12.10.25

ESPIRITISMO E UMBANDA

Em "A Missão do Espiritismo" ditado pelo Espírito Ramatis através do médium 'Hercílio Maes'; temos as seguintes revelações sobre a Umbanda!


PERGUNTA: Como é que os Mentores Espirituais encaram o movimento de Umbanda observado do Espaço?

RAMATÍS: Evidentemente, sabeis que não há separatividade nem competição entre os espíritos benfeitores, responsáveis pela espiritualização da humanidade. As dissensões sectaristas, críticas comuns entre adeptos espiritualistas, discussões estéreis e os conflitos religiosos, são frutos da ignorância, inquietude e instabilidade espiritual dos encarnados. 

Os Mentores Espirituais não se preocupam com a ascendência do
Protestantismo sobre o Catolicismo, do Espiritismo sobre a Umbanda, dos teosofistas sobre os espíritas, mas lhes interessa desenvolver, nos homens o Amor que salva e o Bem que edifica!

Os primeiros bruxuleios de consciência espiritual liquidam as nossas tolas críticas contra os nossos irmãos de outras seitas. Em primeiro lugar, verificamos que não existe qualquer "equívoco" na criação de Deus, e, secundariamente, já não temos absoluta certeza de que cultuamos a "melhor" Verdade! 

Ademais, todas as coisas são exercidas e conhecidas no tempo certo do grau de maturidade espiritual de cada ser, porque o Espírito de Deus permanece inalterável no seio das criaturas e as orienta sempre para objetivos superiores. 

As lições que o homem recebe continuamente, acima do seu próprio grau espiritual, significam a "nova posição evolutiva", que ele depois deverá assumir, quando terminar a sua experiência religiosa em curso.

Obviamente, os mentores espirituais consideram o movimento de Umbanda uma sequência ou aspiração religiosa muitíssimo natural, e destinada a atender uma fase de graduação espiritual do homem. 

A Administração Sideral não pretende impor ao Universo uma religião ou doutrina exclusivista, porém, no esquema divino da vida do espírito eterno, só existe um objetivo irredutível e definitivo - o Amor!

Em consequência, ser católico, espírita, protestante, umbandista, teosofista, muçulmano, budista, israelita, hinduísta, iogue, rosacruciano, krisnamurtiano, esoterista ou ateu, não passa de uma experiência transitória em determinada época do curso ascensional do espírito eterno! 

As polêmicas, os conflitos religiosos e doutrinários do mundo, não passam de verdadeira estultícia e ilusão, pois só a ignorância do homem pode levá-lo a combater aquilo que ele "já foi" ou que ainda "há de ser"! 

É tão desairoso para o católico combater o protestante, ou o espírita combater o umbandista, como em sentido inverso, pois os homens devem auxiliar-se mutuamente no próprio culto religioso, embora respeitem-se na preferência alheia, segundo o seu grau de entendimento espiritual.

É desonestidade e cabotinismo condenarmos a preferência alheia, em qualquer tributo espiritual da vida humana! Pelo simples fato de um homem detestar limões, isto não lhe dá o direito de reclamar a destruição de todos os limoeiros, nem mesmo exigir que seja feito o enxerto a seu gosto!


PERGUNTA: E o que vós julgais da Umbanda?

RAMATÍS: Embora reconheçamos que o vocábulo trinário Umbanda, em sua vibração intrínseca e real, significa a própria "Lei Maior Divina" regendo sob o ritmo septenário o desenvolvimento da Filosofia, Ciência, Religião e a existência humana pela atividade da Magia em todas as latitudes do Universo, neste modesto capítulo referimo-nos à Umbanda, apenas como doutrina de espiritualismo de "terreiro"! 

Sabemos que a palavra Umbanda é síntese vibratória e divina, abrangendo o conjunto de leis, que disciplinam o intercâmbio do Espírito e a Forma, em vez de doutrina religiosa ou fetichista. 

Ela é conhecida desde os Vedas e demais escolas iniciáticas do passado, mas foi olvidada na letargia das línguas mortas e abastardada nos ritos africanos, passando a definir práticas fetichistas e atos de sortilégios. 

Em certos casos, chegaram a confundi-la com a própria
atividade do sacerdote negro! Sem dúvida, ela deturpou-se na sua divina musicalidade e enfraqueceu a sua intimidade sonora na elevada significação de um "mantram" cósmico! 

Mas devido à ancestralidade divina existente no espírito humano, Umbanda será novamente expressa e compreendida na sua elevada significação cósmica, mercê do trabalho perseverante dos próprios umbandistas estudiosos e descondicionados do fetichismo escravizante de seita!

No entanto, nós prosseguiremos neste labor mediúnico, examinando Umbanda, somente em sua atual condição de sistema doutrinário mediúnico religioso!


PERGUNTA: E que dizeis de Umbanda, como "espiritualismo de terreiro"?

RAMATÍS: Em face de nosso longo aprendizado no curso redentor da vida humana, almejamos que a doutrina espiritualista de Umbanda alcance os objetivos louváveis traçados pela Administração Sideral.

Indubitavelmente, a Umbanda, como seita, ainda não passa de uma aspiração religiosa algo entontecida, mas buscando sinceramente uma forma de elevada representação no mundo. 

Não apresenta uma unidade doutrinária e ritualística conveniente,
porque todo "terreiro" adota um modo particular de operar e cada chefe ou diretor ainda se preocupa em monopolizar os ensinamentos pelo crivo de convicção ou preferência pessoal.

Mas o que parece um mal indesejável, é consequência natural da própria multiplicidade de formas, labores e concepções que se acumulam prodigamente no alicerce fundamental da Umbanda!

Aqueles que censuram essa instabilidade muito própria da riqueza e variedade de elementos formativos umbandísticos, são maus críticos, que devido à facilidade de colherem frutos sazonados numa laranjeira crescida, não admitem a dificuldade do vizinho ainda no processo da semeadura!


PERGUNTA: 
Poderíeis usar de alguma imagem comparativa, que nos sugerisse melhor entendimento sobre a situação atual da Umbanda?

RAMATÍS: A Umbanda é como um grande edifício sem controle de
condomínio, onde cada inquilino vive a seu modo e faz o seu entulho! Em consequência, o edifício mostra em sua fachada a desorganização que ainda lhe vai por dentro! 

As mais excêntricas cores decoram as janelas ao gosto pessoal de cada morador; ali existem roupas a secar, enfeites exóticos, folhagens agressivas, bandeiras, cortinas, lixo, caixotes, flores, vasos, gatos, cães, papagaios e gaiolas de pássaros numa desordem ostensiva. 

Debruçam-se nas janelas criaturas de toda cor, raça, índole, cultura, moral, condição social e situação econômica, enquanto ainda chega gente nova trazendo novo acervo de costumes, gostos, temperamentos e preocupações, que em breve tentam impor aos demais.

Malgrado a barafunda existente, nem por isso é aconselhável dinamitar o edifício ou embargá-lo, impedindo-o de servir a tanta gente em busca de um abrigo e ,consolo para viver a sua experiência humana. 

Evidentemente, é bem mais lógico e sensato firmar as diretrizes que possam organizar a vivência proveitosa de todos os moradores em comum, através de leis e regulamentos formulados pela direção central do edifício, e destinados a manter a disciplina, o bom gosto e a harmonia desejáveis!


PERGUNTA: 
Quereis dizer que apesar da confusão atual reinante na Umbanda, ela tende para a sua unidade doutrinária, não é assim?

RAMATÍS: 
Apesar dessa aparência doutrinária heterogênea, existe uma estrutura básica e fundamental que sustenta a integridade da Umbanda, assim como um edifício sob a mais fragrante anarquia dos seus moradores, mantém-se indestrutível pela garantia do arcabouço de aço!

Da mesma forma, o edifício da Umbanda, na Terra, continua indeformável em suas "linhas mestras", bastando que os seus lideres e estudiosos orientem-se através da diversidade de formas exteriores, para em breve identificar essa unidade doutrinária iniciática. 

Os terreiros ainda lutam entre si e atacam-se mutuamente, em nome de princípios doutrinários e ritualísticos semelhantes, enquanto sacrificam a autenticidade da Umbanda, pela obstinação e pelo capricho da personalidade humana! 

É tempo dos seus lideres abdicarem do amor-próprio, da egolatria e interesses pessoais, para pesquisarem sinceramente as "linhas mestras" da Umbanda, e não as tendências próprias e que então confundem à guisa de princípios doutrinários!


PERGUNTA: 
Considerando-se que a Umbanda é de orientação espiritual superior, qual é a preocupação atual dos seus dirigentes, no Espaço?

RAMATÍS: Os mentores de Umbanda, no momento, preocupam-se em eliminar as práticas obsoletas, ridículas, dispersivas e até censuráveis, que ainda exercem os umbandistas alheios aos fundamentos e objetivo espiritual da doutrina.

Sem dúvida, uns adotam excrescências inúteis e abusivas no rito e características doutrinárias de Umbanda, por ignorância, alguns por ingenuidade e outros até por vaidade ou interesse de impressionar o público! 

Inúmeras práticas que, de início, serviram para dar o colorido doutrinário, já podem ser abolidas em favor do progresso e da higienização dos "terreiros"!

Aliás, a Umbanda é um labor espiritual digno e proveitoso, mas também é necessário se proceder à seleção de adeptos e médiuns, afastando os que negociam com a dor alheia e mercadejam com as dificuldades do próximo! 

Raros umbandistas percebem o sentido específico religioso da Umbanda, no sentido de confraternizar as mais diversas raças sob o mesmo padrão de contato espiritual com o mundo oculto. 

Sem violentar os sentimentos religiosos alheios, os pretos-velhos são o "denominador comum" capaz de agasalhar as angústias, súplicas e desventuras dos tipos humanos mais diferentes! 

São eles os trabalhadores avançados, espécie de bandeirantes desgalha não a mata virgem e abrindo clareiras para o entendimento sensato da vida espiritual, preparando os filhos e os habituando a soletrar a cartilha da humildade, para mais breve entenderem a própria mensagem iniciática do Espiritismo!

A Umbanda tem fundamento, e quando for conhecido todo o seu programa esquematizado no Espaço, os seus próprios críticos verificarão a comprovação do velho aforismo de que "Deus escreveu direito por linhas tortas"!


PERGUNTA: 
A maioria dos umbandistas assegura que a Umbanda é originária dos ritos ou atividades iniciáticas dos hindus ou egípcios! Que dizeis?

RAMATÍS: É provável que alguns entendidos do hermetismo egípcio e da escolástica hindu pretendam provar que a atual doutrina umbandística provenha diretamente do sentido original e iniciático de Umbanda, como a "Lei Maior Divina" subentendida nas velhas iniciações. 

Mas a verdade é que entre os africanos, a sonância de tal palavra nada tinha de iniciática ou significação de legislação cósmica; porém, abrangia a vulgaridade das práticas mediúnicas fetichistas, no intercâmbio ritualístico com espíritos primários e os elementais da Natureza, assim como toda espécie de sortilégios, crendices e culto aos mortos!

No entanto, malgrado o protesto de alguns espiritualistas estudiosos, negando que os africanos houvessem manuseado o termo Umbanda, o qual somente foi adjudicado à prática mediúnica de terreiros há pouco tempo, no Brasil, ninguém pode negar que o grão sacerdote entre os povos de Angola, era conhecido por "Kimbanda-Kia-dihamba", como o legítimo invocador dos espíritos e "Kimbanda-Kusaka", quando era apenas feiticeiro ou curandeiro.

Evidentemente, o termo "mbanda", embora corruptela do binário final da palavra sagrada Umbanda, já existia dominante nas práticas africanas, e, quiçá, posteriormente, acrescido do prefixo "aum" ou "om"!

Mais tarde, esse conjunto de práticas africanas, certa ou erradamente tachado de Umbanda, mesclou-se no Ocidente, principalmente na América Latina, com outras crenças religiosas e influenciou-se com os costumes e o temperamento local de cada povo, embora até recebendo denominações diferentes e todas incluídas no mesmo estudo do Africanismo.

Mas a verdade é que tais práticas fetichistas, ritos, dogmas, compromissos e exorcismos, não representam o espírito intrínseco ou iniciático do vocábulo "Aum Bandhã", no simbolismo de representar o aspecto trinário do Universo! 

Assim, as relações mediúnicas com espíritos de índios, caboclos, pretos e congêneres, nas práticas ritualísticas dos terreiros e conhecidas como de Umbanda, só significam seita, doutrina ou movimento religioso com atividades mediúnicas de origem africana, num sentido exclusivamente benfeitor e oposto ao que se presume ser Quimbanda!

Apesar do louvável empenho dos umbandistas em atribuírem a origem de sua seita a fontes iniciáticas do Egito, da Caldéia ou da índia, o certo é que a doutrina de Umbanda, atualmente praticada no Brasil, deriva fundamentalmente do culto religioso da raça negra da velha África. 

Os seus princípios doutrinários não se vinculam à magia ou escolástica de qualquer ramo iniciático ou bastardo das religiões e cultos egípcios, hindus, caldaicos, assírios ou gregos. 

Eles são realmente frutos do "folclore", dos provérbios, aforismos, das lendas, crenças populares, canções e tradições do negro africano. O vinculo do negro persiste implacável, apesar da penetração do branco e das tentativas dos ocidentais considerarem a Umbanda uma seita exclusivamente originária de antigas confrarias do Oriente.


PERGUNTA: Por que também se diz "Linha Branca de Umbanda"?

RAMATÍS: As tribos africanas, ignorantes e simples, antes do seu contato com a civilização não tinham noção avançada do bem e do mal nas suas práticas mediúnicas e de feitiçaria. 

Já dissemos alhures que a moral e a conduta humana evoluem e variam de época para época; entre os antigos selvagens brasileiros era um bem comer a carne do guerreiro valente, assim como nas guerras dos civilizados é um bem matar o maior número de inimigos! 

No entanto, hoje é um mal ser antropófago; e amanhã será um mal matar o próximo!

Ademais, a feitiçaria entre os negros era praticada no sentido de encantamento, como processo técnico disciplinado pelas leis dinâmicas da Magia! Não lhes ocorria na mente que estavam praticando atos perversos ou malignos, mas apenas servindo-se dos mais avançados recursos para a sua sobrevivência na face do mundo! 

O encantamento através de objetos, aves, animais, vegetais ou resíduos humanos, fazia parte de sua luta heróica, imunizando-se contra as feras e os répteis, defendendo-se contra as calamidades da natureza e liquidando os inimigos! 

Em verdade, os homens civilizados também mobilizam outra forma de feitiço, empregando bombas atômicas, gases mortíferos, lança-chamas e até germens virulentos na magia negra do genocídio!

Os africanos praticavam a magia indistintamente, como um processo de dinamismo e ação no controle das energias do mundo oculto, apoiados pelos seus "orixás", ou espíritos da Natureza. 

Não distinguiam a magia negra como atividade maligna, ou a magia branca no sentido benfeitor; mas apenas a magia, com os diversos processos de encantamento ou feitiçaria! 

Mas depois que essas práticas africanas foram transplantadas para outros povos, surgiu a diferenciação; o feitiço passou a ser considerado magia negra, porque além de um processo preferencial dos negros, tratava-se de atividade paralisante, enfermiça e mortífera.

E o seu oposto, o ato de desmanchar o feitiço, ficou conhecido como magia branca, bem assim como todo encantamento ou rito, que só objetiva beneficiar o ser humano! 

Também se poderia dizer feitiço negro, quando é prática adversa, e feitiço branco, se ajuda o próximo! Em face de tais considerações, os umbandistas preferem denominar "Linha Branca de Umbanda", a fim de distingui-la de "Linha Negra" dos magos que operam de modo destrutivo. 

Mas é desnecessária essa denominação, porque Umbanda, na própria acepção do vocábulo, embora neste caso refira-se a uma doutrina e não à vibração mística, é expressão de atividade benfeitora.


PERGUNTA: 
Há diferença em se dizer "Linha Branca de Umbanda" e "Umbanda Branca"?

RAMATÍS: Em face dos atuais procedimentos, costumes e eventos científicos da civilização, é inexequível a prática de Umbanda nos moldes, rigorismo e ritualismo genuíno africano, onde há ritos, oferendas e obrigações tão nauseantes e bárbaras do velho Africanismo, que chocam os mais rudimentares preceitos de higiene, bom senso e compostura humana. 

Ademais, os rituais africanos ainda variavam de tribo para tribo,
dependendo de costumes, lendas, crenças e do próprio grau de belicosidade dos seus componentes.

Acontece que antes dessa denominação de Umbanda, os ritos, consagrações, despachos e intercâmbio mediúnico eram somente conhecidos como "candomblé" e "macumba", sob o domínio completo do negro genuíno africano versado na magia grosseira de sua terra. 

Não havia "Pai-de-santo" mulato ou branco no cerimonial religioso africanista no Brasil colonial. Isso se deve mais ao desaparecimento do original negro africano, e à frequente penetração de elementos brancos de várias outras raças não africanas, assim como devido à cultura cristã, às regras de ética e miscigenação brasileira.

A medida que os africanos foram desencarnando, os pegis, os deuses e a mística africanista ficou entregue aos crioulos, que não puderam suportar a linhagem iniciática dos ritos negros na sua manifestação genuína. 

Então as macumbas e os candomblés foram-se impregnando das crenças católicas, das lendas e magia ameríndia, e do influxo crescente do Espiritismo. 

Os mulatos passaram a dominar nos terreiros, e, gradualmente, estão cedendo o cetro aos brancos originários de todas as raças, sendo bastante difícil ainda ver-se o negro pontificando como "Pai-de-Terreiro"!

Numerosos cavalos de terreiros, cambonos e "chefes", são descendentes de italianos, portugueses, sírios, poloneses, alemães, japoneses e até judeus, no mais original espírito de confraternização com as algaravias dos pretos-velhos e a linguagem brusca, vigorosa e imponente dos bugres! 

Acresce, ainda, que se faz cada vez mais intensa nos terreiros a influência de certas doutrinas hindus, enfraquecendo a velha magia africanista e assim justificando a preferência dos "brancos" pela fórmula. "Umbanda Branca"!


PERGUNTA: Qual o motivo da aprovação da Umbanda pelo Alto, quando já se fazia o advento do Espiritismo?

RAMATÍS: A Umbanda, no Brasil, é consequência de uma lei religiosa muito natural - a evolução moral! Prevendo a decadência do Catolicismo pelos seus dogmas envelhecidos, o advento libertador e mentalista do Espiritismo e o consequente progresso científico do mundo, os mestres espirituais elaboraram o esquema de uma doutrina religiosa capaz de aproveitar as sementes boas da Igreja Católica, incluindo nos seus postulados o estudo da Reencarnação e Lei do Carma! 

Assim, foi delineada a doutrina que se conhece por Umbanda, despida de preconceitos racistas pela sua origem africana, no sentido de agrupar em sua atividade, escravos, senhores, pretos, brancos, nativos, exilados, imigrantes descendentes de todos os povos do mundo, sediados no solo brasileiro.

Assim como não se tira de uma criança um objeto de sua adoração, antes de o substituirmos por outro equivalente, o Alto também programou o crescimento da Umbanda à medida que o Catolicismo cede terreno por imposição dos eventos modernos. 

No momento, a Umbanda vive a sua fase de instabilidade religiosa, assim como na fervura de várias substâncias ainda não se distingue na panela o conteúdo definitivo e proveitoso. 

Mas há de ser uma instituição louvável, no Brasil, porque também recebeu do Cristo a outorga para o serviço do Bem; e corresponde à ansiedade religiosa do povo brasileiro, cada vez mais descrente da obstinação sacerdotal católica, que ainda defende os seus dogmas
seculares.


PERGUNTA: Por que os católicos, e até protestantes, simpatizam-se mais facilmente com a Umbanda do que pelas sessões de cardecismo?

RAMATÍS: 
Os católicos, protestantes e outros religiosos ainda vinculados à adoração de imagens, a compromissos rituais, cânticos, incenso, ladainhas, promessas, velas, santos e outros aparatos do culto exterior, encontram na Umbanda um clima algo familiar, que os acostumam no intercâmbio com os espíritos desencarnados, não sendo difícil, mais tarde, a sua adesão fácil aos postulados do Espiritismo codificado por Allan Kardec.

Malgrado os exotismos e anacronismos que os espíritas censuram nas práticas de Umbanda, os "neófitos" e "filhos de terreiro" aprendem, com os pretos-velhos e caboclos, a realidade da doutrina da Reencarnação e da Lei do Carma, que não aprendiam antes nas igrejas e templos religiosos.

Embora possam se amedrontar com as práticas estranhas nos terreiros de Umbanda, os neófitos, provindos do catolicismo e de outras religiões, terminam por acalmar os seus receios diante das imagens conhecidas de Santo Antônio, São Jorge, São Jerônimo, São Sebastião, Nossa Senhora da Conceição, São João Batista, Cosme e Damião, assim como do próprio Mestre Jesus, consagrado como Oxalá, o orixá maior. 

Os cavalos e cambonos vestidos de branco, alguns envergando sobrepelizes bordadas e engomadinhas, lembram os sacristãos auxiliando no oficio religioso; as velas, o turíbulo ou recipiente de defumadores, as flores, os cânticos dolentes e pitorescos, os pontos vigorosos e as invocações de falanges, associam a lembrança da igreja nos dias festivos. 

Há cerimônias do humilde bater de cabeça nos altares; os "saravás", as passagens de linhas, a consagração a Zambi, ou Deus, a repartição do mel ou do marafo, que lembram os momentos de elevação do cálice nas missas ou a hora sagrada da comunhão. 

Nos dias de Yemanjá, a "Rainha do Mar", os babalaôs, e as ialorixás, promovem a grande procissão à beira-mar, entre cantos e louvores festivos, na pitoresca oferta de presentes de flores, sabonetes, toalhas e pentes de brancura imaculada, simbolizando a pureza de Maria, a mãe de Jesus!

É um culto ingênuo, mas puro e sincero, que ainda faz parte da alma brasileira; e não pode ser eliminado ou destruído de modo "ex-abrupto", que deixaria um vazio que poderia ser preenchido por outras práticas censuráveis e perigosas.

Ademais, os pretos-velhos, conselheiros paternais, tolerantes e generosos, substituem, a contento, os sacerdotes ou pastores, cuidando seriamente dos problemas e rogativas dos filhos. 

Embora não sejam diplomados pelas academias cientificas do mundo, eles são os alunos devotados à escola do Cristo! Jamais negam a sua ajuda amorosa, aconselhando sem censuras e amando sem interesse.

Há grande diferença entre o preto velho, que orienta e conforta pessoalmente os crentes desgovernados na vida profana, em
comparação ao sacerdote ou pastor, que sobe ao púlpito para excomungar severamente os pecados dos homens!


PERGUNTA: A maioria dos espíritas assegura que na Umbanda só baixam espíritos inferiores, ainda presos às superstições e práticas pagãs! Que dizeis?

RAMATÍS:
Inúmeras vezes temos advertido que a presença de espíritos inferiores não depende do gênero de trabalho mediúnico, nem do tipo da doutrina espiritualista, mas exclusivamente da conduta, do critério moral dos seus componentes e adeptos.

Juntamente com as falanges de espíritos primários ou pagãos também operam na Linha Branca de Umbanda espíritos de elevada estirpe espiritual, confundidos entre caboclos, pretos-velhos, índios ou negros, originários de várias tribos africanas. 

Porventura, Jesus não prometeu: "Quando dois ou mais reunirem-se em meu nome, ali eu também estarei"?

Ademais, em face da agressividade que atualmente impera no mundo pelo renascimento físico de espíritos egressos do astral inferior para a carne, os trabalhos mediúnicos de Umbanda ajudam a atenuar a violência dessas entidades que se aglomeram sobre a crosta terráquea tramando objetivos cruéis, satânicos e vingativos! 

As equipes de caboclos, índios e pretos experimentados à superfície da Terra, constituem-se na corajosa defensiva em torno dos trabalhos mediúnicos de vários centros espíritas! Sem dúvida, conforme o pensamento dos cardecistas, o ideal seria doutrinar obsessores e esclarecer obsediados sem o uso da violência que, às vezes, adotam as falanges de Umbanda. 

Em geral, tanto a vítima como o algoz estão imantados pelo mesmo ódio do passado. E então é preciso segregar a entidade demasiadamente perversa, que ultrapassa até o seu direito de desforra, assim como no mundo não se deixa a fera circular livremente entre as criaturas
humanas! 

Tanto aí na Terra como aqui no Espaço, o livre-arbítrio é tolhido, assim que o seu mau uso principia a ferir os direitos alheios!


PERGUNTA: Os espíritas criticam a Umbanda porque é doutrina
demasiadamente apegada aos fenômenos da vida material! Que dizeis?

RAMATÍS: Não há dúvida. A Umbanda ainda é um culto fetichista, porque exerce a sua ação mais propriamente no aproveitamento das forças da Natureza, onde os magos negros também exploram as energias para suas práticas malignas. 

Os próprios espíritas não ignoram que no mundo invisível existem servidores do Criador em todos os planos da Natureza, conhecidos pelos teósofos como "elementais", ou entidades primárias. 

Essas falanges primitivas do mundo oculto também são comandadas por seres poderosos e que podem interferir vigorosamente nos fenômenos da própria vida física. 

As lendas decalcadas do folclore de todas as raças terrenas têm mencionado a existência desses espíritos poderosos como gênios, fadas, gigantes ou criaturas fabulosas, que dominam o vento, a chuva, o trovão, o raio ou oceano!

Os africanos, donde a doutrina de Umbanda trouxe o seu fundamento, cultuavam os "senhores da Natureza" na forma de Orixás menores e maiores, conforme o seu poder e a sua responsabilidade junto aos homens. 

Esse culto e entendimento recíproco eram feitos através da fenomenologia física, no limiar das forças da Natureza. Então havia cerimoniais, compromissos e deveres para com os chefes de linhas e falanges do mundo oculto, com os tradicionais presentes e ritos à beira dos rios, do mar, dos campos, das matas e nas encruzilhadas dos caminhos.

Os antigos sacerdotes bantos produziam curas fabulosas, modificavam o ambiente, faziam predições avançadas através do exame psicométrico da aura dos objetos e das ervas dinamizadas no seu energismo.

Sabiam invocar os espíritos da Natureza e os mais poderosos produziam doenças estranhas nas tribos inimigas, previam tempestades, inundações, assaltos de animais ferozes, efetuavam acontecimentos
miraculosos.

Sem dúvida, eram ritos bárbaros onde corria prodigamente o sangue dos animais sacrificados; e em certos casos, as entidades perversas exigiam até o holocausto humano! 

Em consequência, não é desairoso nem censurável o fato de a Umbanda ser doutrina apegada aos fenômenos materiais, quando o seu principal metabolismo de vida é justamente baseado sobre as forças grosseiras da Natureza!

Sem o arsenal que lhe constitui o culto religioso atual e lhe faz conexão com os espíritos primários da Natureza, não seria Umbanda, mas apenas Espiritismo, cuja atividade é feita mais propriamente no plano mental.


PERGUNTA: Que representa esse arsenal do culto religioso da Umbanda?

RAMATÍS: 
O arsenal a que nos referimos varia na sua nomenclatura e quantidade, conforme o próprio grau evolutivo dos adeptos dos vários terreiros, assim como a natureza do trabalho a ser feito e o tipo das linhas ou falanges no intercâmbio mediúnico.

Mas, em geral, no culto fetichista de Umbanda aos elementos da Natureza, além de ritos e cerimônias de praxe, festividades de Ogun, Yemanjá ou Xangô, despachos à beira dos rios, do mar, nos campos e nas matas, banhos de descarga com ervas odorantes e "limpa corpo", defumadores, pontos cantados e riscados, ainda se usa uma série de objetos e coisas que firmam os preceitos da magia africana tradicional.

São altares, imagens de santos católicos, pembas, ponteiros, fundanga, velas, charutos, pitas de barro, guias, patuás, talismãs, enfeites e as principais bebidas como marafa, sangue de Cristo, marambaia, água de açúcar, branco de anjo, e, ultimamente, lágrima de Yemanjá e espuma do mar, conforme a linguagem pitoresca dos pais de terreiro.

Sem dúvida, há terreiros onde medra o exagero de objetos e práticas fetichistas, que não têm significação alguma no campo da magia africana, mais por culpa da ignorância ou vaidade dos cavalos e cambonos.


PERGUNTA: 
Os umbandistas alegam que a sua doutrina é baseada essencialmente na Magia! Que dizeis?

RAMATÍS: Isso é evidente, pois qual é a raça ou povo que não revelou tendência natural para a Magia? A Magia, portanto, não é uma entidade definida, mas uma ciência ou arte de empregar conscientemente os poderes invisíveis e obter resultados no campo da vida material.

E como a eficiência e o êxito da Magia depende muitíssimo da vontade, do amor e principalmente da imaginação humana, cada raça ou povo ajusta o ritmo ou desenvolvimento mágico à sua idiossincrasia, seus costumes e conhecimentos, suas lendas e manifestações religiosas! 

A Magia está adstrita à botânica, aos minerais e até aos animais, conjugados aos efeitos do magnetismo astrológico, à energia da água corrente dos rios e dos mares, à força vitalizante e higienizadora do Sol, combinada ainda aos efeitos hipnóticos ou excitantes dos raios lunares. 

Tudo isso funde-se no cadinho das raças ou dos povos, cujos magos estudam séculos e séculos todas as manifestações da Vida em torno do seu povo e do ambiente onde vivem.

Eles procuram eliminar escórias, tolices e infantilidades no esquema dinâmico da Magia, mas conservando a direção dos impulsos estimulantes das forças da Natureza.

Consequentemente, existe a magia egípcia, babilônica, assíria, hindu, grega, escandinava, germânica, latina, africana e ameríndia! E conforme a expansividade geográfica e amplitude da raça, ainda podem se incorporar novos elementos dinâmicos no processo mágico, frutos dos costumes e do clima que varia do mesmo povo. 

Assim, os elementos puros e iniciáticos que entram na magia de certa raça, tornam-se noções bastardas quando usados ou aplicados no processo mágico de outro povo, enfraquecendo o ritmo e semeando insucessos no objetivo programado. 

Sabe-se que o azeite ou o vinho são produtos agradáveis e proveitosos, mas se forem misturados perdem a sua qualidade intrínseca, tornando-se uma mistura desagradável. 

Assim é a Magia: quando subordinada ao tema folclórico, costumes e conhecimentos do mesmo povo ou raça, dinamiza as energias da natureza e catalisa o magnetismo do mundo astral num processo coerente e útil.

Mas não passa de inofensivo passatempo, ou prática supersticiosa, quando entremeada de símbolos, objetos, ervas, minerais eu elementos pertencentes a outra raça ou povo onde ela se forjou, como um processo catalisador das forças magnéticas da Natureza.

Como conciliar num mesmo processo harmônico de magia o mentalismo indomável do sacerdócio hindu, o magnetismo poderoso dos templos egípcios, a projeção etéreo-física dos velhos magos da Caldéia, a mobilização de energias selváticas no astral inferior dos negros africanos, o domínio do fogo dos peles-vermelhas, o poderio e o curandeirismo dos
pajés brasileiros sobre os elementos da Natureza? 

Sem dúvida, essa mistura divergente enfraquece o ritmo ascendente e a dinâmica da magia, pois a qualidade é prejudicada pela quantidade heterogênea.


PERGUNTA: Há fundamento na denominação de Espiritismo de Umbanda, como é preferido por certa parte de umbandistas?

RAMATÍS: Umbandista é mediunismo, mas não é Espiritismo! Embora seja doutrina que admite a Lei da Reencarnação e o processo de Causa e Efeito do Carma, merecendo os mais sinceros louvores pelas curas dos enfermos e obsidiados vitimas da magia negra, a Lei de Umbanda ainda não é uma doutrina codificada com princípios exclusivos e imodificáveis, tal como aconteceu com o Espiritismo. 

Também não é reforma, tal qual o Protestantismo, e ainda não se consagrou como comunidade religiosa à semelhança do que já ocorreu com o Catolicismo.

O Espiritismo, como sistema ou doutrina dos espíritos, firma os seus postulados nas bases principais transmitidas do Além, enquanto Umbanda, na atualidade, ainda é sincretismo religioso, amálgama de concepções heterogêneas de crenças, folclores, superstições, ritos e costumes religiosos de diversas raças e povos. 

Sem dúvida, a Umbanda ainda está na fase de arroteamento do terreno e da semeadura, expluindo entre frutos sazonados e ervas imprestáveis! Mas é movimento religioso e mediúnico em progresso para louvável confraternização entre os povos. 

Por isso, em seus terreiros pontificam brancos, pretos, alemães, poloneses, italianos, sírios, espanhóis, portugueses e judeus, que
não resistem ao fascínio e à afabilidade dos "pretos-velhos", ou à força e à sinceridade dos bugres!

Ali se extinguem, realmente, todas as noções de raças, distinções hierárquicas, níveis de sabedoria, emblemas acadêmicos ou posição social, para existirem somente os "filhos do terreiro", clamando pela ajuda amorosa dos pretos-velhos, pela proteção dos índios fartos de vitalidade e a solução de problemas pela habilidade e abnegação dos
caboclos!


PERGUNTA: 
Por que se diz em Umbanda cavalo e cambono, em vez de médium, como é tradicional no Espiritismo?

RAMATÍS: Embora ambos os vocábulos médium e cavalo definam a mesma coisa, ou seja, intermediário de espíritos desencarnados, eles divergem no sentido de sua aplicação ou função nos trabalhos de mesa e de terreiro. 

O médium operante sob a égide do Espiritismo deve seguir atentamente as recomendações de Allan Kardec e manter o controle e a disciplina defensiva, sem abdicar de sua própria autoridade espiritual ou
submeter-se docilmente às iniciativas dos desencarnados.
 
O médium cardecista é mais um procurador ou representante dos espíritos, mas sempre vigilante ante o perigo de fascinação ou obsessão por descuido, fanatismo ou conduta desregrada.

Mas os espíritos que atuam em candomblés, macumbas ou atualmente em Umbanda, chamam de cavalos os seus médiuns, porque exigem deles a abdicação de personalidade, cultura, temperamento, linguagem correta, preocupação de oratória! 

O médium de terreiro, como o cavalo domesticado, deve ser dócil e submisso à vontade do seu dono, sem protesto e sem negaças! Embora seja culto ou excelente orador, fala arrevesado e limita-se à filosofia doméstica, miúda e popular dos pretos-velhos; mal grado o seu prestígio no mundo profano, seu curso acadêmico ou graduação superior, há de ser humilde, comunicativo e tolerante, capaz de atender seriamente às solicitações mais tolas ou criticáveis!

O cambono, no entanto, não é médium ou cavalo, mas urna espécie de secretário dos Pais de Terreiro, cumprindo-lhe explicar aos filhos de Umbanda os ritos, especificar as cerimônias e os despachos, traduzindo a linguagem truncada dos pretos-velhos, brusca e altiva dos índios ou acaipirada dos caboclos. 

Há ditos, rifões e peculiaridades dos espíritos de Umbanda, que só o cambono sabe explicar pela sua maior familiaridade na doutrina.


PERGUNTA: 
Conforme mencionastes acima, os médiuns de mesa devem manter o controle espiritual e mental sem perder o domínio de sua individualidade, a fim de evitar a infiltração perigosa dos espíritos malfeitores.

No entanto, nos terreiros dá-se exatamente o contrário, isto é, os cavalos obedecem cegamente às entidades que incorporarem e correspondem-lhes quanto à linguagem truncada, às configurações
peculiares, aos cacoetes e costumes, além de fumarem, beberem cachaça, vinho ou cerveja! Porventura, conforme adverte Allan Kardec, tamanha imprudência não conduz à obsessão?

RAMATÍS: Não podemos estender-nos às diversas minúcias que diferenciam os trabalhos de terreiros da mesa cardecista, nem aos motivos fundamentais que distinguem Umbanda de Espiritismo! 

As advertências sensatas e lógicas de Allan Kardec têm por fim
tornar os médiuns prudentes e vigilantes contra a penetração dos espíritos zombeteiros ou malfeitores. 

A defesa do médium reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação de pensamentos, porquanto seus guias de mesa, após cumprirem suas tarefas benfeitoras devem atender outras obrigações inadiáveis.

Mas a principal atividade dos terreiros de Umbanda se exerce no submundo das energias degradantes e fonte primária da vida; os cavalos lidam com toda sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magia e demandas contra entidades sumamente poderosas e cruéis, que manipulam as forças ocultas com absoluto êxito. 

Em consequência, a proteção dos filhos de terreiros é constituída por verdadeiras tropas de choque sob o comando de chefes experientes e decididos, conhecedores profundos da manha e astúcia dos magos negros.

Sua atuação é permanente na Crosta terráquea e vigiam atentamente os cavalos contra as investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela "elevação de pensamentos" ou de conduta moral superior, ainda tão rara entre os melhores
homens!

Em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente os labores de espíritos das falanges negras, os cavalos de Umbanda são permanentemente alvejados pelas confrarias ocultas malfeitoras. 

Não se trata apenas de confortar o espírito sofredor, comover o obsessor obstinado ou orientar o irmão confuso; mas cavalo de Umbanda é o "élan", o ponto de apoio de firmeza dos pais de terreiros na sua luta pertinaz contra agrupamentos e falanges poderosas das Trevas! 

Em consequência, os chefes das Linhas e falanges de Umbanda também assumem pesados deveres e severa responsabilidade de segurança e proteção dos seus pupilos! 

É um compromisso de serviço e fidelidade mútua, porém, de maior responsabilidade dos pais de terreiros! - Daí, também, as grandes descargas fluídicas que se processam nos terreiros e os banhos de ervas recomendados aos cavalos, cambonos e cooperadores, a fim de expulsarem os maus fluidos convergidos depois dos trabalhos de desmanchos ou demanda entre tribos adversas!

Mas a liberdade de manifestação mediúnica nos terreiros e a docilidade proposital do cavalo aos estímulos ocultos, permitem aos espíritos comunicantes atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos nervosos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características. 

Então, índios, pretos-velhos, caboclos, vovozinhas, e tiazinhas, revelam-se nos terreiros com linguajar deturpado, costumes, cacoetes, risadas, adágios e tradições, à semelhança de verdadeiras cópias carbonos de sua realidade no Espaço!

Os índios saúdam em grande estilo, tornam os médiuns altivos e
fortes, capazes de movimentos rápidos, quase felinos e até de saltos vigorosos; os pretos-velhos, as tiazinhas e vovozinhas são curvados, sentenciosos nos seus rifões morais, voz macia, alegres e afáveis, no linguajar característico dos velhos escravos do Brasil. 

Os caboclos ou caipiras revelam a finura própria do sertanejo brasileiro e são repentistas, afiados, espertos, sinceros e desconfiados, falando no modo original e arrevesado do interior. Por isso, os frequentadores de Umbanda identificam facilmente os pais de terreiro, 'logo de chegada, por um gesto ou toque peculiar na pronúncia de meia dúzia de palavras ou no próprio jeito de incorporar.


PERGUNTA: Os cardecistas estão certos em cercear a plenitude da
comunicação mediúnica dos desencarnados?

RAMATÍS: O Espiritismo, como a Umbanda, apesar do seu labor mediúnico diferente, ambos cumprem determinações do Alto e tendem para o mesmo objetivo em comum. 

Enquanto a Umbanda aperfeiçoa a prática mediúnica no campo do fenômeno e favorece a reprodução plástica mais fiel dos espíritos através da passividade e versatilidade dos cavalos de Umbanda, o Espiritismo doutrina os homens para a sua libertação definitiva das formas do mundo transitório da carne! 

Malgrado a aparência de ambos se contradizerem, a Umbanda ajusta o vaso e o Espiritismo asseia o líquido; a Umbanda aprimora a lâmpada e o Espiritismo apura a chama!


PERGUNTA: Por que Allan Kardec então explica que os espíritos
comunicam-se exclusivamente pelo pensamento e não precisam "falar errado", enquanto os pretos e bugres continuam comunicando-se com o seu linguajar excêntrico e a algaravia tradicional nos terreiros?

RAMATÍS: 
Quando Allan Kardec codificou o Espiritismo, na França, ele o fez em função dos problemas inerentes ao astral europeu, mas não se defrontou com uma questão tão complexa, como a desencarnação prematura em massa de espíritos de bugres e pretos escravos, que se situaram no Brasil.

Desconhecia-lhes a carga de crendices, mitos, superstições e infantilidades, assim como o fato de que teriam de falar deturpado, caso pudessem dispor de médiuns espontâneos e sem barreiras mediúnicas, como é tão peculiar entre os cavalos de Umbanda.

Mas detrás da linguagem truncada de muitos pais de terreiro o umbandista estudioso também pode descobrir muito espírito iniciado, que num sacrifício heróico enfrenta o astral primário da Terra para auxiliar a libertação espiritual do homemterreno!

PERGUNTA: 
Os espíritas asseguram que o entendimento nas esferas espirituais é feito através de telepatia!

RAMATÍS: Os espíritos que manejam a telepatia no mundo espiritual é porque já exercitaram-se bastante no gênero, quando ainda viviam na carne! 

Como não há privilégios nem milagres, "cada um recebe segundo suas obras"! Afora disso, o intercâmbio nas colônias espirituais se processa através da palavra falada.


PERGUNTA: 
Quereis dizer que no Espaço também existe a barreira da linguagem?

RAMATÍS: Sem dúvida, nas colônias espirituais situadas em torno da crosta terráquea, os seus componentes falam o idioma das raças ali congregadas, tal como no mundo físico. 

Quando visitamos agrupamentos espirituais de outros povos, também servimo-nos de intérpretes, salvo quando se trata de entidades já desvencilhadas das formas materiais e dos nacionalismos do mundo, em que a telepatia pura é a sua habitual linguagem.

Por isso, o Alto intensifica incessantemente a propagação do Esperanto entre os terrícolas, uma vez que já é idioma de grande influência na área espiritual adjacente à Terra!


PERGUNTA: 
Supomos que os centros espíritas não oferecem as mesmas condições socorristas que são peculiares na Umbanda, não é assim?

RAMATÍS: 
Não é conveniente confundir ambos os gêneros de trabalho e função do Espiritismo e da Umbanda.

O Espiritismo abrange o conjunto de criaturas que já se mostram em condições de ativar o seu progresso espiritual independentemente das formas do mundo; a Umbanda, no entanto, é mensagem endereçada aos homens que ainda requerem o ponto de apoio do rito, das imagens, dos símbolos e do fenômeno mediúnico, para focalizar a sua emotividade religiosa.

Mas não importa se o indivíduo é espiritista ou umbandista, porém, interessa a sua conduta e o seu procedimento junto à humanidade!
Ninguém vale pela sua crença, mas sim, pelas suas obras.

O certo é que o gênero de trabalho mediúnico de Umbanda elimina o constrangimento dos filhos em pedir as coisas mais absurdas, pois os próprios pretos velhos são bisbilhoteiros e põem-nos à vontade!

No entanto, entre pedir e ser correspondido é bem grande a diferença, pois os pais de terreiros, quando instrutores de nível espiritual superior, jamais concedem aquilo que pode perturbar o adestramento dos
seus pupilos na matéria.


Os frequentadores dos centros espíritas estão advertidos de que não devem efetuar pedidos aos guias, que se refiram a coisas materiais; por isso, receiam expor os seus problemas e vicissitudes comuns, limitando-se à solicitação de passes e receitas para a saúde do corpo físico.

Naturalmente, ignoram que mesmo a assistência dos espíritos, quanto à saúde corporal, não deixa de ser problema de ordem material! Os terreiros atraem mais frequentadores porque os pais de terreiro nada recusam nem censuram, mas ouvem atentamente os filhos em suas queixas tolas e até nos pedidos mais desavergonhados. 

Prometem curar os parentes enfermos, disciplinar o caçula rebelde,
corrigir a moça doidivana, pôr na linha o esposo volúvel, afastar o feitiço incômodo ou ajudar na recuperação do patrimônio material! 

Arranjam o bugre ou caboclo vigoroso para proteger o novo filho do terreiro, fazem a descarga dos maus fluidos sob as falanges adestradas, receitam os banhos de ervas de limpeza e revitalização do perispírito, orientam sobre o novo rumo de vida e prescrevem obrigações de exercício de virtudes no lar!

Os consulentes animam-se com a promessa do novo rumo benfeitor de sua vida, tomam banhos de descarga para desintegrar a crosta de fluidos ruins, a maioria sente-se em segurança com os patuás ou talismãs presenteados pelos pretos-velhos, guarnecem seu jardim com palmas de São Jorge que propiciam boa defesa, ou plantam a guiné-pipiu, transformador vegetal que se supõe capaz de sublimar as emanações nocivas.

O chefe do lar, para surpresa da família, às vezes é o primeiro a ter a iniciativa de defumar o ambiente doméstico, a esposa e os filhos, iniciando-se uma nova camaradagem entre os seus componentes e a elevação do clima de pensamentos sob a louvável sugestão dos pontos mentalizados e a recomendação dos pais de terreiros

Encorajado pelos pais de terreiros, o filho então guarda a esperança de melhorar, resguarda-se cada vez mais na produção de pensamentos contraditórios, habitua-se a ocupar-se algumas horas por semana em compromissos de treinamento espiritual, frequenta assiduamente o terreiro recebendo novas recomendações e advertências, esperança e
esclarecimento sobre a responsabilidade humana. 

Assim, ele mesmo dinamiza energias debilitadas, fortifica a sua vontade, corrige as explosões de cólera, quebra o seu orgulho e vaidade, atento às obrigações humildes, e, sem dúvida, termina por sintonizar-se ao nível das correntes superiores, buscando as forças para superar os reveses e as tragédias tão comuns a todos os homens! 

Após ganhar no Além amigos poderosos e as promessas dos pais de terreiros, que também se comoveram com sua desdita, prometendo-lhe soluções benfeitoras, fortifica-se realmente, estabelecendo condições favoráveis para a ajuda espiritual! 

Ademais, à medida que o filho passa a conhecer a justiça da Lei do Carma e a lógica da Reencarnação, também reduz suas queixas e aos poucos se conforma com os percalços da vida, aceitando os efeitos daninhos de suas próprias imprudências pretéritas.

Acontece, também, que os pobres, não conseguindo os recursos financeiros para curar o corpo enfermo, em face dos "trusts" que dominam a medicação de urgência e as taxas elevadas da medicina oficial, procuram os centros espíritas, afluindo nos dias de receituários e ajuda, onde chegam a receber o próprio medicamento sem qualquer despesa.

Se não fossem os terreiros de Umbanda e a peculiar atividade caritativa dos cardecistas, sem dúvida, seria bem maior a estatística de óbitos entre os pobres brasileiros.


PERGUNTA:
 
Conforme explica o Espiritismo, a Terra é uma escola de educação espiritual que adestra as virtudes da alma através das dificuldades e iniciativas humanas.

Por isso, censura-se a Umbanda, que resolve as coisas materiais dos seus filhos, mas atrofia as energias do espírito! Que dizeis?

RAMATÍS: Tudo depende do ponto de vista como encarais tal assunto, pois se os fins são os mesmos, não se deve censurar a diferença de meios empregados no ajutório de Umbanda ou do Cardecismo!

Exemplifiquemos: certa esposa desesperada roga encarecidamente ao preto-velho de Umbanda para ajudar o seu marido desempregado a conseguir um emprego para sustentar o lar. 

Sem dúvida, isso é censurável sob o conceito cardecista, pois trata-se de um pedido de ajuda material, cabendo ao homem desempregado a iniciativa de procurar o emprego desejado sem recorrer aos espíritos desencarnados. 

No entanto, junto à mesa cardecista, onde se proíbe ou se censura as rogativas de ajuda material, outra esposa angustiada também solicita ao guia espiritual do espírita uma receita para curar o seu esposo enfermo, cuja ausência do serviço há alguns meses, está causando graves dificuldades financeiras no lar.
 
Indubitavelmente, tanto o pedido de emprego feito diretamente ao preto-velho de Umbanda, como a receita ao guia do centro cardecista só têm um objetivo - ajudar ambos os desempregados a voltarem ao emprego! 

A diferença é que o preto-velho indica o emprego diretamente para o primeiro consulente, enquanto o guia espírita prescreve o remédio que devolva a saúde ao segundo e lhe proporciona o ensejo indireto de também voltar ao serviço. 

Mas, na verdade, em ambos os casos, os pedidos são de "ajuda material"!


PERGUNTA: Mas é lícito que os frequentadores de Umbanda solicitem aos pais de terreiros para afastarem noivos ou noivas dos filhos, porque são empobrecidos, demitirem chefes antipáticos nas repartições públicas, fornecerem dados sobre tesouros enterrados, preterirem direitos alheios ou auxiliarem em negociatas censuráveis?

RAMATÍS: Bem; isso não é Umbanda, mas Quimbanda! Não é trabalho para espíritos umbandistas, mas serviço censurável para os quimbandeiros!


PERGUNTA: Qual é a diferença entre a prática de Umbanda e da
Quimbanda?

RAMATÍS: 
O mesmo de cardecismo e baixo espiritismo! A doutrina de Umbanda, apesar do seu ritualismo e processo de ação direta na fenomenologia do mundo material, define-se por um trabalho a serviço do Bem!

Mas a negociata inescrupulosa de despachos nas encruzilhadas, cobrança mercenária para melhorar negócios, os trabalhos para juntar ou separar casais, afastar patrões desagradáveis, obter promoções prematuras, derrotar competidores ou eleger candidatos políticos, tudo isso é considerado quimbandismo, porque opera em detrimento do próximo!

Conforme já explicamos, Kimbanda ou Quimbanda era o nome do grande sacerdote dos negros bantos, espécie de médico, oráculo, conselheiro, juiz e experimentado feiticeiro, cujo poder sobrepujava o do próprio rei da tribo. 

Mas, à medida que as crendices e rituais bárbaros africanos foram-se mesclando de outros ritos e práticas estranhas, no Brasil, sob a
influência católica e ameríndia, também adquiriram um sentido deliberadamente benfeitor.

Então os seus cultores acharam necessário diferenciar o novo sincretismo religioso, libertando-o da matriz onde se gerou; e então surgiu a Umbanda, como denominador da magia branca a serviço do Bem! 

A medida que os trabalhos de Umbanda se definiam num curso benéfico, o cognome Kimbanda, do velho sacerdote banto, passou a ter um sentido pejorativo indicando a prática da magia negra! 

Daí, a tradição que se firma, dia a dia, de que todo labor benfeitor é umbandismo e todo o trabalho de magia maléfica é quimbandismo! Em ambos os casos, tenta-se definir os extremos do bem e do mal no
serviço e contato com o mundo oculto através de processos mágicos.


O umbandista é o médium, o cavalo, o mago, o filho de terreiro, que só deve praticar o bem; e o quimbandeiro é o médium, o cavalo, o mago ou o filho do terreiro que só pratica o mal! 

O primeiro é um intérprete da linhagem angélica; o segundo é o marginal, o feiticeiro ou discípulo da linhagem diabólica! Obviamente, o verdadeiro umbandista só aceita serviços em benefício do próximo, enquanto o quimbandeiro mobiliza poderes mediúnicos e energias ocultas para auferir vantagens pessoais, embora prejudique o
próximo.

É o marginal de Umbanda, tal qual o médium inescrupuloso e exilado da seara espírita! Ambos não merecem crédito, confiança ou assistência de boa qualidade, pois invertem o sentido benfeitor das iniciativas do mundo espiritual. 

E após desencarnarem pagarão bem caro essa traição no mundo carnal!


PERGUNTA: É certo que a Umbanda faz conluio com falanges malfeitoras, no Espaço, a fim de conseguir melhor êxito nos trabalhos de "desmanchos" de feitiços e magia negra?

RAMATÍS: 
Realmente, na Umbanda, doutrina que opera no seio da fenomenologia mais densa e repugnante do astral inferior, certas vezes os pais de terreiro precisam negociar com as chamadas falanges da "esquerda", a fim de conseguirem o desmancho da magia negra ou feitiço muito complexo, tal qual a polícia do mundo convoca um arrombador para abrir o cofre de que ninguém conhece o segredo!

Os espíritos da "esquerda" mais habituados ao mal, são entidades primárias, que obedecem cegamente aos seus chefes sem lhes indagar dos objetivos ou intenções. 

Desde que lhes seja feita a paga de praxe ou as obrigações secundárias da magia africana, a eles pouco importa fazer o bem ou o mal. São instrumentos inconscientes nas mãos dos magos ou feiticeiros, que aceitam as "encomendas" dos interessados e verdadeiros responsáveis pela continuidade dessa prática nefasta, que é a magia negra!

As falanges cumprem a vontade desses magos ou chefes assim como os carregadores de uma gare ferroviária transportam indiferentemente uma caixa contendo medicamentos salvadores, ou uma bomba-relógio!

A Umbanda opera nos desvãos nauseantes do subsolo astralino, no foco convergente das forças violentas e selváticas da criação inferior, enquanto o Espiritismo não mexe com "formigueiros" tão perigosos, pois a sua atividade no plano mental é menos acessível à investida agressiva dos magos das sombras.

As falanges de Umbanda são agrupamentos de espíritos valentes, heróicos e experientes, que submergem nos pântanos da astralidade do planeta, a fim de neutralizar energias virulentas, desmanchar trabalhos de magia negra e reconduzir as vitimas à normalidade da vida física. 

São espíritos algo semelhantes aos serventes humildes, que abrem valas para as fundações dos alicerces dos nossos grandes edifícios. Inúmeras vezes, os trabalhadores de Umbanda recebem ordens do Alto para socorrer determinados seres ou livrá-las das amarras dos maus fluidos da magia negra; doutra feita são solicitados para proteger determinados centros cardecistas, defendendo-os contra entidades agressivas, que atacam os labores mediúnicos de fenômenos físicos, tiptologia ou de operações transcendentais.


PERGUNTA: É verdade, que espíritos de elevado quilate espiritual também participam das falanges de Umbanda, habilmente disfarçados sob a forma de "cascões" de pretos, índios e caboclos?

RAMATÍS: 
Realmente, espíritos de elevada estirpe sideral operam nas atividades de Umbanda; alguns deles foram até canonizados pela Igreja Católica e outros são conhecidos nas próprias sessões do espiritismo cardecista.

Embora sejam entidades de luz, disfarçam-se sob o invólucro de "cascões perispirituais" evocados de sua configuração no passado, e misturam-se às falanges primitivas de Umbanda, habituando os seus comandados à prática do Bem.
 
Alguns espíritos superiores, mais audaciosos e heróicos, chegam a penetrar nos agrupamentos de quimbandeiros, minando os processos da magia negra e semeando bons propósitos, embora cumprindo todas as exigências e superstições próprias da Lei da Magia Africana.

A sua atuação, à guisa de "pontas de lança" comandadas pelo mundo angélico, enfraquece as hostes malfeitoras dos magos negros, num trabalho perigoso, pertinaz e exaustivo, que resulta em verdadeira "sabotagem" a favor do Bem!


PERGUNTA: Devemos admitir que todos os índios, caboclos e pretos velhos, participantes da Umbanda, são entidades de luz?

RAMATÍS:
As legiões e falanges de Umbanda são constituídas de índios, caboclos, pretos-velhos e negros africanos, sob o comando de pajés, caciques, babalaôs, chefes e "pais de segredo", sendo, estes últimos, minorias.

Os demais são espíritos primitivos, desconfiados, agressivos e mesmo vingativos, caso os encarnados abusem de sua ingenuidade ou submissão. 

Lembram as próprias forças agrestes da Natureza, que tanto destroem, como produzem toda sorte de benefícios. Em geral, os pretos-velhos, as mães pretas, tiazinhas e vovozinhas, são afáveis, compreensíveis e serviçais, prestando bons serviços aos filhos de terreiros, como já faziam na Terra, quando eram escravos dos brancos!


PERGUNTA: Gostaríamos de uma justificação mais concreta quanto a essa deliberação excêntrica de espíritos elevados participarem das atividades da Umbanda sob o disfarce de "pais de segredo", e até interferindo nas falanges malfeitoras.

RAMATÍS: É evidente que nós também já fomos entidades malfeitoras, e que através do sofrimento e das vicissitudes humanas, convertemo-nos ao labor das linhas do Cristo! 

Isso também há de acontecer às atuais falanges de quimbandeiros entregues ao serviço da magia negra, que no futuro descerão à Terra para a prática do bem. 

Porventura, Jesus não foi o Príncipe de Luz, que deixou o Paraíso para habitar a Terra, viver entre as falanges de criaturas pecadoras? Sem dúvida, manifesto na Terra como um homem simples, filho de um carpinteiro, também era um "pai de segredo", um anjo disfarçado sob a vestimenta rude e compacta do ser humano, falando aos filhos do mundo numa linguagem compreensiva e objetiva.

Em vez de condenar os homens malfeitores ou atemorizá-los pela refulgência de sua luz sideral, o Amado Mestre preferiu habitar entre eles e fazê-los entender o convite para a sua própria Felicidade! 

Antes de impressioná-los por uma linguagem afetada ou científica,
procurou ensiná-los através da singeleza das parábolas e de historietas simples, consolando-os pela força amorosa das bem-aventuranças do Sermão do Monte!

Certos de que só podemos modificar o próximo depois de conquistarmos sua amizade e confiança, muito antes de impormos as nossas virtudes, os "pais de segredo" logram afetos e simpatias incondicionais entre as falanges primitivas que participam ou comandam, para depois conduzi-las ao rumo de Jesus. 

Sem dúvida, é um esforço sacrificial incomum por parte desses iluminados espíritos do Alto, que se obrigam a reduzir sua cota de luz formosa para situá-la nos contornos grosseiros do seu "cascão primário".

Advogados, engenheiros, médicos, sacerdotes, professores, magistrados, filósofos, cientistas, líderes e antigos instrutores espirituais comparecem junto dessas almas primárias, ajudando-as na sua ascese. 

Usam do mesmo linguajar e vivem os mesmos costumes primitivos dos companheiros, mas num treino hábil modificam-lhes o ritmo censurável condicionando-os para a vida superior! 

Como "pais de segredo", conhecem-lhes as manhas, as intenções diabólicas e os projetos vingativos, dissuadindo-os, cautelosamente, dos feitos malignos em troca de outros serviços benfeitores


PERGUNTA: Cremos que o feitiço, que é o principal objetivo de combate por parte da Umbanda, só resulta do trabalho pernicioso das falanges quimbandeiras e sob o controle dos negros. Não é assim?

RAMATÍS: Porventura, só os negros praticam o mal? Quem já produziu tantos males na Terra como Atila, Gengis-Can, Tamerlão ou Hitler, embora fossem brancos e nascidos no seio da civilização?

Em verdade, toda criatura que deseja o mal a outrem, quer o faça pelo pensamento, pela palavra ou através de objetos imantados de maus fluidos, é sempre um feiticeiro, um quimbandeiro ou um mago negro; enfim, um agente do mal a semear prejuízos alheios. 

O feitiço compreende todo o prejuízo ou mal praticado contra o nosso próximo. As histórias e as lendas do mundo são unânimes em afirmar que o autor do feitiço sempre sofre o inevitável choque de retorno do próprio mal que pratica ou manda fazer. 

Quem não paga na mesma existência o malefício alheio, há de sofrer no futuro o retorno violento da carga deletéria, que projetou e castiga o seu autor, justificando o velho aforismo de que "o feitiço sempre volta-se contra o feiticeiro".


PERGUNTA: 
Alegam os espíritas que a boa conduta e os pensamentos elevados bastam para livrar o homem da presença de espíritos inferiores, sem necessidade de mobilizar recursos tão prosaicos do mundo material, como é habitual nas práticas de Umbanda.

RAMATÍS: 
De acordo com a matemática divina da criação, cada coisa tem a sua lei e o seu lugar, seja no mundo físico ou espiritual. Assim como não é possível transportar pedras em carrinhos de papelão, nem abrir pedreiras com alavancas de papel, os espíritos de alta vibração sideral também não podem atuar e interferir nas zonas de fluidos pegajosos e agressivos do mundo inferior.

Há trabalhos de magia concretizados em níveis astrais tão densos e baixos, que são impermeáveis às mais heróicas e vigorosas operações de desmancho procedidas pelos filhos de Umbanda.
 
Ali, nenhum poder mental, por mais sublime e vigoroso, conseguirá desintegrar as massas fluídicas condensadas e focalizadas na direção de um lar ou de uma família enfeitiçada.

Em tais ocasiões, só a interferência direta pela contextura de espíritos primários e sob o comando de chefe experiente e decidido, pode minar as bases fluídicas da magia negra destrutiva!


PERGUNTA: 
Qual é a outra importante finalidade de Umbanda, além de combater a magia negra?

RAMATÍS: Enquanto o Cardecismo restringe os fenômenos mediúnicos em sua manifestação propriamente física, a Umbanda deve assegurar plena liberdade de ação dos espíritos comunicantes sobre os cavalos, os quais estão amparados pela defesa dos pretos e caboclos, que escorraçam as entidades mal-intencionadas. 

O terreiro significa, na realidade, a "mucamba" do preto e a "choça" do bugre, em que eles podem dar vazão à sua alegria, manter suas tradições primitivas, crenças religiosas e manifestações de acordo com
suas idiossincrasias.

É óbvio que o caipira sente-se mais à vontade na casa do amigo pobre, do que sobre as poltronas de veludo do palácio do rico moderno!


PERGUNTA: Mas por que, além dos bugres e escravos, também atuam no astral brasileiro diversas falanges primitivas de negros legítimos de Angola, Bengala, Moçambique, da Costa e do Congo, conforme se verifica nos terreiros de Umbanda?

RAMATÍS: Os milhões de negros arrancados brutalmente da vida primitiva e espontânea das florestas africanas, quando foram trazidos para o cativeiro, também atraíram para o astral brasileiro os parentes, amigos e companheiros da mesma índole e cor, que impelidos pela fúria vingativa tentaram toda sorte de desforras contra os brancos algozes!

No entanto, graças aos próprios negros envelhecidos no eito da escravidão brasileira e submissos aos ensinos do Cristo-Jesus, o louvado Oxalá, eles puderam atenuar a fúria vingativa dos próprios companheiros de raça, revoltados contra os brancos. 

Os pretos velhos, em sua ternura, humildade e renúncia, não só amenizaram a ofensiva destruidora dos companheiros vingativos, como ainda conseguiram aliciar muitas falanges rebeldes para o serviço útil e protetor da Umbanda, conforme se verifica nos bons terreiros. 

O compromisso cármico do povo brasileiro e americano, para com os silvícolas espoliados em seus bens terrenos e os negros caçados como animais nas florestas africanas, não será saldado em troca de concessões fraternas ou facécias de cultura civilizada, mas se trata de um ônus severo, que requer muita renúncia, paciência e boa vontade! 

Os negros africanos foram chamados prematuramente à civilização dos brancos, por isso o problema exige solução amistosa e sensata, no próprio mecanismo das reencarnações.

Os pioneiros americanos roubaram as terras dos peles-vermelhas e mataram-lhes os descendentes, mas a Lei Cármica fez as vítimas encarnarem-se no seio da própria civilização. 

Entretanto, em face do seu primarismo espiritual e temperamento belicoso e indomável, os espíritos dos peles-vermelhas desajustam-se no seio das metrópoles e pretendem viver existência igual à que cultuavam outrora nas planícies sem fim. 

Disso, resulta o aparecimento dos "gangsters", que pesam incomodamente no seio civilizado e ainda se transformam no opróbrio dos seus antigos perseguidores. 

Da mesma forma, o vosso país enfrenta inúmeros problemas decorrentes do primarismo mental e da excêntrica moral de muitos de nossos irmãos silvícolas e remanescentes da África, que, espoliados no passado, hoje vivem ombro a ombro convosco na exótica configuração de civilizado!

Por isso, o futebol, o rádio e a televisão brasileiros têm feito mais benefício pelo negro do que os próprios educadores brancos!


PERGUNTA: 
Mas a Umbanda parece derivar-se cada vez mais para o gênero de consultas, receituários, limpeza fluídica, desobsessão e doutrinações tão familiares nos trabalhos espiritistas, parecendo-nos cada vez mais distanciada do campo
da magia.

RAMATÍS: Um dos principais fundamentos da Umbanda é manter o ambiente eletivo para os pretos e caboclos comunicarem-se à vontade, na sua vivência regionalista, no seu linguajar pitoresco e truncado, plasmando-se através dos cavalos sem quaisquer constrangimentos e na sua forma característica.

Já explicamos que a magia africana enfraquece-se dia a dia, nos terreiros, ante o desaparecimento do babalaô ou pai de santo africano autêntico, o qual sabia potencializar o eterismo físico e químico dos objetos e das coisas, transformando-os em condensadores e acumuladores de forças, enquanto firmava os seus trabalhos de defesa e desmancho no controle das energias da Natureza.
 
Ademais, o tradicional desenvolvimento mediúnico e iniciático que se procedia antigamente nos trabalhos africanistas e hoje só é viável nos "candomblés", revitalizava o duplo-etérico e despertava os chacras principais dos cavalos, proporcionando a incorporação sonambúlica dos pais de terreiro, os quais então podiam corrigir e sanar qualquer dificuldade ou equívoco surgido no ritual e na prática da magia.

Mas os brancos e os próprios crioulos, recém-chegados aos terreiros, que receberam a herança de ritos, apetrechos e processos magistas dos autênticos babalaôs e pais de santo do velho africanismo, agora mostram-se bisonhos e incipientes para dominar e controlar as forças da Natureza. 

Eles então recorrem a artificialidades de amuletos, patuás, emblemas, fetiches, imagens, guias de contas de vidro ou pitos de louça, ponteiros desimantados, pembas de calcário comum e desmineralizadas, plantas e ervas sem potencial magnético, diamba ou fumo lavado, defumadores de serragem vegetal, miçangas carnavalescas, pontos cantados sem força mantrânica e riscados sem a grafia iniciática, além das invocações
irregulares de falanges.

Embora diversos objetos e coisas encontradas no comércio comum
sirvam satisfatoriamente para o culto religioso de Umbanda, são completamente inócuos quando usados no processo de magia.


PERGUNTA: Que significam os "pontos riscados"?

RAMATÍS: 
Os pontos riscados são verdadeiros códigos registrados na "Confraria de Umbanda", sediada no mundo espiritual. Eles identificam poderes, responsabilidades de espíritos, tipos de atividade e os vínculos iniciáticos das falanges.

Quando são traçados com pembas vulgares e sem conhecimento de causa, não projetam sua grafia luminosa no astral e não passam de rabiscos inócuos, alvos do riso e da mordacidade dos espíritos galhofeiros. 

Seria preferível que os cavalos de Umbanda elaborassem um
curso disciplinado para o conhecimento da magia "etéreo-física", investigando a topografia e a função dos pontos autênticos riscados e cantados, para traçá-los certos e antes de tateá-los incoerentemente, na espera do milagre da revelação mediúnica inesperada!


PERGUNTA: 
Há fundamento de que os banhos de ervas funcionam como descargas de fluidos ruins ou podem acelerar o desenvolvimento da mediunidade nos terreiros?

RAMATÍS: As ervas para os banhos de descarga fluídica, curativos ou desenvolvedores, são eficientes quando receitadas de acordo com o tipo planetário da pessoa necessitada e desde que sejam colhidas sob a influência astrológica e lunar favoráveis.

As ervas prenhes de seiva vegetal também estão saturadas de vigoroso potencial magnético, por cujo motivo produzem efeitos miraculosos, eliminando os fluidos perniciosos aderidos ao perispírito e curando as piores enfermidades. 

Existe na seiva vegetal um "quantum" de eletricidade tão comum quanto a que se diz biológica e impregna o corpo humano, a qual provém da própria terra, pois é atraída e concentrada pelo duplo etérico, exsudando-se ou irradiando-se depois pela aura das plantas, dos animais, das aves e criaturas humanas. 

Conforme as influências astrológicas e a ação lunar, essa "eletrização" aumenta, diminui ou fica inativa nos duplos-etéricos das plantas. Em consequência, a colheita deve ser tão hábil e inteligente, que se possa aproveitar o máximo da energia "elétrica-vegetal" contida na espécie desejada.

Assim, quando o enfermo ou necessitado tem a sorte de adquirir ervas supercarregadas de seiva e potencial eletro-magnético, para fazer seus banhos de descarga ou terapêuticos, ele jamais deixa de obter bom proveito.

Mas, se a colheita for efetuada sob o influxo astrológico e lunar negativo, não há dúvida, tais ervas não passam de inócuos "cadáveres vegetais"!


Namastê / Laroyê

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