrina espírita, na essência, dizem as mesmas coisas, porém, de modo diferente; o primeiro dirige-se à mente oriental, poética e mística, a partir de 600 anos antes de Cristo, quando inicio sua missão libertadora; o Espiritismo dirige-se, particularmente, ao cidadão ocidental do século XX, cheio de dúvidas ou interpretações equívocas.

O budista ainda pode alegar falta de treino meditativo para interpretar, a rigor, certas máximas budistas; mas o espírita assimila o ensinamento que é acessível tanto à criança como ao velho, ao analfabeto como ao sábio! 

Na época da vivência de Buda e no tempo de Jesus, o conhecimento do mundo oculto não podia ser transmitido ao povo de modo "ex-abrupto", pois só alimentaria a superstição, o temor e o fanatismo. 

Daí, a peculiaridade das máximas budistas e das parábolas de Jesus, que velavam à massa comum certa parte do ensinamento transcendental. 

Por isso, ainda hoje os exegetas bíblicos discutem o sentido da parábola em que Jesus fez secar a figueira, porque ele traria a guerra e não a paz ou pretendem que tenha chamado o Templo de Jerusalém (um matadouro de aves e animais), de "casa de Deus"!

Obviamente, o Espiritismo não pretende superar o Budismo, mas em face de grande disparidade de condições evolutivas, realizações científicas e descobertas técnicas, domínio do mundo oculto e demais avanços do homem atual, a doutrina espírita é mais própria para as massas populares, enquanto o budismo requer mentes e costumes mais eletivos à meditação. 

No ensino budista, comumente, o discípulo deve tirar suas próprias ilações, após ouvir o conceito doutrinário, enquanto no esclarecimento espírita o ensino é direto e taxativo!

Dizia Buda: "Quem renuncia aos desejos se torna um brâmane", isto é, só depois que o discípulo buscava conhecer o que era um brâmane, então assimilava o ensinamento, por saber que o "brâmane era aquele que não se reencarna mais e que atinge o Nirvana, região equivalente ao céu do Catolicismo. 

No entanto, na exposição do mesmo conceito, o Espiritismo é rápido, prático, direto e impressivo, explicando: "liberta-te da carne e serás um anjo". 

Buda diz: "Quem injuria o homem virtuoso é como quem cospe contra o vento". E a doutrina de Kardec, no seu esclarecimento simples, indica a mesma coisa no seguinte:

"Quem injuria o próximo será injuriado." A poética e simbólica composição doutrinária de Buda diz outro ensinamento: 

"As coisas brotam do coração e o coração as dispõe; quem fala ou age com mau coração, a dor o acompanha como o pé do animal que o arrasta; quem fala ou age com coração, a felicidade o acompanha como a própria sombra". 

O Espiritismo, maravilha de simplificação para todos os homens, explica sem rodeios poéticos ao traduzir o mesmo conceito acima, expondo: "O homem colhe no presente ou no futuro os efeitos felizes ou desventurados das causas boas ou más do passado." 

Buda, expondo outro ensino de sua doutrina, assim se dirige à mente oriental: "Se tu pedires que a margem oposta do rio venha a ti, ela virá? 

Não! Tu é que tens de atravessar o rio para ir buscá-la." Segundo as pegadas de Jesus, e sob o mesmo tema, o Espiritismo é unânime em esclarecer que, sem esforço, o homem nada alcança; e por isso, apenas diz "Buscai e achareis.



PERGUNTA: Desde que na última encarnação fostes indochinês, qual era a doutrina que professáveis na vida carnal?

RAMATÍS: Era o Budismo, porém, devotávamo-nos principalmente à sua forma iniciática, ao espírito da doutrina, despida de quaisquer símbolos, alegorias ou sugestões indiretas, tal como hoje, muitos espiritualistas modernos sabem distinguir no Evangelho de Jesus o "espírito que vivifica e a letra que mata". 

Ademais, além do aspecto contemplativo de certas normas budistas, desenvolvíamos os poderes psíquicos e latentes na alma através de práticas esotéricas. 

O magnetismo, a psicometria, levitação, voz direta, radiestesia, materialização e psicografia já eram do conhecimento dos sacerdotes budistas dispersos pelas dezenas de templos-miniaturas espalhados pela terra indo-chinesa.

O Budismo, como o Espiritismo, também assenta suas bases na Lei do Carma e da Reencarnação, com a precípua finalidade de esclarecer os homens e livrá-los da superstição, mentira, lubricidade, avareza, medo, sofrimento, orgulho, ambição e de todos os desejos que escravizam o homem à matéria. 

O ideal moral pregado por Buda em nada fica devendo ao ideal cristão consumado no Evangelho do Cristo-Jesus, embora algumas vezes divirjam em sua forma de expressão.

Buda foi um esclarecido, entidade fulgente e dominante no plano mental, hoje mais conhecido por plano búdico; sua doutrina é fonte de profunda beleza moral. 

Assim como Jesus impregnou o Cristianismo com a simplicidade e a doçura de sua vida santificada, o Budismo traz em sua fonte a humildade de um príncipe glorioso e poderoso, que trocou as vestes de seda e as pedras preciosas do corpo pela vestimenta de estamenha (2) e pelo bordão de peregrino.

(2) Estamenha: tecido grosseiro de lã.

No entanto, há que distinguir o Budismo, doutrina iniciática que se dirige diretamente ao coração do homem sem os ritos e a superstição, e o Budismo, religião organizada pela classe sacerdotal asfixiando a Verdade pura e simples, conforme o Catolicismo sacrificou a sua singeleza sob o peso das liturgias.


PERGUNTA: Porventura, os princípios simples do Espiritismo também conseguiriam influenciar os budistas religiosos ainda presos aos dogmas seculares?

RAMATÍS: Seria bem mais fácil o budista abandonar a pompa, a liturgia e o temor da classe sacerdotal para devotar-se ao Espiritismo com ardor e sinceridade, porque já cultua e conhece tanto a Lei do Carma como a Reencarnação, ao passo que o católico e o protestante são profundamente avessos a tais postulados.

Não obstante a diferença e o condicionamento de raças, climas, preconceitos e costumes, em todas as latitudes geográficas é sempre a mesma camada de espíritos apropriada à escola educativa terrena. 

Em verdade, em todos os povos ou raças, há tipos espirituais de graduações e sentimentos semelhantes. Tanto no Oriente, como no Ocidente, as religiões tiveram o seu inicio nos temas mais simples e puros, mas à medida que se sucediam os anos e os séculos, elas foram perdendo a sua simplicidade iniciática sufocadas pelas superstições, temores, liturgias, sistemas eclesiásticos e fanatismo sectaristas. 

Assim como o Catolicismo, com a pompa e o poder de sua organização sacerdotal interfere na política de vários países, o Budismo de hoje também sacrificou a pureza e simplicidade dos ensinamentos pregados por Buda à luz das estrelas, entre as veredas sombreadas das matas ou à porta das hospedarias.

Deste modo, no seio do Budismo também se mostram insatisfeitos milhares de budistas, cujo amadurecimento espiritual os toma mais conscientes de realidade da vida superior. 

Alguns também são religiosos tradicionalistas, por questão de família, de tolerância ou situações políticas, mas na intimidade da alma já perderam a fé nos postulados consagrados pelo mundo exterior, mas vazios da força angélica do inigualável Buda. 

São adeptos que vibrariam mais facilmente com o Espiritismo do que os próprios devotos católicos, protestantes e de outras seitas religiosas do Ocidente. 

Quando a doutrina espírita achegar-se a eles cavando a crosta das inutilidades pomposas e dogmas atrofiantes do Budismo, ser-lhes-á fácil aceitar e professar uma doutrina ocidental de profunda semelhança com as raízes fundamentais da Lei do Carma e da Reencarnação dos ensinos budistas. 

Ademais, devotar-se-ão, satisfeitos, à disciplina lógica e sensata da comunicação com os mortos sem a proverbial obstrução de superstições e temores, que transformam parentes falecidos em seres irreais  moradores de um mundo caricato!

Namastê / Laroyê

19.10.25

O ESPIRITISMO E A BÍBLIA

Em "A Missão do Espiritismo" ditado pelo Espírito Ramatis através do médium 'Hercílio Maes'; temos as seguintes revelações sobre a Bíblia.


PERGUNTA: Que podeis dizer sobre a Bíblia?

RAMATÍS: A Bíblia é um conjunto de antigos livros que descreviam a vida e os costumes de vários povos. 

Mais tarde foram agrupados e atribuídos a uma só etnia, conhecida por hebréia.


PERGUNTA: Seria um tratado científico ou filosófico da antigüidade desses povos?

RAMATÍS: Não; o seu principal valor e fundamento é a revelação religiosa. O Velho Testamento, apesar do seu sentido simbólico e alegórico, somente entendido pelos iniciados da época, é repositório valioso da "revelação". 

Esse sentido iniciático perde a nebulosidade com o progresso científico do mundo atual; e a Bíblia parece-nos agora uma história inverossímil e mesmo infantil. 

No entanto, quanto à sua época, jamais poderia ser diferente! Mas, à medida que cresce a compreensão humana e a própria ciência do mundo, vai-se desvestindo a revelação bíblica de suas alegorias iniciáticas ajustadas à época em que foi escrita.


PERGUNTA: Qual a causa da verdadeira ojeriza dos espiritualistas modernos com referência à Bíblia? Principalmente os espíritas?

RAMATÍS: Desde que os espiritualistas creem na influência da hierarquia espiritual sobre a Terra, não podem desprezar a Bíblia, embora não queiram admiti-la como roteiro ou fonte de pesquisas e soluções espirituais. 

Apesar de sua linguagem fantasiosa e alegórica, representa o esforço máximo feito pelos Espíritos, no passado, no sentido de se comprovar a glória, o poder e as intenções de Deus.


PERGUNTA: No entanto, todos os religiosos que adotam a Bíblia consideram-na diretamente revelada da "palavra de Deus"! Que dizeis?

RAMATÍS: Não se pode atribuir ao texto bíblico o caráter vertical da "palavra de Deus"; mas os espíritas sabem que se tratava de mensagens mediúnicas comunicadas por emissários do Alto através de médiuns poderosos, tal como Moisés, Jeremias e outros.

A mentalidade dos povos daquela época e o seu modo de vida exigiram que as revelações não ultrapassassem a sua capacidade de entendimento, tal como acontece hoje, quando o homem moderno domina a terminologia de fluidos, ondas, átomos, energias, radiações, forças mentais e etéricas.


PERGUNTA: Mas a Bíblia estabelece a sua revelação pela "Voz de Jeová", o que implica em se considerar diretamente do Criador!

RAMATÍS: O povo, muito supersticioso, não estava preparado para aceitar e confiar nos poderes e revelações de almas semelhantes aos seres humanos, o que enfraqueceria bastante a revelação espiritual. 

No entanto, a "Voz de Jeová", ou de Deus, seria aceita unanimemente, quer pelo temor, como pela impossibilidade de os hebreus avaliarem a natureza sublime e poderosa do Senhor!

Mas a verdade é que, em seu fundamento, assentam-se todos os esforços posteriores e o êxito no sentido de haver sido compreendida a unidade de Deus, que Moisés depois consolidou no Monte Sinai. 

Havia necessidade dos médiuns, na época, atribuírem uma grande autoridade às mensagens recebidas, a fim de serem acreditados pelos seus conterrâneos. 

Aliás, a mentalidade humana não mudou muito, pois ainda hoje, nos centros espíritas e terreiros de Umbanda, os médiuns continuam a receber entidades de elevada estirpe sideral, materializando-as de modo a se promiscuírem com as paixões terrenas!

Os homens ainda não se aperceberam de que o ensejo mediúnico não tem por finalidade precípua a produção de milagres, assistência incondicional às tricas do mundo material e resolução de problemas humanos que pedem o discernimento e a iniciativa pessoal. 

Ignoram que a presença dos elevados prepostos do Senhor obedece ao programa de libertação espiritual, em vez de contribuição no sentido de maior satisfação nas atividades transitórias da matéria. 

Tanto quanto no tempo de Moisés, hoje ainda se explora os desencarnados para solucionarem as consequências nefastas das imprudências humanas!


PERGUNTA: Acontece que, em face dos costumes tão deformantes na atividade do povo judeu, narrados na Bíblia, ficamos duvidando de sua eleição para o advento de Jesus!

RAMATÍS: Porventura, o vosso país também não foi profetizado como o "Coração do Mundo e Pátria do Evangelho", em face da divulgação profícua do Espiritismo? 

No entanto, ainda perdura em seu povo a corrupção moral, vícios degradantes, desarticulação social, infância subvertida, juventude transviada, desleixo administrativo e fanatismos religiosos, conjugados às crises políticas, sociais e econômicas. 

Domina o crime nas favelas, o vício de entorpecentes e os desatinos nas épocas carnavalescas; grassa o lenocínio e vulgarizam-se as uniões ilícitas pelo advento tardio do divórcio. 

Quando, no futuro, os estudiosos pesquisarem a história do Brasil, eles ficarão surpreendidos da pátria do Evangelho, assim como hoje criticais as epopeias bíblicas dos judeus. 

Mas a verdade é que o povo brasileiro, mal grado a sua irresponsabilidade e atentados à moral vigente, constitui-se a base para o sucesso do Evangelho e do Espiritismo!

Vide a obra "Brasil, Coração do Mundo e Pátria. do Evangelho", pelo espírito de Humberto de Campos, através de Chico Xavier. 

Sem dúvida, a Bíblia historia a vida do povo judeu com seus costumes e sistemas censuráveis, profundamente diferentes da ética ocidental moderna; no entanto, nenhuma outra nação foi tão obstinada em sua fé para com Deus e tão preocupada com o reinado espiritual da alma. 

Ela mereceu a glória do advento de Jesus e a sementeira do Evangelho pela sua fé inquebrantável em Jeová e pela sinceridade na exposição de suas próprias mazelas e costumes. 

Nenhum outro povo poderia produzir aqueles pescadores iletrados e camponeses rudes, que saíram pelo mundo a pregar uma nova ética contrária à moral racista e orgulhosa da época. 

No entanto, a humanidade atual tão evoluída cientificamente e capaz de fotografar a face oculta da Lua ou semear o espaço de satélites e foguetes interplanetários, ainda não conseguiu assimilar tão alto padrão de fé e a sinceridade dos hebreus no seu amor incondicional a Jeová!

A raça que paraninfou Isaías, João Batista, Timóteo, João Evangelista, Paulo de Tarso, Pedro, Maria de Magdala, Tiago e a plêiade de mártires anônimos trucidados nos circos romanos, embora tenha misturado a vida profana com a divina e atribuído suas insanidades à própria "palavra de Deus", pode ter pregado na Bíblia moral estranha e até aberrativa, mas doou a maior contribuição à humanidade, pois foi o berço do Salvador do Mundo!


PERGUNTA: Mas é evidente que há na Bíblia relatos escabrosos, que pecam contra boa leitura e até contra a ética judaica de ser o povo escolhido para o advento de Jesus! Que dizeis?

RAMATÍS: Devemos compreender que a Moral tem aspectos relativos; e, por isso, o que era moral no pretérito pode ser imoral no presente. 

Não se pode ajuizar a vida de um povo de mais de dois mil anos, aferindo-lhe os valores morais mediante o critério de vosso século. 

Em certos povos do Oriente a poligamia ainda é de boa moral, a fim de se ajustar o desequilíbrio que é produto do excesso de nascimentos de mulheres sobre pequena percentagem de homens. 

Algumas tribos asiáticas tacham de imoralidade o fato da viúva ocidental sobreviver ao marido falecido, em vez de ser cremada com ele no fogo purificador. 

A moral tão sublime e sadia que Jesus pregou em sua época, foi o motivo dele ser crucificado, porque essa moral cristã era considerada subversiva ou debilitante em face da predominância do instinto inferior dos homens da época.

Ademais, em certos casos, a moral moderna também se torna bastante inferior ao critério da moral do passado. 

Antigamente, os homens arrancavam um "fio de barba" e o entregavam ao credor como garantia segura de pagamento de suas dívidas; hoje, assinam títulos sob a chancela do Fisco e depois negam-se a pagá-los aos particulares ou bancos.

Ainda depois de protestados em cartório público, os credores sofrem prejuízos. Os esposos consideravam sagrado o casamento, por se tratar de um "contrato-bilateral", cujo rompimento seria uma indignidade e descortesia perante a sociedade; atualmente, o contrato conjugal, para muitos homens e mulheres, não passa de um recurso para saciar apetites ou consolidar fortunas, podendo ser desfeito depois de concretizados os objetivos egocêntricos!


PERGUNTA: Devemos ignorar propositadamente esses aspectos bíblicos para nós tão deformantes?

RAMATÍS: Não endossamos textos bíblicos ou de quaisquer tratados espiritualistas que possam deformar a "melhor moral" do vosso tempo. 

Apenas ressaltamos que apesar de o judeu atribuir a presunções divinas seus próprios equívocos morais, ele os revelou à luz do dia, expondo infantilmente à autópsia pública suas mazelas íntimas, violências fanáticas dos seus líderes, vinganças e subversões do povo exaltado sob a ferocidade dos seus comandantes guerreiros. 

Aliás, a diferença entre a moral judaica exposta na Bíblia e a do vosso século, é bem pequena. O judeu expôs em público sua imoralidade, ao passo que a humanidade moderna a esconde habilmente, pois a civilização atual pratica as mais abjetas e vis torpezas, frequentando os templos religiosos e embevecida com a graça divina! 

A corrupção crescente, o luxo nababesco e as uniões conjugais modernas que disfarçam cálculos astuciosos; o desregramento precoce, as intrigas internacionais que geram o comércio diabólico da morte e matam os povos "inimigos de Deus", porventura, não merecem a urgente atenção de todos os moralistas modernos?

Jeová protegia as tribos de Israel contra outros povos e satisfazia-se com o "cheiro de sangue dos holocaustos", mas hoje a religião também abençoa canhões, cruzadores e aeronaves de guerra, misturando o Deus do Amor de Jesus com carnificinas bem piores que as descritas na Bíblia. 

Porventura, os homens modernos inspiram-se no Diabo, quando despejam bombas sobre os agrupamentos humanos indefesos, tal como em Hiroshima, derretendo milhares de criaturas no fogo atômico? 

Evidentemente, eles também recorrem a Deus nas suas sortidas sangrentas, tal qual faziam os judeus com Jeová!


PERGUNTA: Poderíeis citar alguns exemplos de acontecimentos narrados pela Bíblia e passíveis de censuras?

RAMATÍS: Entre as narrativas elogiosas narradas pela Bíblia, onde se destacam veementes demonstrações de fé e heroísmo do povo hebreu, há histórias bárbaras e ingênuas, que desmentem a intervenção divina e devem ser rejeitadas, porque só correspondiam às épocas primitivas.

Assim, o "Livro dos Reis" exalta o profeta Elias, que sob condenável espírito de vingança manda degolar na beira do rio Kison os sacerdotes de Baal; a desonestidade e traição de Judith e as carnificinas de Davi! 

Estranho também é o episódio do profeta Eliseu, quando se dirigia para Bethel e foi vítima da zombaria de um bando de crianças que lhe gritavam: "Sobe, calvo! Sobe, calvo!" 

Diz a narrativa bíblica que o profeta enfureceu-se e, num gesto feroz, amaldiçoou as crianças imprudentes e zombeteiras; e em seguida, surgiram duas ursas dos bosques vizinhos e massacraram as quarenta e duas crianças.

Em "Números" (31:1-18), conta-se uma das mais escabrosas e criminosas histórias comandadas pelo próprio Moisés e inspiradas pela vingança de Jeová, que mandou-o armar os guerreiros para assaltarem Midian. 

Os prepostos de Moisés escravizaram mulheres e crianças, queimaram-lhes as casas, roubaram-lhes todos os bens e rebanhos, mataram os inválidos e terminaram carregando os tesouros e despojos para a comunidade do povo de Israel. 

No entanto, o Velho Testamento afirma que Moisés ainda ficara indignado pelos seus guerreiros pouparem mulheres e crianças na invasão das cidades de Midian.

Enfurecido e inconformado, ele então ordenou, consoante o texto bíblico: "Agora matai todos os machos, ainda os que são crianças; e degolai as mulheres, que tiveram comércio com os homens; mas reservai para vós as meninas e todas as donzelas. 

Sem dúvida, nesses trechos colhidos a esmo no Velho Testamento, não se justifica a presença sublime do Senhor, mas é apenas o caráter inferior do homem acicatado pelas suas paixões inferiores!"



PERGUNTA: Não seria mais aconselhável afastarmos a Bíblia de nossas cogitações, ante os fatos tão censuráveis que ela descreve e depois atribui à própria vontade de Jeová?

RAMATÍS: O espírito do homem não se emancipa pela fuga do que lhe desagrada, mas pelo discernimento do bem e do mal! 

O anacoreta ainda não é o cidadão ideal para a moradia celeste e perde para o homem curtido e experimentado na trama da vida turbulenta e perigosa. 

Quem tenta salvar sua alma fugindo da vida em comum e do pecado do mundo, é como o náufrago que apanha o único salva-vidas e abandona os companheiros.

Mas o Espiritismo explica satisfatoriamente os motivos das contradições bíblicas entre sua época e o século atual, destacando profundamente a diferença existente entre a personalidade de Moisés e Jesus. 

O primeiro foi o fundamento da unificação divina e médium transmissor dos Dez Mandamentos; e o segundo, o mensageiro da verdadeira contextura do Pai Sublime e Justo! 

Por isso, Allan Kardec abandonou todos os códigos morais de instrutores, profetas e líderes religiosos do mundo, para firmar a codificação espírita na exclusividade amorosa e sadia do Evangelho de Jesus.


PERGUNTA: Não podemos olvidar que o espiritualismo de hoje cultua uma ideia de Deus bem mais superior do que o "Jeová" sanguinário dos hebreus. Não é assim?

RAMATÍS: Há dois ou três milênios, era razoável que um povo desprovido da cultura científica do vosso século, desconhecendo a eletricidade, o rádio, a televisão, a cinematografia, o avião a jato, os satélites e foguetes teleguiados, presos à concepção infantil do céu entedioso e do inferno tão melodramático, ainda confundisse o seu instinto belicoso e a sua moral censurável com os preceitos divinos. 

Mas, na atualidade, é demasiada cegueira matarem-se os homens invocando o nome de Deus para proteger os seus exércitos simpáticos ou abençoar armas criminosas, destinadas à guerra fratricida. 

povo judeu merece censuras porque agiu estribado no mais ardente excesso de Fé e de submissão ao Criador; no entanto, o homem do século XX pratica os mesmos desatinos e alardeia emancipação espiritual, com a agravante de já ter conhecido Jesus!

Se a vossa civilização pretendesse escrever sua Bíblia, adotando a mesma franqueza e simplicidade infantil com que o povo judeu escreveu a sua, redigiria o mais imoral e bárbaro tratado da história humana, pois relataria mazelas bem piores e ignomínias religiosas praticadas em nome de Deus, de fazerem arrepiar os cabelos. 

O nascimento de Jesus entre os israelitas é prova suficiente que esse povo estava credenciado espiritualmente para a glória de ser o berço do Messias e merecer a afeição da humanidade na missão de firmar o rude alicerce do edifício eterno do Cristianismo!


PERGUNTA: Qual é a relação mais íntima entre a Bíblia e o Espiritismo?

RAMATÍS: 
É o mesmo sentido de sua revelação espiritual, pois a Bíblia, desbastada das alegorias que tanto desfiguram o entendimento exato da revelação dos espíritos ocultos sob o "Voz de Jeová", apresenta mensagem igual a todos os redutos espiritualistas do mundo.

A "Verdade" transmitida do Alto é uma só e não diverge no decorrer dos tempos; porém, à medida que o homem se esclarece e progride, ele também identifica no âmago de todas as religiões e comunidades espiritualistas a mesma revelação!

Rama, Krishna, Hermes, Zoroastro, Confúcio, Moisés, Maomé, Lao-Tsé, Orfeu, Buda e Jesus revelam na essência dos seus ensinamentos a mesma ideia de Deus e da Vida Imortal!

No entanto, cada mensagem foi revestida do invólucro simpático e adequado a costumes, temperamento, moral, capacidade e objetivo de cada raça ou povo, pois há muita diferença entre a revelação eivada de poesia e aforismos do povo chinês, com a ideia máscula de Allah inspirando a índole agressiva, vitalizante e apaixonada do árabe tostado pelo sol causticante do deserto! 

Buda velou os seus ensinamentos sob a casca fina dos aforismos e preceitos ou obrigações; Jesus usou das parábolas para esclarecer os ocidentais! 

No entanto, apesar de decorridos tantos séculos, os asiáticos ainda não entenderam o sentido oculto dos aforismos de Buda, nem os ocidentais o pensamento de Jesus oculto nas parábolas. 

Ambos os ensinamentos puros do Espírito, foram sufocados pela letra nos templos rígidos e faustosos, para o reinado dos dogmas e das fantasias absurdas!


PERGUNTA: Como conciliar a narrativa absurda da Gênesis, quando Deus cria o mundo em seis dias, com os milênios de evolução geológica admitida pelos cientistas e espíritas?

RAMATÍS: Apesar da aparente incongruência no relato bíblico da Criação, observa-se uma perfeita ordem e disciplina nos atos de Deus, pois tudo surge gradativamente e cada coisa no seu tempo devido. 

Evidentemente, seria flagrante ingenuidade dos críticos do Velho Testamento, ainda suporem que o Gênesis refere-se a "dias" da Criação, quando trata-se de alegoria velando a ideia de "períodos longos" de evolução geológica em sucessão através de muitos milênios. 

Na época da revelação o povo não poderia entender o processo da condensação de energia cósmica até formar a matéria, através de fases tão demoradas e sem ponto de apoio mental para configurarem todo o processo criativo. 

Aliás, nem se admitia a forma esférica da Terra e a natureza do sistema geocêntrico de Kepler com os demais planetas em torno do Sol, quanto mais admitir-se a contextura atômica e molecular da substância terráquea a evoluir para formas cada vez mais aperfeiçoadas.


PERGUNTA: Qual a ideia inicial que poderíamos ter de Deus, baseando-nos no Velho Testamento e antes da criação do Universo?

RAMATÍS: Conforme elucida João Evangelista, "no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". 

Através da ação dinâmica do Verbo, conceituado como o pensamento "fora de Deus", a condição abstrata na Mente Divina ou Cósmica, então se revela na figura de "matéria", ou de mundos exteriores, isto é, o pensamento puro de Deus como princípio de todas as coisas e seres.

O Gênesis então relata essa "descida" do Pensamento puro do Onipotente até se exteriorizar na forma de matéria componente do mundo exterior. 

"No princípio criou Deus o céu e a Terra; a Terra, porém, era vã e vazia; e as trevas cobriam a face do abismo; e o espírito de Deus era levado sobre as águas", demonstrando que a energia cósmica provinda de Deus ainda estava na forma líquida e a caminho de forjar a substância matéria. 

Em seguida, o Criador vai compondo e criando a Terra e a destaca do mar; depois o reino vegetal com as árvores e a sementeira procriadora; depois, os répteis, os peixes, as aves e os animais, cada um segundo sua espécie, porém, numa escala progressiva conforme denuncia a ciência nos diversos períodos de formação planetária. 

Finalmente, cria o homem à sua imagem e que presida aos peixes do mar, às aves do céu, às bestas, e a todos os répteis, que se movem em toda a Terra, e domine toda terra. 

Após essa enunciação e término da criação propriamente dita, o Senhor abençoou o que fizera, mandando que todos os seres "crescessem e se multiplicassem". 

E assim Deus descansou no sétimo dia, isto é, criado o mundo "exterior" emanado de Si Mesmo, deixou que a vida e o progresso das espécies, coisas, seres e homens se fizesse sob o impulso interior de "serem feitos à sua imagem"! 

Durante seis dias ou longos períodos geológicos de materialização do mundo físico, o Senhor trabalhou operando na transmutação das energias em substâncias sólidas e na materialização do seu Pensamento Incriado até plasmar a vida planetária com seus reinos mineral, vegetal, animal e hominal. 

O descanso de Deus, estágio muito conhecido entre os sucessos do "Dia de Brahama" e "Noite de Brahama", na consecução de cada "Manvantara", significa o período em que toda a criação segue automaticamente o plano ou impulso inicial da Divindade, cumprindo-lhe o pensamento e a vontade criadora.

É o retorno do Espírito fragmentado nas espécies "vivas" na matéria, o "filho pródigo" em busca do lar sideral de onde partiu, um dia, em descenso vibratório até forjar a sua consciência de "ser" e "existir".


PERGUNTA: Mas em nossas concepções espiritistas somos avessos aos relatos bíblicos sobre Adão e Eva, o primeiro casal, e a incoerência de possuírem apenas dois filhos homens, Caim e Abel, em que o primeiro mata o segundo e não se explica a origem de tantos seres e raças do nosso globo?

RAMATÍS: Não podemos alongar-nos em explicações minuciosas quanto à interferência dos "Construtores Siderais" na criação da Terra, dos seus reinos e da própria linhagem humana. 

Mas a verdade é que decorreram muitos milênios até que a face do orbe se mostrasse apropriada à existência humana. O corpo terráqueo forjava-se no seio das substâncias ignescentes e energias telúricas, submetido a toda espécie de reação e ensaio para se transformar na moradia da humanidade "feita à imagem de Deus". 

Formam-se os oceanos por força dos vapores inundando a atmosfera e o planeta agita-se instável e confuso, ferido por raios e tempestades, até fixar-se em sua órbita e submeter-se docilmente ao comando do poderoso centro solar.

Finalmente, as condições terráqueas se fizeram eletivas à vida animal, graças à materialização do protoplasma, essência da vida orgânica. Os prepostos de Deus, então, devotaram-se fielmente a organizar as espécies inferiores plasmadas pelo aglutinamento de infusórios e vidas microbianas. 

Enquanto transcorriam os milênios no calendário sideral, evoluiu a linhagem animal sob a pressão interna do Espírito compondo sua vestimenta transitória albuminóides, protozoários, unicelulares, que se multiplicam incessantemente sob o calor eletivo das águas, plasmando-se as formas de constituição superior. 

Delineia-se a configuração do globo terrestre; surgem os crustáceos marinhos e terrestres e os batráquios, que deixam as águas adaptando-se, pouco a pouco, nos charcos da superfície mais firme. 

cenário terreno, apesar de instável e lodoso, denso e abafado, é entrecortado por incessantes tremores de convulsões provindas do núcleo central. 

Era o sexto dia apregoado pelo "Gênesis" e o período terceiro fixado pela Ciência terrena, prosseguindo os ensaios avançados da vida física, quando surgem Adão e Eva, precursores da raça adâmica constituída pelos exilados de um satélite de Capela, da constelação do Cocheiro.

No entanto, há muitos milênios antes desse exílio de "anjos decaídos" do mundo capelino, já viviam na Terra raças descendentes dos lemurianos e atlantes, os primeiros próximos das grandes vias fluviais e outros situados nas encostas de pedras e terrenos vulcânicos. 

Em consequência, a Terra já oferecia condições de vida humana no tempo de Adão e Eva porque há milênios ali viviam os remanescentes da velha Atlântida.


PERGUNTA: Conforme narra a Bíblia, Adão e Eva eram o primeiro casal e pais de dois filhos, Caim e Abel. O primeiro matou o segundo; e no entanto, a Terra depois povoou-se de criaturas dos mais variados tipos. Como se explica isso?

RAMATÍS: A prova de que já existiam habitantes na Terra, quando do exílio dos remanescentes do satélite de Capela para constituírem-se a raça adâmica e tronco original dos árias, pode-se verificar no próprio Gênesis, quando Caim, após ter assassinado Abel, sai pelo mundo sob o estigma do homicídio fraterno. 

Diz então o Gênesis: "E Caim, tendo-se retirado de diante da face do Senhor, andou errante pela Terra, e ficou habitando no país que está ao nascente do "Eden". 

E conheceu Caim sua mulher, a qual concebeu, e pariu a Henoch. E ele edificou uma cidade, e a chamou Henoch, do nome de seu filho.

Henoch, porém, gerou a Irad e Irad gerou a Maviael, e Maviael gerou a Mathusael, e Mathusael gerou a Lamech." (Gênesis, 4: vs. 16 a 19).

Obviamente, quando Caim matou Abel já existiam outros povos na Terra, remanescentes dos próprios terrícolas, de exilados de Marte e do satélite de Júpiter, todos provindos das civilizações desaparecidas da Atlântida. 

Em consequência, o primeiro casal bíblico não passa de alegoria representando o núcleo central dos exilados de Capela. Aliás, contrariando a convicção de alguns religiosos dogmáticos, depois de Caim e Abel, Adão e Eva ainda tiveram outro filho chamado Seth, conforme diz o Gênesis: 

"Tornou Adão a conhecer sua mulher; e ela pariu um filho, e lhe pôs o nome de Seth, dizendo: "O Senhor me deu outro filho em lugar de Abel, que Caim matou" (4: v. 25). 

Diz ainda o de Adão no dia em que foram criados; Adão, depois que gerou Seth, ainda gerou mais filhos e filhas e viveu durante 930 anos." (Gên., 5: 1 a 5).

Vide a obra "'O Enigma da Atlântida", de Cel. Braghine, cap. III, "As Raças Adâmicas", da obra "A Caminho da Luz", pág. 29, que diz: 

"É que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas. Em sua maioria, estabeleceram-se na Ásia, de onde atravessaram o istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhando-se igualmente para a longínqua Atlântida, de que várias regiões da América guardam assinalados vestígios".

Aliás, Os Fenícios, derivados do grego "phoinos" (vermelho) descendiam do povo de Caru, ramo atlântico que isolou-se da raça-mãe, quando houve a ruptura do istmo de Gibraltar.

Essa narrativa identifica perfeitamente que Adão e Eva representavam, na Terra, os "filhos de Deus", ou seja, os "exilados" de Capela. 

Haviam desenvolvido a consciência de tal modo, que isso já os classificava como os "filhos de Deus", mas rebeldes, anjos
decaídos e expulsos do Paraíso. 

Mas é preciso distinguir os espíritos exilados ou "filhos de
Deus", descidos do céu, dos demais habitantes primitivos que já existiam na Terra e nessa época ficaram sendo conhecidos como os "filhos dos homens"!

 

PERGUNTA: Poderíeis dar-nos alguma indicação desse fato na Bíblia, ou em qualquer outra obra espiritualista?

RAMATÍS: Diz o Gênesis: "Como os homens tivessem começado a
multiplicar-se sobre a Terra e tivessem gerado filhas; vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram por suas mulheres as que dentre elas lhes agradaram mais! 

Ora, naquele tempo havia gigantes sobre a Terra. Porque depois que os filhos de Deus tiveram comércio com as filhas dos homens, geraram estas filhos que foram uns homens possantes e afamados nos séculos" (Gên., 6: 1 a 4).

Sem dúvida, o próprio Gênesis explica que os espíritos exilados ou adâmicos foram 
expulsos do paraíso de Capela e casaram-se com as filhas formosas dos "homens da Terra".

Ademais, havia outra raça de gigantes sobre a Terra, ou seja "exilados" de Júpiter e de grande estatura como ainda é possível encontrar-se alguns raros no orbe, mas já enfraquecidos na sua contextura original.

Mas a narrativa bíblica sofre muitos hiatos e truncamentos na sua história original da humanidade, em face de tantas traduções que lhe perturbaram o espírito histórico da realidade, transformando em melodramas siderais aquilo que não passou de ,singelo acontecimento da vida humana! 

Foram fatos sem expressões altiloquentes, apenas cingidos às leis comuns e costumes naturais do povo; tudo se procedeu como notícias de imprensa e não sob o aspecto tão cerimonioso ou melodramático, que os historiadores religiosos lhe emprestam no futuro. 

Muita coisa clara foi obscurecida e fatos sem importância elevados à conta de acontecimentos incomuns.


PERGUNTA: Qual é outra relação em comum da Bíblia com Espiritismo?

RAMATÍS: A mediunidade não foi inventada pelo Espiritismo, pois é tão velha quanto o homem. É uma faculdade oriunda do Espírito e não da matéria.

Em consequência, existe desde que a primeira criatura surgiu na Terra, porque o primeiro homem também era um espírito encarnado. naturalmente, a sua manifestação mais nítida dependeu do apuro dos centros nervosos e da sensibilidade do homem, que depois se transformou num instrumento de ligação entre o mundo oculto e o mundo físico.

E assim, as entidades do mundo invisível iniciaram o seu intercâmbio com a matéria, logo após a sensibilização suficiente do terrícola. A humanidade tem sido guiada desde sua origem por leis do mundo oculto e já comprovadas na face do orbe, graças a essa faculdade mediúnica inata no primeiro espírito encarnado. 

Todas as histórias, lendas, narrativas de tradição milenária do vosso orbe estão repletas de acontecimentos, revelações, fenômenos e manifestações extraterrenas, que confirmam a existência da mediunidade entre os homens das raças mais primitivas.

E o Espiritismo, então, encontra na Bíblia um dos mais vigorosos repositórios de 
fatos que não só provam a existência da mediunidade em tempos tão afastados, como confirmam os fundamentos doutrinários espíritas. 

Malgrado a feição diferente e fantasiosa dos milagres que lhe atribuem, a mediunidade é o "élan" do mundo espiritual e a vida carnal. Embora os acontecimentos mediúnicos descritos na Bíblia estejam velados pelo simbolismo da raça hebraica ou pela poesia religiosa, em verdade, eles são fenômenos mediúnicos tão específicos e positivos quanto aqueles que Allan Kardec e outros espíritas enumeraram em estudos, conforme citamos em obra anterior de nossa autoria.

Vide a obra "Mediunidade de Cura", capo I, "A Antiguidade do Fenômeno Mediúnico e Sua Comprovação Bíblica", de Ramatís.


Namastê / Laroyê

APOCALIPSE: ESCOLHAS E OS PROCESSOS OBSESSIVOS COMPLEXOS

👇👇 Acesse o Vídeo 👇👇 Namastê / Laroyê ★ACESSE TODOS OS ESTUDOS★