2.11.25

O ESPIRITISMO E A PSICANÁLISE

Em "A Missão do Espiritismo" através do médium 'Hercílio Maes'; analisemos os falas de Ramatis sobre a Psicanálise.


PERGUNTA: Temos ouvido de alguns médicos que os fenômenos mediúnicos sob a égide do Espiritismo não passam de fatos exclusivos da esfera da “psicanálise” de Freud. Que dizeis?

RAMATÍS: Não há dúvida de que a maioria dos fenômenos mediúnicos se enquadram, em sua aparência, na psicologia individual e profunda do inconsciente, investigado por Sigmund Freud e generalizada sob o termo “Psicanálise”.

Mas é óbvio que as comunicações de espíritos desencarnados, embora guardem certas semelhanças com as manifestações assinaladas por Freud, não pertencem ao médium. 

Este é apenas um transmissor do psiquismo do espírito desencarnado. Em consequência, o espírito comunicante é que deveria ser psicanalisado e não o médium, simples intérprete da vontade alheia.


PERGUNTA: Quais os espíritos desencarnados que seriam passíveis de uma investigação ou pesquisa freudiana?

RAMATÍS: Sem dúvida, os espíritos sofredores, primários, desajustados ou perseguidores, que se comunicam nas sessões espíritas do tratamento espiritual, pois constituem farto material de identificação de recalques e demais tendências mórbidas freudianas.


PERGUNTA: Conforme preceitua a Psicanálise, quando esses complexos, tendências ou recalques mórbidos do inconsciente emergem à luz da consciência em vigília, através do método de Freud, o paciente livra-se da perturbação ou conflito psíquico. Não é assim?

RAMATÍS: Sim; pelo menos é assim que Freud propôs o seu método e lograva suas curas.


PERGUNTA: Desde que os espíritas aplicassem o mesmo método de investigação e terapêutica freudiana nos espíritos sofredores e enfermiços, que se comunicam pelos médiuns, isso não seria mais fácil para curá-los ou livrá-los das perturbações que ocorrem após a morte corporal?

RAMATÍS: O problema do espírito desencarnado é muitíssimo mais complexo e difícil de solução, se o compararmos com o mesmo método psicanalítico aplicado aos encarnados. 

Os homens enfermos da mente e passíveis de êxito na terapêutica freudiana são criaturas desajustadas ou complexadas com o “meio” ou existência em que vivem.

Após a correção mental e identificada a libido, a causa mórbida, a frustração enfermiça da infância ou juventude que os atormenta, os pacientes liberam-se de suas algemas ou estímulos inconscientes e perturbadores.

Depois de extinta no inconsciente a atividade da causa determinante de uma conduta indisciplinada, neurótica ou contraditória, a mente do enfermo passa a funcionar livre de impulsos incontroláveis ou direções indesejáveis. 

Isso melhora o seu contato com o ambiente e harmoniza suas relações com as pessoas do mundo, integrando-o numa existência normal livre de inibições ocultas, tornando mais afetivo e conciliador entre a família, amigos e estranhos.

Mas não adianta aplicar o método de investigação freudiana no espírito desencarnado e enfermo, que se manifesta através do médium, nem perquirir-lhe o inconsciente, exumando as raízes mórbidas de complexos e recalques culposos. 

Em verdade, as causas mórbidas não podem ser removidas do espírito desencarnado, porque elas estão ligadas ao mundo material na forma de crimes, calúnias, traições, rapinagens, perversidades, avarezas, luxúrias ou tirania! 

São dívidas ou “pecados” que praticou contra o próximo, e não produto de choques, conflitos ou desajustes da infância ou juventude, que depois passaram a ferir-lhe a mente desgovernada!

Não se trata de causas desconhecidas na vivência secreta do inconsciente, mas de acontecimentos positivos e degradantes, que foram estigmatizados na consciência sob a forma de remorsos, temores ou desesperos.

Em tal caso, o espírito sofredor não vive através dos médiuns uma condição contraditória e forjada por causas ignoradas no seu consciente; mas ele sofre os efeitos das mazelas praticadas com conhecimento de causa! 

O psicanalista poderia apenas identificar-lhe os quadros mórbidos, mas não poderia devolver o paciente para a vida física onde praticou os seus delitos! 

Ninguém poderá libertá-lo da lembrança dos atos censuráveis e conscientes que praticou no mundo material. Só através de novas existências se apagarão de sua memória esses efeitos daninhos. 

Aliás, também não seria possível livrá-la da região do astral inferior, onde se aloja todo delinquente espiritual, por força do seu magnetismo muito denso.

O espírito enfermo pode amenizar suas angústias e aflições pelo tratamento "evangélico" preceituado pelo Mestre Jesus, o médico das almas, enquanto será inócuo à cura pelo método freudiano.


PERGUNTA: Considerando que os espíritos, tanto encarnados como desencarnados, são entidades imortais que já viveram "outras vidas", isso não justifica o fato de também possuírem recalques, complexos ou tendências enfermiças passíveis do tratamento freudiano?

RAMATÍS: Atualmente os próprios psicanalistas e diversos psicólogos atenuaram bastante a cobertura da terminologia freudiana sobre a humanidade, pois até certo tempo seria muito difícil encontrar alguma criatura na Terra perfeitamente hígida de qualquer anomalia freudiana. 

O arsenal freudiano era imenso e possuía rótulos para todas as atitudes, atividades e composturas humanas. O mundo encheu-se de complexos, desde os mais ridículos até aos mais excêntricos.

Havia complexos de pobreza, de riqueza, de inferioridade, de superioridade, de glória, de derrota, de masculinidade, de feminilidade, de frustração, de castração, de Édipo ou de Eletra, atribuídos a efeitos causados pelos conflitos na infância. 

Muitos acontecimentos, impulsos e certas atividades que há milênios perturbam a humanidade na terminologia simplista dos "pecados" tradicionais e quando o homem luta contra sua própria organização espiritual, serviram de alimento a numerosas obras excêntricas baseadas na sistematização de Freud. 

A nova rotulagem médica matou fragorosamente as velhas "fobias" habituais da circulação humana; "claustrofobia" virou complexo de prisão e o medo da multidão enquadrado na "agorafobia", passou a fomentar o complexo de inferioridade! 

Aliás, seguindo o mesmo critério, nem o próprio Jesus, o mais sábio e equilibrado dos homens, escaparia da mania freudiana. O Divino Mestre seria também um doente recalcado, portador do "complexo messiânico", quiçá, produzido por alguma arrasadora frustração de comando, na infância!

Em consequência, e sob a luz de Freud, qualquer homem há de ter o seu complexozinho para ser exumado lá do inconsciente sob a perícia de sentencioso psicanalista. 

O recalque há de ser, pelo menos, proveniente de algum susto ante o grito intempestivo de um papagaio, da cena em que o progenitor enraivecido atirou um prato na progenitora tagarela, ou, talvez, a frustração na infância por não ter ganho a bicicleta ou a gaitinha, no Natal!


PERGUNTA: Porventura, os médiuns não possuem recalques ou complexos passíveis de um exame psicanalítico? Não é possível que confundam mediunidade com certos recalques ou complexos freudianos?

RAMATÍS:
Afora os exageros e as fantasias dos psicanalistas, Freud, realmente, identificou muitas causas mórbidas radicadas no subconsciente, aplicando uma técnica revolucionária de todos os métodos e estudos psicológicos anteriores. 

Sem dúvida, há médiuns de "mesa" ou de "terreiro", que requerem uma drenagem freudiana a fim de melhorarem o seu contato com o mundo psíquico e distinguirem a sua interferência anímica nas comunicações com os falecidos. 

Tanto na seara espírita, como nos terreiros de Umbanda, ainda pontificam criaturas neuróticas, esquizofrênicas, exaltadas, neurovegetativas e histéricas que em contato empobrecido com o Além-túmulo, ainda confundem seus próprios recalques, impulsos enfermiços, complexos e alucinações à guisa de manifestações de espíritos!

Não há dúvida de que o médium, em geral, veste nossas ideias com algo de sua natureza anímica, podendo deformar parte dos nossos pensamentos pela sua maneira de sentir e pensar! 

Evidentemente, uma boa garimpagem psicanalítica talvez poderia sanear a mente complicada de muitos médiuns, ajustando-os na sua função de intérpretes do Além.


PERGUNTA: Poderíeis dar-nos alguns exemplos mais concretos?

RAMATÍS: Há médiuns anímicos muito indisciplinados em suas emoções além de entontecidos pelo excesso de fantasia motivado pelas imagens que bailam na sua mente descontrolada. 

Quando histéricos, exaltados, neurovegetativos ou esquizofrênicos, transferem facilmente para a atividade mediúnica os fatos ou simpatias que mais os impressionaram na existência. 

Os grandes líderes, profetas, santos, escritores, artistas, governadores, ministros e demais personalidades que se destacam no cenário do mundo material exercem profunda impressão nos médiuns muito anímicos. 

Então eles substituem os seus próprios guias espirituais com os nomes mais em evidência na história religiosa ou literatura profana. 

Através de supostas comunicações mediúnicas do Além, os personagens exaltados nos romances de fundo histórico ou grandes vultos da ciência, ainda continuam a se manifestar com insistência em certos trabalhos espiríticos, copiando as mesmas características que há séculos deveriam ter possuído em vida.

Sob tais condições, então predominam as ideias fixas, os falsos messianismos, auto exaltações, recalques, fobias e sublimações enganosas. 

Embora esses médiuns sejam vítimas de sua própria exaltação psíquica, agindo sem má intenção, tornam-se improdutivos e até semeiam prejuízos por confundirem o sensato com o ridículo e o verdadeiro com o falso! 

Sem dúvida, o método de psicanálise freudiano poderia ajudar esses médiuns quanto à drenagem de suas próprias contradições e complexos levados à conta de mediunidade!


PERGUNTA: Qual é a diferença mais acentuada entre a psicanálise de Freud e o Espiritismo de Kardec?

RAMATÍS: Enquanto a Psicanálise limita-se a perquirir na intimidade humana as "emersões" do subconsciente, recalques, libido ou complexos que presume adquiridos numa só existência terrestre, o Espiritismo estuda a personalidade humana em área bem mais extensa, porque analisa e esclarece acontecimentos mórbidos característicos de outras vidas pregressas. 

Daí, a limitação de Freud, que investigando fatores mórbidos nos homens, apenas do berço ao túmulo de uma só existência, ignorou que a verdadeira individualidade do homem gerada no tempo e no espaço, remonta a alguns milênios. 

Inúmeros fenômenos enfermiços, cuja origem prendia-se a acontecimentos seculares, Freud os classificou na singeleza de uma existência terrena, ou seja, em alguns "minutos" de vida do espírito milenário. 

Acontecimentos mórbidos fixados na contextura imortal do perispírito foram analisados à conta de fatos e conflitos ocorridos na infância do paciente! 

Enquanto Freud procurava examinar a personalidade humana decorrida na precariedade de uma vida carnal, o Espiritismo remonta aos milênios no estudo do espírito imortal!


PERGUNTA: Porventura, a fonte de investigação ou exumação de Freud, não era o subconsciente, e que os espíritas também consideram o repositório de vidas passadas? Em consequência, ao examinar certas origens mórbidas, ele também estaria investigando o passado milenário do espírito. Não é assim?

RAMATÍS: Sem dúvida, o subconsciente é o "porão" dos desejos, impulsos, emoções ou estímulos, que ali são guardados após o "confere" do consciente. 

É uma espécie de "guarda-roupa" da memória instintiva em que o espírito costuma arquivar tudo aquilo que o impressiona e domina. 

A herança dos instintos animais também se fixa nesse "porão" da individualidade humana, agindo na forma de automatismos que podem operar mesmo sem a aprovação da consciência. 

O homem ainda nutre e repara os prejuízos do seu edifício celular sem necessidade de cogitar disso conscientemente, porque o seu subconsciente trata do assunto de modo satisfatório, esclarecido pela experiência milenária.

Mas Sigismundo Freud equivocou-se, quando confundiu as aquisições mentais e emotivas do espírito humano através de várias encarnações na Terra, como acontecimentos oriundos de uma só existência humana. 

Apesar da sua terminologia brilhante, pesquisa sincera e obstinada, inclusive suas concepções da libido como desejo e força oriunda do instinto sexual, ou "instinto vital", segundo Jung, ele apenas investigou um fragmento do espírito imortal. 

Suas teorias impressionantes para os doutos da época, enfraqueceram em sua vitalidade científica porque ele desconhecia a reencarnação do espírito nas vidas sucessivas. 

Ademais, Freud, como diversos outros pesquisadores, ignorava que a maioria dos distúrbios nervosos, mentais ou emotivos radicavam-se fundamentalmente no perispírito preexistente e sobrevivente à morte do corpo físico.

Inúmeras psicoses do sexo, impulsos delinquentes, condutas excêntricas ou extravagantes, nada mais são do que produtos do impacto "pré-reencarnatório" do espírito naufragado no vórtice das paixões e dos instintos inferiores em vidas pregressas. 

Muitos complexos de inferioridade, de Édipo ou de Eletra, assinalados pelos "experts" da psicanálise, são de projeções mórbidas do pretérito, e não reflexos da infância humana! 

Há frustrações seculares vibrando na contextura delicada do perispírito do homem, que jamais poderão ser curadas pela terapêutica de Freud fundamentada em uma só vida carnal! 

São acontecimentos que traumatizaram uma existência inteira no passado, cujos estímulos mórbidos ainda centuplicaram-se na vivência do espírito desencarnado e sob intenso desespero, no Além-túmulo.

Os psicanalistas não poderão libertar seus pacientes de recalques ou, complexos, cuja origem se perde na trama secular ou milenária das, encarnações pregressas! 

São distúrbios gerados pelo ódio, egoísmo, orgulho, pela ambição, crueldade, vingança ou cobiça! 

Em tais casos, os postulados brilhantes e sugestivos de Freud são inócuos para a solução de problemas espirituais, sensíveis unicamente à medicação do Evangelho do Cristo! 

Jamais, os sentimentos e atos-pecaminosos produzidos pelo espírito em suas vidas sucessivas, podem lograr solução satisfatória na pesquisa de acontecimentos ocorridos na infância do homem, situados no prazo de uma só existência carnal.


PERGUNTA: Gostaríamos de entender melhor esse assunto!

RAMATÍS: O Espírito reencarnado sofre o assédio incessante dos estímulos enfermiços das existências anteriores. 

Há criminosos que ainda guardam no recôndito da memória perispiritual a cena do crime infamante; caluniadores de ontem vivem assustados temendo a descoberta de suas violências passadas; tiranos trafegam desesperados pelas ruas das cidades, fugindo inconscientemente dos gritos de suas vítimas seculares. 

Há espíritos que lutam apavorados contra os estímulos suicidas de vidas pregressas; mulheres tentam a santidade ainda sentindo nos lábios o gosto amargo do lodo da prostituição; homens de talento vagueiam a esmo acicatados pelas imagens torpes da literatura fescenina e libidinosa que infiltraram outrora na mente da juventude; criaturas aparentemente sadias, empalidecem e tremem no cenário da igreja que conspurcaram no passado ou desmaiam ante os cepos sangrentos dos açougues, revivendo na memória perispiritual a sua vivência de "carrasco" no passado!

Jamais Freud e seus seguidores poderiam identificar a libido desses seres, recorrendo sumariamente aos acontecimentos da infância e dos conflitos emotivos dos seus progenitores. 

Terão de penetrar no passado reencarnatório da alma eterna! Então, poderão reajustar suas classificações mórbidas e ampliar seu repertório freudiano, anotando, indiscutivelmente, os "complexos" pré reencarnatórios, tais como complexos de suicídio, calúnia, ódio, tirania, crueldade, perversidade, luxúria ou de rapina.

Por isso, a terapêutica espírita é muitíssimo superior à análise freudiana, porque além de remontar às causas' "pré-encarnatórias", ainda oferece o medicamento eficiente do Evangelho para a higienização do espírito eterno. 

A psicanálise convence o paciente de que determinadas perturbações são provenientes de conflitos e acontecimentos vividos na infância. 

O Espiritismo, no entanto, aponta a delinquência do espírito, no passado, mas lhe oferece a oportunidade de reajuste pela submissão ao processo cármico das vidas sucessivas! 

O espírito é classificado como devedor, mas também recebe o endosso espiritual para liquidar seu débito conforme sua capacidade e entendimento!


PERGUNTA: Sob vossa opinião, o método desenvolvido por Freud na pesquisa da mente humana trouxe algum benefício à humanidade?

RAMATÍS: Incontestavelmente! Sigismundo Freud aproximou-se da verdadeira luta espiritual do ser na escalonada e classificou inúmeros problemas do espírito ainda preso nos liames da vida inferior! 

No entanto, não alcançou a solução, porque como já dissemos, atribuiu, restringiu a uma só vida, recalques ou taras que vinham se complicando há séculos. 

Suas palavras eruditas e alentadas exposições como legista das enfermidades mentais, foram motivo de satisfação para muitos curiosos e exigentes escravos da terminologia acadêmica. 

No entanto, não puderam oferecer o remédio positivo, que é fruto do amor e do entendimento espiritual!

No entanto, hoje não se ignora que a mente humana pode ser clinicada e cuidada tanto quanto o corpo físico! Embora vos pareça fantasia, a cirurgia do corpo evolui para a cirurgia do espírito; no futuro, caberá ao médico operar determinada afecção mental, como se faz hoje na rudeza de eliminar um quisto ou apêndice! 

As excrescências e deformações que se produzem em torno da alma, têm suas raízes mórbidas fixadas no passado, assim como o câncer emite suas ramificações nas entranhas do organismo carnal!

Em consequência, mal grado a frieza e a indiferença espiritual da teoria de Freud, não podemos olvidar que ele deu início ao verdadeiro processo de investigação e cirurgia da mente enfermiça, assinalando aos cientistas modernos o processo e o fundamento de inúmeras anomalias radicadas exclusivamente na atividade mental do ser! 

Ele fez-nos sentir o poder fabuloso da mente e a veracidade de que o espírito pode enfermar o corpo!

Namastê / Laroyê

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